Sou natural da Itabira que pronunciava, há décadas, uníssona, o verbo e a preposição “precisamos de...” Ao chegar de minha humilde e vizinha cidade, São Sebastião do Rio Preto, adaptei-me rapidamente a essa construção linguística de sonhos e ansiedade. Eram reclamos que soavam no ar, mas havia planos escondidos por trás de seu sentido para serem transformados em realidade concreta.
O ato de necessitar virou quase um hino, faltando a música: “Precisamos de água nas torneiras com abundância... de redes de esgoto e pluviais... de energia elétrica nos bairros periféricos... de escolas técnicas... faculdades... de emissora de rádio... de superintendência do ensino... de agência do INPS... de asfaltamento para os distritos e cidades vizinhas... de ruas calçadas ou asfaltadas... de emprego para os nossos jovens... de ... de... tudo, tudo, tudo”. Até então entoavam o coro somente os itabiranos mas, em 1966, juntei-me a milhares no meio da turma e começamos, também, a ecoar a voz do choro esperançoso.
São decorridos mais de 50 anos e a lista do “precisamos de ...” mudou totalmente de face, embora continuasse e continue sendo cantada e decantada pelos ambiciosos. E não pode parar. Ainda há carências, mas está provado que conquistas ocorreram uma após outra. São mais que tudo, incentivos também. Vejamos a educação hoje e agora.
Eu disse Educação e repito com um E maiúsculo. Ela era capenga, diminuta, encolhida, obrigando pais a levar os filhos para a capital no fim de um segundo grau estancado no tempo e no espaço. Com muita dificuldade, esforço, dedicação surgiu a Faculdade de Ciências Humanas (Fachi), extensão da Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais (PUC/MG), instalada em 1968. Veio acobertada pela Fundação Itabirana Difusora do Ensino (Fide), uma pré-adolescente de oito anos que se tornou agora sexagenária e que beleza se tornou, para formar professores competentes. No tempo e nas lutas travadas, graças também à evolução brasileira, as faculdades brotaram flores e sabedoria nos cantos da cidade. A notícia fantástica de 1993 aportou-se com a instalação da Fundação Comunitária de Ensino Superior de Itabira (Funcesi), que reinaugurou uma espécie de revolução na educação itabirana.
Educação embalada, saúde se expandindo com hospitais ampliados e inúmeras clínicas se aportando, havia no meio de tudo um comércio ativo, do centro da cidade aos bairros, que transformava o espaço central numa verdadeira Constantinopla ainda não tomada pelos turcos otomanos. Surge o que muitos pensavam ser solução moderna: um shopping center espaçoso, na intercessão colocada entre a avenida Daniel Jardim de Grisolia e as ruas Dr. Sizenando de Barros e Guarda-Mor Custódio. Até aí parecia ter sido uma ameaça do fim, e até se falava do final dos tempos. Os turcos, no entanto, tomaram a área e resolveram mudar, mas deu zebra a ideia do shopping, por motivos inexplicáveis, tornando-se o gigante o mais famoso “elefante branco” da terra de Drummond. O nome não seria Istambul, sucessora na história de Constantinopla em que nos inspiramos, como do novo espaço de negócios de especiarias. Mais de 20 anos decorridos para surgirem visionários que arrancaram o marasmo do espaço, abrindo-o com nova visão para horizontes amplos. Era, sim,a Faculdade UNA que se mostrou como força máxima dos novos tempos.Torna-se ela uma atual revolução do ensino superior. E comprova, na prática, o que anunciou anos antes o reitor da Universidade Federal de Itajubá (Unifei), quando aqui chegou:o milagre da educação e o seu processo transformativo. Ou seja, somam-se forças e nunca se diluem as concorrências por alunos ou mestres. É tudo o progresso.
Aí está, então, o anúncio feito solenemente no ano passado, no palco do Centro Cultural da cidade, de que falamos na época, transformado em realidade: os 8 mil m² viraram 42 salas de aula para até 2.500 discentes e 100 docentes. Tudo pronto. O que falta? Uma faxina na área e a atividade já iniciada de perfumar o local. A obra, construída inicialmente pela Itacon Engenharia, está totalmente remodelada pela nova dona do espaço, no eixo para produzir educação com 27 cursos nesta 17ª unidade da instituição no Brasil. O povo bate palmas — vi e ouvi muitas e efusivas. A Ânima Educação, responsável pela faculdade que já está funcionando faz tempo, ao lado, cumpre pontualmente as propostas apresentadas publicamente por Átila Simões, seu vice-presidente, Cleiton Miranda e Débora Guerra, ambos da linha de frente da UNA.
Sem ser o tópico um comercial, mas ajudado por pessoas bem-informadas, acrescento que devemos uma saudação aos construtores da grande reforma de transformação do “elefante branco” em uma família de insetos himenópteros, que formam a chamada formiga trabalhadora. Essa a verdadeira mudança, aproveitando tantas lendas e estórias que fazem sobre o elefante e a formiga. Fica aqui registrado o trabalho da empresa na reconstrução do prédio, pelo esquema de segurança montado, a capacidade de fazer do centro nervoso de Itabira um espaço que não perturbou a população já muito exigente itabirana. Devemos tudo à Lego Engenharia, dos itabiranos Lucas Linhares e Emerson Linhares. E também da Grimpa Engenharia, da itabirana Sandra Lage. Gente de casa melhorando a casa da gente.
Então, não há palavras mais a dizer, mesmo que possam resumir-se em abrir os braços: seja bem-vinda, UNA! Você se torna um novo palco de apreciação e vivência do itabirano, que já vê, além da nova beleza do centro de Itabira, as toneladas de conhecimentos que vão cair como bênçãos para todos, também moradores da região.
Não sou autoridade. Um dia já fui e ganhei também cidadania da terra drummondiana. Declaro-me apenas um cidadão entusiasmado com o futuro e com quem faz esse futuro tornar-se cada vez mais próspero para todos. De novo uma saudação: UNA, cumprimento-a também porque chega em boa hora! Depois explico a hora, mas você já sabe de tudo.
José Sana
Em 07/08/2019
Fotos Una/NS
1. Prédio reformado
2 - Antigo prédio ("Elefante Branco")
3 - Prédio reformado
4 - Diretor Cleiton Miranda (na data de lançamento)
5 - Professora Débora Guerra (na data de lançamento)
6 - Turma em comemoração (na data de lançamento)