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Foi num dia qualquer de 2020, nas vésperas da escolha de candidatos para as eleições municipais do mesmo ano. Um trecho de conversa ao telefone assim se travou:

— Alô… Tudo bem aí?

— Tudo muito bem aqui, sim, por que não?

— Alguma novidade?

— Grande novidade.

— Qual é a notícia exuberante?

— Assente-se, acomode-se, escute de ouvidos afiados: Bernardo Mucida desistiu, não é mais candidato a prefeito de Itabira.

— E daí? O que vai acontecer?

— Estou saindo da Cemig e vou me lançar dono da vaga no seu lugar.

— Precisamos conversar. Política não é brincadeira…

— Sim. Por isso estou te ligando, já vou para onde você está   e adianto que você é fundamental para a nossa vitória. Serei candidato em potencial e para ganhar.

O leitor ou internauta já deve saber quais as figuras politiqueiras que estavam nas pontas das linhas. De cá, uma mulher influente, que era recém-conquistada pelo de lá, o conquistador que voou no seu Fiat para a Fazenda Boi Sabido ou Bezerro Comido. O nome de ambos vai sendo descoberto pelo leitor, que gosta muito mais de palavras cruzadas ou charadas que até mesmo fofocas politiqueiras

MARCO CANDIDATO

“Meu marido tem um papo irresistível”.  Com tal frase, a figura feminina lança o governo interminável do parceiro bom de conversa, que condena Itabira infinitamente ao fogo do inferno. Convence-me, um dos culpados, ele sabe, tão besta, diria, que até discursos cheios de mentiras deslavadas foram impressas para os dois eternos dominadores da pobre-rica Itabira.

Daí para a frente, entraram cerca de 60 propostas, confirmadas em praça pública, reuniões e outros encontros, todos os sonhos que estavam em andamento, sendo o pano de fundo a transformação de Itabira em uma Cidade Universitária. Acima de tudo, a expressão repetida não menos de cem vezes, que comoveu itabiranos ressoava nos alto-falantes “Meu partido é Itabira e nem outro mais!” — essa podia ser registrada em cartório como uma das mentiras do ano.

OUTRO  MARCO

Faltava buscar um companheiro para ser proponente a vice-prefeito e as conversas levaram a um nome sem a mínima rejeição popular na época. Aconteceu numa reunião em espaço cedido por um amigo de Bernardo Mucida, Samir George, no Bairro Amazonas.

As pessoas chegavam, acotovelavam-se, cadeiras eram arrastadas, mesas puxadas para caber todo mundo, o ambiente da candidatura agitava Itabira. Brander do Carmo Gomes e eu enfiamos nossas caras nesse cafundó do judas. Tentava convencê-lo, mas ele resistia a cada argumento. Osso duro de doer. Brander teve e até hoje tem que correr porque Marcolage prometeu construir uma padaria comunitária no bairro Pedreira. Mais mil promessas do imperador ipoemense.

Fomos chamados à mesa (não havia mesa, só um lugar de destaque) para falar. Firmei, pela décima vez, meu compromisso, já tinha dado a mão a Joaquim Silvério dos Reis nessa inconfidência desnorteada, ou melhor Marco Antônio Lage era o contrário de Tiradentes, ou seja, com a corda para nos enforcar.

Ali estava pronta a chapa executiva: Marco prefeito e Marco vice-prefeito. Sussurou-me ao ouvido. e bem alto. a soprada de  Márcio Passos: “Se um Marco é bom, imagine dois Marcos…” O que se consagrava na chapa tinha o timbre de direita, o pastor evangélico Marco Antônio Gomes, até então muito querido.

A ELEIÇÃO E A TRAIÇÃO

Votei pensando que estava carregando a tal Covid-19 no pulmão. Não me importava porque seria válido dar a vida por Itabira. Tinha feito coleta para exames, mas o resultado estava entravado. Arrisquei-me, como fiz em comícios e caminhadas. O resultado deu negativo. Ainda bem.

Eleito Marcolage, faltava a escolha de ocupantes dos primeiros escalões. Ducha fria: o prefeito trouxe um bando de forasteiros como se Itabira fosse o paraíso dos analfabetos Nas escolhas, à medida em que citavam nomes e declamavam seus currículos nas redes sociais, palmas ressoavam e atravessavam até a cava do Cauê.  Meu telefone tocou. Era a voz da tal companheira do sonhador, até então eminência parda: “Você vai presenciar a maior administração de Itabira em todos os tempos”, berrou, como um trombone de vara. E desligou.

Os equívocos de Jackson Tavares (1997-2000), que buscou uma turma em Ipatinga uma turba barulhenta, repetiam-se na nova administração, agora vinda de Betim, e eles não percebiam, embaraçados numa convicção de currículos universitários, até PHD era comemorado.

CARROÇA DOS PNEUS FURADOS

Eles não sabiam e nem procuravam saber que no início da nova administração já tinham descoberto e comentavam nos botecos e esquinas que havia uma princesa mandona e que sua carruagem tinha os cavalos trôpegos e os pneus furados. Marcolage bagunçou seu governo na base do troca-troca.  Fez mudanças de gente e cargos nos dois primeiros escalões mais que os times de futebol mexem em jogos amistosos. A oposição deitava e rolava, tinha muita bala na agulha, mas a precipitação e incapacidade do sofista de Ipoema ouviu a mulher que entrevistou milhares de ajudantes do terceiro escalão, mostrando a sua capacidade de perseguição e brutalidade mais machista que feminista, como declara. Que autoridade tinha ela para governar?

Os novos marqueteiros chegaram animados, viram os bilhões borbulharem nas contas municipais (5 bilhões em menos de cinco anos e logo deram a dica: é só gastar esse dinheiro com coisas legais a favor do ambicioso. A legalidade tinha a cara de reforminhas, festanças de deixar o povo dopado e retoques em pracinhas. Uma delas, a redonda, arredondou a ignorância centenária itabirana. Somente eu sou um dos poucos que podem dizer isto: itabirano idiota.

A CEGUEIRA OU A BURRICE

O estouro da boiada veio com o chute no balde. O senhor imperador sofista, sem experiência de gestor de qualquer coisa, só de viajar, oficializou a sua preferência. O projeto universitário atirado com violência no lixo oficialmente. Disse ele que Brasília inteira, inclusive o vice-presidente da República aprovada o encaixotamento da Unifei. Uma vergonha buscar em Geraldo Alckmin o que deveria ser dito pelo eleitor local.

Contrariou  especialistas para  estudos dessa aptidão para o futuro, como: Radamés Teixeira (governo Wilson Soares), Paulo Haddad (Olímpio Guerra), Wolfgang Sauer (Jackson Tavaves), Frederico Penido de Alvarenga (Olímpio Guerra), Grupo de Chineses (Ronaldo Magalhães), Eduardo Nery (Ronaldo Magalhães/Cácio Guerra),  Renato Aquino de Faria Nunes (João Izael) e o vice-presidente José Alencar Gomes da Silva. Balde chutado quando entra o grande destruidor do futuro, senhor oportunista Marcolage.

Antes do aventureiro irresponsável, a Cidade Universitária já era a opção escolhida, a vocação itabirana. Mas os investimentos foram desvirtuados, iniciou-se a governança do nada, tudo se resumia em subir no monte de cupim e falar como sofistas na pólis grega.

CONCLUSÃO QUE ENTRA PARA HISTÓRIA

Nada para o futuro, senão algumas ações do “faz de conta”, feitas à parte para embromar os seres de boa intenção, além dos puxa-sacos de plantão que mamam até no leite derramado.

Para gravar-se mais, a situação, vem um desvio como tsunami, provocando atitudes bizarras e vergonhosas como a figura, que se torna fantasmagórica, dirigir  máquinas para posar em fotos e vídeos e fazer gracinha para o pobre enganado, demagogia sem qualificação.

Para mostrar que nada fez pelo objetivo, abusa da COP 30, que só poderia deixar isto escancaradamente escandaloso: Itabira voou 30 anos para trás em apenas cinco anos de desgoverno. Ou mais, como dia o meu amigo Joaquim Pé de Pato, o profeta de última hora.

José Sana

24/11/2025

Fotos: redes sociais encomendadas

NS
José Sana, jornalista, historiador, graduado em Letras, nasceu em São Sebastião do Rio Preto, reside em Itabira desde 1966.

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