Quem manda no mundo é o Dinheiro. Melhor tratá-lo com inicial maiúscula para que mexa com a estrutura do ser humano. Em seguida, o Poder. O primeiro gera o segundo e vice-versa.
Há 50 anos havia um relacionamento muito tímido entre ambos e o esporte, vamos citar o Futebol. Nas últimas gerações havia uma troca de níquel no mundo da bola. De um tempo para cá esse relacionamento escancarou-se e só não é tratado como escândalo porque o mundo todo passou a adotar a religião do tal numerário, valor que, em suma, assombra quem se estanca para pensar.
Nelson Rodrigues até apareceu com essa sua metáfora um tanto quanto tratada também de hipérbole: “O dinheiro compra tudo, até o amor verdadeiro.” E costuma comprar mesmo. Melhor que outra: “O amor é eterno, se acaba não era amor.”
O salário mínimo brasileiro é de R$ 1.518,00, hoje. Dá para comprar uma merreca de feijão com arroz. E uma verdura para despistar. Surge a pergunta que não cabe no assunto Futebol: quanto ganha um atleta de alto nível? A resposta todo mundo sabe e maltrata os bolsos do pobre-coitado: trê milhões por mês é comum ser comentado na imprensa sobre o que entra nas contas de um craque não tanto gabaritado. Mais ou menos, diria.
No entanto, o verdadeiro escândalo do futebol precisa ser denunciado, mesmo que já esteja escancarado aos nossos olhos, entrando por nossas salas de televisão. No idioma inglês, origem do esporte, destacamos: currency, funds, capital, wealth, e resources. Para resumir-se em libra esterlina, dólar ou euro, seja o que for, menos os pesos trambicados da América Latina, que são restos de centavos. Tudo referente ao nome original: football. E pode proclamar como mais ou menos o Real.

JOGO DE BICHO
No Brasil é assim: tem jogo proibido, vamos citar o “jogo de bicho”. Não é permitido no papel, mas é aplaudido na prática. Quem o inventou foi João Batista Viana Drummond, o Barão de Drummond, no Rio de Janeiro. em 1892. Teria o inventor nascido em Nova Era, quando essa cidade pertencia a Itabira? É algo a pensar, já abordei o tema. Carlos Drummond de Andrade escreveu sobre o assunto e chegou a defender, na década de 1970, a sua legalização.
Agora quem está abrindo o jogo sou eu: para promover o Deus Dinheiro, enfiaram apostas no seio da sociedade, tornando-as parte do futebol. Você liga a TV, não quer mais saber de craques, bons jogadores, quem defende bem, quem é artilheiro. O que nos interessa são os números de quem vai ganhar, ou perder, ou se alguém vai tomar cartão. E acaba o Futebol, vira futebol ou “ranca unha”.
O já famoso VAR, que veio com estampa moralista para corrigir erros de arbitragem, dá mais espaço aos árbitros para fazerem o desejado e, então, o Deus Dinheiro parte para a legalização da ilegalidade. Antes das apostas só havia os bolões de botecos, entre amigos. Agora, oficializaram a Corrupção com C bem grande. Se não sabem ainda, corrijam: vem aí outro deus, no meio de tudo, o Deus Corrupção que anuncia claramente o fim do futebol.
E não há revolução alguma, Maria Antonieta é chutada para escanteio, vai comer a grama plantada para salvar o ser sem salvação.
José Sana
Em 16/12/2025
Imagens: N.S.












