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Ser Vereador

Tal nome de tal livro nasceu para criar uma atividade positiva na vida do vereador. Então, que lancei três livros sobre o assunto e criei  um projeto anterior ao tal “Orçamento” Participativo (que já caiu do galho) e o  “Plano Funil” que foi sucesso e estreitou as relações do povo com o poder público. Quem é político em Itabira e nunca viu ou ouviu falar dos livros “Ser Vereador” (1999) e “Caminhos para a Vitória” (1ª e 2ª edição/ 2000 e 2011)”. Todas as letras pelo vereador, para o vereador que ninguém defende.

Livro Ser Vereador: lançado em 1999 e que mudou algumas rotas

Porque o vereador é o que se expõe, aquele que está na Câmara no horário em que todos sabem e não tem como fugir da situação em que é exposto, cara a cara, com o eleitor. E mais, tem poderes limitados e que dependem quase sempre de sua criatividade, de inspiração, de amor  aos representados e difícil boa vontade do executor. É complicado ser vereador de qualquer maneira, na felicidade e na dor.

Quanto recebe?

O vereador de Itabira recebe sete mil e poucos reais mensalmente, líquido e limpo, tive acesso a um contracheque. Tem despesas às vezes imensuráveis, pode ser até um “João-Não”, que  nega tudo aos pobres, miseráveis. Esses  são obrigados a pedir porque sempre faltam remédios nas farmácias da Prefeitura e têm ainda as contas de energia elétrica e água, sempre acumuladas. Se não nega, se atender a vários pedidos, a porta de seu escritório tem uma fila maior que a da Caixa Econômica Federal. E os buracos? E a falta de água?

Hora de votar

Nos corredores do Poder Executivo, de cada vítima criticada em dez talvez uma seja elogio ao vereador. Quando tem um projeto  polêmico para ser discutido e votado, à sombra do falar o que quer, o frequentador de turminhas “mete o pau”  junta-se a campanhas do “vai na Câmara e vaiem, e peçam, e gritem e exigem”.

E lá vem a análise que não é lógica da boca do prefeito, de seus auxiliares, que pinta como verdade e nem sempre é. O bom-senso quase sempre supera a verdade de hoje, que amanhã  vira uma deslavada mentira. O prefeito sempre diz “nunca vi isso”, “nunca vi aquilo” e eu nunca vi foi prefeito falar mal de um poder constituído legalmente diante de todos os microfones.

Mesa Diretora da Câmara Municipal de Itabira eleita em 2023.

É claro que aos olhos de quem quer que seja um super aumento salarial hoje é o melhor palpite para um vereador aprovar, mas pergunto: e amanhã? Em Itabira muito se fala em diversificação econômica e pouco se dá corda a essa proposta. Este deveria ser o slogan do atual governo: “Faça o que eu falo mas não fale o que faço”. Seria mais transparente.

Vereador é coragem

Podem fazer-me perguntas como ser vereador. Durante dez anos fui, tive momentos bons e ruins, desanimado ou inspirado, mas no cômputo geral, avalio-me como atuante e esforçado. Não me peçam um relatório do que deixei como realização, como proposta, como lei, no Poder Legislativo, que posso ser exagerado a meu favor. Quer saber? Vá lá e consulte os anais da Câmara Municipal  e vejam e sintam e comparem. Tem um detalhe: não era o tempo da internet.

Pelo grande esforço que fiz é que sinto o desejo de fomentar cada vez mais a defesa do vereador. Sempre lamentarei que a Câmara Municipal de Itabira tenha apenas uma mulher na sua composição. Rose Félix precisa sempre lutar mais, ser mais ativa, esforçar-se muito porque nos seus ombros recai uma responsabilidade gigante, é o retrato da mulher itabirana. Se existe uma só mulher que representa 51% de Itabira, sua carga de trabalho cresce, a seriedade  transparece.

Ela tem sempre um com contingente de apoiadores ao seu lado. Parabéns presidente Heraldo, Neidson, com sua leal experiência e demais carregadores de piano. Acompanhem, por exemplo, a luta de alguém que leva a sério, como Sidney do Salão, me atrai um projeto dele, “Cabeça feita   Todos, são 17 no total.

Vereadores itabiranos (Neidson, Rose e Sidney) visitam Mauri no TCE

Lembro-me de um vereador a quem devoto admiração eterna, mesmo estando ele no outro mundo, quem sabe vigilante do atual poder. Refiro-me a José Braz Torres Lage, que ensinava o que é a representatividade política. Ele sempre proclamava em seu discurso: “Não adianta ser vereador graduado e pós graduado; ele precisa ser representante leal de comunidade e ainda mais deve saber o que é espírito público”.

Vereador não é somente para elogiar ou  criticar. Ele tem de verear, que é fiscalizar, ser insistente e levar ideias aos executores. Que os vereadores brasileiros tenham a admiração de quem de verdade respeita o povo.

José Sana

20/05/2023

Imagens: Arquivo e Redes Sociais

NS
José Sana, jornalista, historiador, graduado em Letras, nasceu em São Sebastião do Rio Preto, reside em Itabira desde 1966.

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