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Ano de 1910. Ocorre uma notável descoberta de  riquezas minerais ferríferos em Itabira. O fato é anunciado em Congresso sobre o tema, realizado em  Estocolmo, Suécia. O cartão de visitas já estava nos bolsos do paletó surrado de Percival Farquhar, empresário e político estadunidense, que acabou entrando para a história  do Pico do Cauê. A revelação sueca dava a entender que havia uma mina de alto teor de ferro em Itabira do Mato Dentro.

Segundo informações históricas inseridas em incursões do mega empresário, enquanto  os compradores de terras contavam  suas fortunas, por estas bandas tudo estava  à  venda a preço de banana, menos o boteco de Tutu Caramujo. De Percival, morto em 1953, escaparam muitos valores, inclusive o próprio Cauê. Getúlio aí fez a sua limpeza e nacionalizou as nossas riquezas. Ou seja, nos salvou a tempo.

Naquela altura, a terra drummondiana entrava no seu primeiro rumo, ou na Segunda direção , encontrada a esperança da Terceira Itabira (Maria das Graças de Souza e Silva, Baginha, 2004). Leiam esse livro e me cobrem.

Quando entra o tempo da expansão de dois grandes projetos, Cauê e Conceição, já ocorrera  outro episódio, desta vez terrível,  da manobra getulista, que levou a Companhia Siderúrgica Nacional (CSN) para Volta Redonda. O caudilho sem critério de governança chutou o balde naquela hora.

Esmaeceram-se os sonhos prometidos para ocorrer aqui nas montanhas ricas e usurpadas. Essa e outras reclamações estão na Bolsa de Valores de Nova York, esperando um prefeito idealista e corajoso ir buscar. Trabalho do entusiasmado Olímpio Pires Guerra, Li.

 

RUMOS ITABIRANOS

Podemos chamar de pequenas vertentes várias tentativas após o drama da perda da CSN, ocorrência de meia-boca, mas que muitos governantes ainda não toparam executar. Mas pode-se dizer que tentativas ocorreram em busca do futuro: Virgílio Gazire, Jairo Magalhães, José Maurício Silva, Jackson Tavares, Ronaldo Magalhães, João Izael — cada um deu um passo no rumo Norte, ou seja para a diversificação econômica itabirana. Por exemplo, Virgílio trouxe a Fermag, que funciona no Bairro Praia e a Metalita, vindas de outras plagas; Jackson teve contatos com várias montadoras de veículos e trouxe um emérito consultor internacional; Ronaldo esteve na China, recebeu a visita de industriais chineses; João Izael arrancou a Unifei do nada, trabalhou na concretização do Aeroporto Industrial, Parque Científico e Tecnológico e conversações sobre o Porto Seco.  O próprio João assinou em Zaragoza um Memorando de Intenção com a espanhola Teltronic.

O vereador Neidson de Freitas, como presidente da Câmara em duas legislaturas, sendo uma de dois anos e a outra de um (2007 a 2009 e  2017 a 18) apoiou e discutiu as vertentes abertas  para Itabira pós-mineração. Destaca-se também Bernardo Mucida como vereador e deputado nos mesmos rumos.

O ex-deputado federal José Santana de Vasconcelos esteve no meio de campo de todos os projetos itabiranos, ele garantiu a continuidade até a última hora de sua assistência a Itabira.

 

ITABIRA FORA  DOS TRILHOS

 

“A vida é curta”; “O cavalo está selado”; “Let’s run because the end is coming” (Vamos correr porque o fim vem aí). Pegue uma dessas frases e navegue pelo caminho da  imaginação. Itabira encontra-se agora descarrilada.  Os trilhos fora dos encaixes. Antes, estava pelo menos tentando e até enxergando o local da arrancada, mas foi desviada irresponsavelmente.

O povo não quer isso, mas os fantoches ficam enganando.  No lugar de futuro garantido para as novas gerações entraram pintura de meios-fios, reforminhas de escolas e Cras, asfaltamento de asfaltos (novidade) e construção obstinada de pracinhas, além de obras inacabadas, uma sinfonia desafinada com o termo gestão. A invenção agora é a cantarola.

Quatro anos perdidos saindo pela tangente. Obrinhas até desnecessárias, fora do termo indiscutível das “prioridades”.  Ações ditadas por marqueteiros aventureiros, cujos narizes são o limite de suas inteligências.

Pelo que se vê, qualquer pé-rapado entende o cálculo do tempo perdido. Daqui a menos de dez anos, uma cidade fantasma. Por quê? A resposta clara: distorcemos os rumos, saímos dos trilhos, estamos perdidos e quatro bilhões fazendo a festa de despedida da Vale. Parece coincidência: R$ 4 anos torrados em quatro anos.

Alguém me liga exatamente agora e dá resposta à minha ansiosa pergunta: “O que será de nós?” E ele, que não teme mais nada solta uma bomba em minha cara: “O itabirano, que derramava água no meio-fio, agora tem pracinhas para chorar”. Deus, tenha piedade de nós!

25/06/2024

Foto: Redes Sociais

P.S.: “Matar ou morrer” é um filme de 1952, estrelado por Gary Cooper e Grace Kelly. Como na situação do artista principal, agora o itabirano terá que sair da zona de conforto, ou ralar na irresponsabilidade de um louco de pedra por tempo indefinido.

NS
José Sana, jornalista, historiador, graduado em Letras, nasceu em São Sebastião do Rio Preto, reside em Itabira desde 1966.

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