… uma para levar empreendedores à vitória; outra, furada, para trazer os amantes de Titanics
Detesto festas. E sempre vou a patuscadas quando dizem respeito ao interesse público ou familiar. Penetra, nunca! Concordo com o premier francês Charles De Gaulle, quando esteve aqui no Brasil e se assustou. No aeroporto, no pico da barulhada do Rio de Janeiro no carnaval, disse a um repórter: “Ce n’est pas un pays sérieux” (Este não é um país sério).
Sem discutir o mérito ou demérito da mensagem do então ídolo político francês, imagino o seguinte: se é o trabalho que constrói tudo na vida, inclusive um país, De Gaulle estava e continua corretíssimo. Se o povo francês pensasse como o brasileiro, não haveria sequer um andar da Torre Eiffel pronto para ser visto. O que o Brasil tem de belo e atraente veio pronto da Natureza e, se fizemos alguma coisa, com certeza foi avacalhar quase tudo.
Para provar que o brasileiro é semelhante ao bicho-preguiça, tenho em mãos o livro de Edgar Faure, intitulado “Apprendre à être” (Aprender a ser), editado em 1972. Dele saíram as ideias para criação do modelo Cidade Educativa, em 1975. Itabira venceu o concurso internacional, ao lado de Itaúna, e não soube aproveitar, melhor dizendo, chutou o balde.
A coirmã Itaúna pegou um segundo lugar de carona como empate inexistente com Itabira e tirou mais proveito do que o governo francês tinha para dar. Para mostrar a sua pujança, criou uma universidade federal, enquanto em Itabira, um doido da cuca impede que Itabira siga no mesmo caminho. Pode?
O que acabo de escrever agora é quase um representativo enchimento de linguiça, o assunto é outro. Trato agora de um agradecimento sincero por mais uma homenagem recebida, arquitetada pela direção da revista DeFato, que estará completando, dentro de dois meses, 31 anos de existência gradativamente crescente e profícua.
Nada mais significativo e valioso é saber que as nossas ideias, nascidas de Centro-Leste em Revista, eram multiplicadoras, foram bem assimiladas e continuam sendo seguidas. Às vezes aparecem curibocas a cortar o raciocínio linear de construção, mas sempre luzes são acesas e nos mostram o caminho a ser trilhado. E retornamos. Obrigado, DeFato, cuja inteligência é um abençoado esforço gerado pela Luz Divina!
Repito que hoje estou simplesmente agradecendo ao pessoal da DeFato, que anda criando virtudes para este que nasceu para ser humilde, está estampado e escancarado. Se um cidadão tiver o tempo e o cuidado de perlustrar 20 anos da revista e do site perceberá que, mesmo por mim sendo editado o trabalho, pouco se lerá o meu nome assinado e quase nada está uma qualquer minha foto. Modéstia à parte (ou às favas), honrei a publicação sempre pensando na equipe. Vêm à minha frente Marlete (esposa), meus filhos (Júnior pegou na enxada, Érico também, Flávia até hoje, André, o índiozinho que não atira flechas, Cíntia a seu modo), os demais, netos, a comunidade itabirana e ainda um giro de quase duas dezenas de cidades. Grato sempre.
Apesar de alguns creditarem a mim o trabalho de 30 anos, o correto será agradecer nominalmente a cada um (impossível) dos que participaram e contribuíram com este labor que sempre teve o seguinte objetivo: lutar com unhas e dentes, se possível, pelo futuro de Itabira, porque esse porvir é o mais ameaçado de todos os outros milhões ou bilhões de seres empreendedores do mundo. Itabira, meu segundo país, está sob a mira de egoístas e individualistas. Somos uma só, precisamos de união. Certo, eis aí o fio da meada: empreendedorismo e vamos pensar grande, sempre.
Nesta festa que vivemos no Centro de Eventos do Nossa Senhora das Dores enxerguei como será o futuro de Itabira, caso acordemos dobrado no rumo certo. Se consumimos e gastaremos R$ 4 bilhões até 2024 com pracinhas, meios-fios, festinhas e outros esbanjamentos, vamos recuperar na investida de R$ 20 bilhões até 2040, queira Deus. Deve ser o dinheiro que vai pingar na nossa capanga e que precisa ser investido por gestores de fibra e visão. E não queimadores de grana por vaidade ou enganação. A leitura do nosso mundo é outra.
O pagamento à Terra que nos acolheu chama-se arregaçar as mangas e pedir desculpas a quem não quer mais ajudar nesta empreitada. Ou não quis ainda entender que a construção de uma canoa pode ser feita apenas com dois paus, um para permitir a nossa travessia do obstáculo e outro para retornar com quem ama eternamente a ideia do Titanic.