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Ele  ri à toa; está com o humor bem melhor do que no tempo das incertezas; não xinga nem andorinha se essa faz sujeita em sua cabeça, aceita que lhe chamem de sofista

Alguém pode retrucar-me: “Ele nem cumprimenta mais você, como o qualifica  o filho de Deus mais feliz do mundo?” Tenho resposta para essa e outras questões.

E vem outro com mais argumento: “Ele está preocupado com o que se comprometeu em fazer e não fez…” Esclareço que vive no mundo da lua, jamais coçou a cabeça, a não ser que tenha algum piolho perturbando sua queda de cabelo. E se pega alguma lêndea chama-a de “querida”, beija-a e agradece.

Outro motivo de felicidade é que o atual dono de Itabira está completamente livre para governar. Não terá mais críticas do Poder Legislativo, não terá votos contrários, está livre para decolar e aterrissar. O cenário atende plenamente seus sonhos, pois ele detesta ser chamado de qualquer defeito que tenha, sequer meio careca, sequer meio cambota, sequer meio manco de uma perna.

Nisso ele puxou como um xerox o pai, que foi um bom fazendeiro, mas cheio de manias. O senso de nazista vem de uma relação parental tóxica.

Diria que o nosso herói está em lua de mel com a vida. Não se lhe importa que Itabira vai padecer na seca; que o orçamento da prefeitura vai minar como goteira de telhas enxutas; que vai faltar dinheiro para milhares de funcionários; que o povo pode bater cuias e panelas na Avenida Carlos de Paula Andrade; que lhe apareça alguém chorando o leite derramado; que outro se queixa que o pai comeu da empada que matou o guarda; que a Rússia transformou a Ucrânia em puro pó e jogou o lixo no Atlântico cá em nós; que os bancos encerraram as contas da municipalidade por falta de fundos; que nem uma indústria quer instalar-se em Itabira.

Ele continua feliz com 76% de votos na cacunda e não vê esse derramamento de prestígio como responsabilidade futura. Vai, sim, continuar fazendo festinhas, festas e festanças; não pretende construir uma nova Estação Rodoviária; nem socorrer a Unifei; verá a Vale arrancando os trilhos da estrada de ferro (pra que isso se os trens não rodam mais?).

Construir, como na França, um segundo parque científico e tecnológico, nem pensar, pra quê? Aeroporto Industrial, que droga é essa?

O povo adora é pracinhas, pintura de meios-fios, flores nos jardins, enfeites para todos os lados. Habitação, tratamento de lixo, repetindo a água — nada disso terá serventia porque o povo que tiver dinheiro para comprar um barraco em Confins do Judas vai mudar-se para lá. E vai sobrar água, como também lugar para lixo e teremos casas e apartamentos vazios.

Os teimosos vão para casa esperar a vida passar, deitar-se no sofá, ver a Netflix e para começar, logo, logo, sugiro que vejam o filme “O amanhã começa ontem”. E vamos curtir a mais plangente vadiagem.

Quase me esqueço de dizer o nome do meu personagem destas linhas. Anotem aí e cobrem de mim: meu ex-amigo M.A. L. Desejo a ele bem mais felicidade do que merece pela sua tradição romana, muito influente e amante incondicional da ditadura.

 

José Sana

Em 15/11/2024

Imagem: redes sociais

PS 1 : Para registrar que se errar as previsões e Itabira for transformada num verdadeiro paraíso, com emprego para todos e dinheiro “correndo” como neste momento atual, haverá mais um homem feliz. Como canta Roberto Carlos, “esse cara serei eu”.

OS 2: A composição da Câmara altera pouco o governo MAL porque o mandante nunca ouviu ninguém, sempre fez o que quis, não há uma só ideia que ele tenha coletado de vereadores ou de quem quer que seja. É o super cônsul do triunvirato romano.

NS
José Sana, jornalista, historiador, graduado em Letras, nasceu em São Sebastião do Rio Preto, reside em Itabira desde 1966.

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