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E agora, Bastião?

A festa de setembro acabou

O povo picou a mula

Nos salvar agora nem o Lula.

Ou só você saindo do atoleiro,

tirado pelo nosso Padroeiro?

 

E agora, Bastião?

E agora, você?

Você que é um moço ajeitado

Que não  zomba dos outros,

você que nem  versos faz

Eu também não, Bastião.

 

E agora, Bastião?

Gente boa dos Quintão,

você sabe que o estimo.

E agora, Bastião?

Você, que é teimoso

dizem que também manhoso

Só acredito no seu feito jeitoso.

Bastião, a ideia é fazer uma rampa

Deficiente quer ir à missa,

Deficiente quer comungar, quer batizar, quer casar

Então, faça a rampa e não uma campa para nós.

Com uma merreca de dinheiro faz tudo.

Rampinha à toa, nada de neca, uns dez contos só…

E não precisava causar um terremoto.

 

Mas, olhe, Bastião,

Nós da velha guarda de cutucar temos pavor

de ver igreja no chão.

Temos traumatismo, Bastião.

E agora, Bastião?

Pergunte aos mais velhos o que é perder um emissário

Os santos da Igrejinha do Rosário.

Temos dispneia pré-agônica

Temos obsessão, caro Bastião.

 

Você se lembra, Bastião,

A Anglo passou na rua caminhão. E deu confusão,

a igreja tremeu, até o sino bateu.

E eu? E você? E o Geraldo Zaqueu?

Por que você quer acabar com tudo? E se a igreja cair?

Se derrubar, puxada por baixo, aonde você vai enfiar a cara?

Bastião, acalma!

 

A igreja balança, coitada, com uma bicicleta passando

E você vem com trator e quer jogar tudo no chão?

Pra quê, Sebastião, se nosso protetor, São Sebastião,

se cansou de segurar o roldão? E você é xará dele, respeite!

E se Ele resolver nos castigar? Ou escolher só você? Não teme?

 

E agora, Bastião?

Sua doce palavra

Teima feito uma mula,

Sua esperança de gula …

… é pra quê, Sebastião?

 

E agora, Bastião?

Aproveite o tempo no Promotor e peça perdão.

Você teimou e fez uma miniatura lá embaixo,  de anão. Mas não!

Você quer acabar com as paredes consertadas pelo Alexandre?

Erguidas de adobo de barro,  de 1800 e Zé Vaqueiro?

Olha que não sou profeta

mas já disse na minha meta

com igreja não se mexe, da blefe.

 

E agora, Bastião?

O Rosarinho se foi. Sabe quem pecou?

Foi um padre, todos sabem. E vieram outros

que pecaram também, até levaram enfeites e lustres, sinos e patenas.

Agora vamos acabar com a Matriz também?

Bastião, e agora?

 

Se você gritasse

Se você cantasse

a valsa de São Sebastião,

Com arroios que serpenteiam

Quem sabe daria certo. Bastião?

 

Mas você foi no promotor buscar o quê?

Uma decisão de “bicho-do-mato?”

Ele não vai te ajudar porque conhece  a história da arte.

um patrimônio público e cultural também.

Bastião, queremos você do nosso lado, não teime com o Padroeiro

E e os outros santos do altar, e até o renegado São Godofredo?

Estão com a verdade e ensinam a você a humildade.

 

Não se desgaste, Bastião!

O que fica em São Sebastião

é somente poluição, água suja, lixo contaminado e esgoto fedido?

 

E agora, Bastião?

Não seja machão,

você é ainda um meninão.

Siga os conselhos do seu tio Marino Quintão

que veio de Conceição pra São Sebastião.

E que Deus abençoe o seu coração!

 

José Sana (plagiando Drummond)

Em 13 de setembro de 2024

 

Fotos: Arquivo e colaboradores (Dr. Leone Valério, Sibele Almeida e Jornal Folha Popular)

NS
José Sana, jornalista, historiador, graduado em Letras, nasceu em São Sebastião do Rio Preto, reside em Itabira desde 1966.

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    Darliéte Araujo Martins
    Darliéte Araujo Martins
    24 days ago

    E agora, José Sana?
    Quanta dor coronariana!
    A igreja no chão a preço de banana.
    Que história mais sacana. destruindo obra majestosa, monumento tão bacana

    E lágrimas de São Sebastião descem dentro da chalana.
    Ninguém comemora o feito sem cachaça , nem caldo de cana.

    Tem prefeito que se gaba de ter feito grande obra, comprou briga com o santo, com o povo fez manobra.
    Se a igreja cair toda, não tem parede que sobra.
    A população revoltada vira bicho, vira cobra.
    Castigo virá de Deus, que triste lamenta o feito , e o responsável por isto nunca mais será prefeito.

    Além de levar bruta multa, por destruir patrimônio, igreja é coisa de Deus, tão sagrada quanto o matrimônio.

    E o povo grita na rua, e chora em cada janela, isto é coisa do demônio infiltrado na cidadela.

    É preciso rezar muito, jejuar, pedir perdão ao padroeiro da cidade, glorioso São Sebastião.

    O mentor dessa façanha vai ter muito o que explicar , entrar na igreja rezando de joelhos até o altar. O povo está revoltado, só Deus poderá perdoar!

    Darliéte Araujo Martins
    Darliéte Araujo Martins
    24 days ago

    W

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