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Vista das montanhas de Minas de dentro da cartuxa onde Dom Viçoso faleceu em 7 de julho de 1875 (Foto de João Lucas Ferreira Basílio/Divulgação)

Vista das montanhas de Minas de dentro da cartuxa onde Dom Viçoso faleceu em 7 de julho de 1875 (Foto de João Lucas Ferreira Basílio/Divulgação)

Um caminho de peregrinação do Caraça a Mariana celebra a vida e a obra de Dom Viçoso, religioso que fundou o Colégio do Caraça, dirigiu a Diocese de Mariana, lutou contra a escravidão e hoje está em processo de beatificação. Um evento online ocorreu nesta quarta-feira, às 15h, pelos canais do YouTube e Facebook, marcou o lançamento do trajeto e a quarta edição do livro que conta a sua história, escrito em 1896, pelo seu afilhado, dom Silvério.

O evento foi presidido pelo arcebispo de Mariana, Dom Aírton José dos Santos, com a participação de vários sacerdotes. Uma missa foi celebrada para lembrar dom Viçoso e marcará a abertura das comemorações dos 150 anos da morte do bispo, que ocorrerá apenas em 2025. No último dia 13 de maio, a arquidiocese lembrou os 234 anos de nascimento do religioso, originário da cidade de Peniche, no litoral de Portugal.

A cartuxa de Dom Viçoso em Mariana (Foto de João Lucas Ferreira Basílio/Divulgação)

A cartuxa de Dom Viçoso em Mariana (Foto de João Lucas Ferreira Basílio/Divulgação)

O caminho religioso, batizado de “Nos Passos de Dom Viçoso”, é um trajeto de 88 km que pode ser percorrido a pé ou de bicicleta. Para o padre José Carlos dos Santos, organizador da reedição do livro, a iniciativa posicionará a região como referência em peregrinação.

Além de caminhar por lindas paisagens, conhecer novos lugares, pessoas e sabores, é uma oportunidade de refazer o trajeto que o religioso tantas vezes percorreu, afirma.

MARCOS NO MEIO DO CAMINHO

No caminho pode se deparar com atrativos, como Bicame de Pedra (Foto de João Lucas Ferreira Basílio/Divulgação)

No caminho pode se deparar com atrativos, como Bicame de Pedra (Foto de João Lucas Ferreira Basílio/Divulgação)

Todo o trajeto tem marcos a cada quilômetro e placas de sinalização. Por todo o percurso é possível encontrar oratórios que trazem mensagens baseadas nas virtudes de Dom Viçoso.

Além dos marcos físicos, desenvolvemos um website que reúne desde a história de dom Viçoso até as questões práticas, como pontos de apoio, meios de hospedagens e dicas de segurança com avisos e recomendações, conta um dos idealizadores do projeto.

Durante a peregrinação será possível pernoitar no santuário do Caraça e nas cidades de Catas Altas, Santa Rita Durão, Camargos e Mariana, fazendo trechos de caminhada dia a dia. Um trabalho de fomento à hospitalidade foi iniciado em Santa Rita Durão e Camargos para a preparação de acomodações familiares. Em todos os lugares, será possível saborear as quitandas típicas, a comida no fogão à lenha e sobremesas tradicionais de cada localidade.

Complexo do Santuário do Caraça (Foto de Pedro Tomasi /Divulgação)

Complexo do Santuário do Caraça (Foto de Pedro Tomasi /Divulgação)

O ponto de partida de “Nos Passos de Dom Viçoso” é o santuário do Caraça, local onde funcionou o Colégio do Caraça, de 1820 até o grande incêndio, em 1968. O trajeto passa por lugares icônicos e proporcionam, além de uma experiência única ao turista, uma oportunidade de absorver conhecimentos sobre aspectos importantes da história mineira.

Para o padre Luís Carlos, superior do Caraça, além da divulgação dos feitos de dom Viçoso, o percurso vai contribuir para fomentar o potencial turístico da região. “Creio que poderá reforçar a diversificação e o crescimento da economia de Catas Altas e Mariana, favorecendo a melhoria do atendimento nos estabelecimentos de hospitalidade e alimentação, além de possibilitar o surgimento de outros empreendimentos”, opina.

TRAJETO CARAÇA A MARIANA

O marco inicial é o Santuário do Caraça/ Foto: PBCM Divulgação)

O marco inicial é o Santuário do Caraça/ Foto: PBCM Divulgação)

Após a partida do local onde funcionou o colégio fundado por dom Viçoso, a primeira parada, a pouco mais de 4 km, é para contemplar e se refrescar nas águas límpidas e geladas da cachoeira Cascatona, ainda dentro da Reserva Particular do Patrimônio Natural do Santuário do Caraça. A trilha para chegar ao local é em meio à Mata Atlântica.

No KM 12, o caminhante pode visitar a capela de Santana do Morro. Em seguida, no KM 21,5, surge o Bicame de Pedra, construído por escravos por volta de 1892, que funcionou como aqueduto que captava e conduzia a água da serra até a parte baixa da região, em Brumado, onde o ouro era extraído. Atualmente restam dele cerca de 200 m de quartzitos.

Os marcos estão instalado em trilhas... (Foto de João Lucas Ferreira Basílio/Divulgação)

Os marcos estão instalado em trilhas… (Foto de João Lucas Ferreira Basílio/Divulgação)

No KM 28, Catas Altas é o próximo destino. Seguindo mais dois quilômetros, a parada é no oratório São Judas Tadeu. Ainda em Catas Altas, o caminhante passará pelo povoado do Morro D’ Água Quente, com seus muros feitos em canga, casas simples e tradicionalmente mineiras. O contato com a natureza é garantido na trilha Chapada do Canga.

... e em rodovias asfaltadas; o trajeto pode ser percorrido a pé ou de bike (Foto de João Lucas Ferreira Basílio/Divulgação)

… e em rodovias asfaltadas; o trajeto pode ser percorrido a pé ou de bike (Foto de João Lucas Ferreira Basílio/Divulgação)

No KM 46, Santa Rita Durão, distrito de Mariana, permite encher os olhos com suas paisagens naturais. Logo em seguida, o turista passará pelas ruínas do subdistrito de Bento Rodrigues, que contava com 200 casas e 620 habitantes até 5 de novembro de 2015, quando foi devastado pelo rompimento de uma barragem de mineração da Samarco.

No KM 64, está o distrito de Camargos. O povoado foi fundado em 1711 por paulistas e vicentinos, do qual faziam parte José de Camargo Pimentel, alcaide-mor de São Vicente e São Paulo, junto com os primos João Lopes de Camargo, Thomaz Lopes de Camargo e Gonçalo Lopes de Camargo. Se o turista quiser visitar as ruínas históricas, basta desviar apenas 3 km da rota.

Entre Camargos e Mariana, uma oportunidade para aproveitar o clima das montanhas e degustar a típica comida mineira é na Fazenda da Palha, no distrito de Camargos. Depois, o museu a céu aberto de Mariana é um convite para conhecer a história de Minas Gerais, além da oportunidade de visitar o túmulo de dom Viçoso na cripta da Catedral Basílica. O ponto final da caminhada é na cartuxa de dom Viçoso, uma casa simples onde o religioso se recolhia. Dom Viçoso faleceu na cama da cartuxa, que segue preservada até hoje.

DOM VIÇOSO EM QUARTA EDIÇÃO

Oratórios no caminho trazem mensagens baseadas nas virtudes de Dom Viçoso (Foto de João Lucas Ferreira Basílio/Divulgação)

Oratórios no caminho trazem mensagens baseadas nas virtudes de Dom Viçoso (Foto de João Lucas Ferreira Basílio/Divulgação)

Afilhado de dom Viçoso, Silvério Gomes Pimenta, ou Dom Silvério, escreveu em 1896 o livro “Vida de Dom Antônio Ferreira Viçoso – Bispo de Mariana e Conde da Conceição”, onde relata as incomuns virtudes do bispo e suas obras. Em sua quarta edição, o livro, agora relançado, fez com que o seu autor alçasse uma cadeira na Academia Brasileira de Letras.

O desejo de contribuir para que Dom Viçoso seja mais conhecido e venerado fez brotar a ideia de reeditar a biografia redigida pelo seu afilhado. O livro é uma viagem não somente pelo que dom Viçoso realizou, mas ao seu mundo interior, ao seu itinerário vocacional e de santificação, no serviço a Deus num contexto assinalado por desafios, explica o padre José Carlos dos Santos.

O padre destaca que a primeira parte da obra conta sobre a vida pessoal de dom Viçoso, descrevendo as fases vividas por ele, desde o nascimento até o ingresso no seminário. Já a segunda parte apresenta o trabalho realizado pelo bispo na diocese.

Além de valorizar a trajetória de um homem que se tornou ícone no Brasil, o livro é um importante registro histórico e que merece ser conhecido pelas próximas gerações, complementa.

Lançamento do Caminho Religioso “Nos Passos de Dom Viçoso” e da reedição da biografia “Vida de Dom Antônio Ferreira Viçoso: Bispo de Mariana e Conde da Conceição”.

Por: Jornal O Tempo

Fotos: O Tempo

 

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