Fui convidada a escrever sobre empreender, palavra que no dicionário significa conseguir ou tentar fazer algo muito difícil, fazer um trabalho excessivamente perigoso.
Bom, o dicionário tem razão. Espero conseguir exprimir de maneira mais pessoal sobre o que foi resumido na frase anterior.
Acho que entendi de fato o que é empreendedorismo na Feira do Empreendedor em São Paulo, realizada no ano de 2017. Lá entendi a lógica extremamente simples da execução desta palavra. Apesar de estar diante de várias tecnologias, inovações e ver palestras que abordavam a era pós-digital, percebi que, no fim tudo, resumia-se na busca por soluções de problemas simples ou complexos.
Naquela feira, lembrei-me de quando morava na roça e queria muito comprar “maria mole” (a novidade no Bar do Tatu, que era como nuvem doce na palma da mão e que derretia na boca). Decidi fazer buquê de flores para vender e arrecadar dinheiro para saciar o meu desejo pelo doce.
Chamei a minha amiga Juliana para ser minha sócia com a seguinte proposta: nosso investimento seria apenas a mão de obra, as flores pegávamos do mato ou dos jardins vizinhos, o laço fazia com retalhos e o lucro era dividido em partes iguais. Eu comprava “maria mole” e ela esmaltes novos.
Com tal pequeno empreendimento, vivemos dilemas como ter que inovar no produto que não era mais novidade, as dificuldades no relacionamento entre sócias, não conseguir entregar o que prometíamos, enfim, foi por um curto período, mas deu para aprender a resolver problemas e lucrar o suficiente para os doces e os esmaltes.
Estamos em um país em que a maior parte das pessoas que decidem empreender o fazem por necessidade, ou seja, pessoas que ficaram desempregadas ou nem chegaram a conseguir um emprego, uma mãe que não tem com quem deixar a criança e quer trabalhar, são inúmeros os motivos. Nossa história mostra como o Brasil foi moldado desde o início pela exploração em prol de interesses de individualistas (de países ou pessoas), mas a mesma história permitiu que tivéssemos o nosso maior bem, na minha visão, a diversidade de pessoas.
São essas pessoas que muitas vezes empreendem para colocar o pão na mesa, criam soluções para suprir necessidades básicas a que elas ainda não tiveram acesso, investem o pouco dinheiro que têm em uma ideia, na esperança de mudar de vida. Algumas dessas pessoas perdem tudo nos seus empreendimentos, outras conseguem manter a família, poucas conseguem lucrar e escalar o negócio. Essa dificuldade de criar negócios lucrativos, escaláveis e duráveis, na minha percepção, está ligada à falta de acesso ao conhecimento.
Poucos pequenos empreendedores sabem dos caminhos para estruturar suas empresas, nosso sistema de educação não tem um foco em formar lideranças, o contexto em que esses empreendedores cresceram não dá um conhecimento empírico que os ajude a construir um império com pouco ou nenhum capital. É um ciclo vicioso que prende a maioria da população em um contexto que incentiva o consumo mas a educação, que fique para a próxima geração.
Amo empreender e este é um caminho sem volta para mim, não me arrependo, mas também não romantizo o empreendedorismo. Apesar de ainda estar muito longe da empreendedora em que quero me tornar, espero, na minha caminhada, conseguir ajudar pessoas com seus empreendimentos e, quem sabe, quebrar esse ciclo, desenvolver essa Gente que tem tanta garra e facilidade para resolver problemas.
O Brasil tem a diversidade criativa, abriga pessoas com garra e que não sentem medo de trabalho, então, com mais ênfase de desenvolvimento e educação, poderemos recriar um novo Brasil, com que sempre sonhamos.
Gostei muito da visão de empreendimento que vc tem. Parabéns
Muito obrigado
show!!!
Muito grato pela participação