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A quantidade de pesquisas nestas eleições aumentou fortemente e consequentemente a desconfiança nas mesmas. Nas pesquisas nacionais para presidente há uma oscilação na diferença dos principais candidatos Lula e Bolsonaro de 4% a 16%, para o petista. E ainda, há pesquisas que mostram o atual presidente à frente da corrida. Veja aqui

Ninguém do meio político e da imprensa nega a importância das sondagens eleitorais nas campanhas. Contudo, nessa eleição a grande quantidade de institutos e métodos diferentes suscitam dúvidas na maioria dos eleitores e comentarista eleitorais.

Afinal, dá para manipular os resultados de uma pesquisa?

Posso afirmar que a depender da índole dos profissionais envolvidos e dos interesses: sim, é possível. Com vinte anos de experiência, já vi de tudo nesta área. Há formas de manipular os números, contudo uma coisa é certa: não há nada que uma empresa ou um profissional sério mais queira, que não seja, preservar o seu bom nome. O risco é muito grande para se correr. Algo que nós, do DataMG, não estamos dispostos a cometer tal infração em nossos projetos.

Então, há manipulação dos resultados nestas eleições de 2022?

Vemos, neste ano, comportamentos estranhos dos institutos, que chamam a atenção para observarmos. É o caso do Datafolha, que em pesquisas recentes utilizou perguntas que poderiam induzir o entrevistado a ter uma posição mais crítica ao atual presidente Jair Bolsonaro. Veja aqui análise

O mesmo instituto, em pesquisa no mês de agosto em Minas Gerais entrevistou 34% de eleitores de Belo Horizonte, na sua amostra em todo estado. Porém, a capital mineira representa cerca de 12% do eleitorado mineiro. Fato que pode enviesar os resultados para uma direção.

Outro dado interessante é o tamanho das cotas de pessoas com renda de 0 a 2 salários mínimos. Em uma recente pesquisa do Datafolha, o percentual dessa cota foi de 50%, enquanto o Ipec(Ex-Ibope) utilizou 57%. Em ambos levantamentos, os resultados davam uma vantagem considerável ao candidato Lula em comparação ao Bolsonaro.

Enquanto outro instituto o Quaest, recentemente, apontou que a diferença entre os dois candidatos mais bem posicionados era de 8%. Nesse caso, a cota de renda baixa que a empresa de pesquisa utilizou foi de 38%. Tendo o instituto afirmado utilizar o parâmetro com base em dados do IBGE(PNAD).

Por último, foi a vez do IPEC(ex-Ibope) ao publicar sua última pesquisa com uma diferença de 16% a favor do petista. No seu plano amostral, disponível no site do Tribunal Superior Eleitoral, o instituto utilizou na sua amostra 16% de eleitores de 16 a 24 anos, em detrimento da base geral ser 14%, que é a quantidade de jovens votantes do país. Enquanto que no segmento de eleitores acima de 60 anos entrevistou 17%, porém existem 21% de pessoas aptas a votar neste intervalo de idade.

Sabemos que neste caso o candidato que tem melhor desempenho entre os jovens e pior entre os idosos levará vantagem no resultado final do levantamento..

Outro detalhe é observarmos os contratantes das pesquisas e os interesses que os movem. Os principais contratantes são bancos como BTG, XP Investimentos e Genial e meios de comunicação como TV Globo e Folha de São Paulo.

É no mínimo muito estranho essas diferenças de resultados das pesquisas em uma eleição que se mostra uma das mais concorridas dos últimos tempos.

O caso das eleições de 2008

Isso me faz lembrar das eleições municipais de 2008 em Itabira/MG, onde havia uma disputa entre o prefeito a época João Izael e o candidato de oposição Damon Sena. Nossas pesquisas do DataMG mostravam sempre João Izael a frente nas sondagens, porém com Damon diminuindo a distância semana a semana.

Contudo, a campanha do oposicionista publicou uma pesquisa há 15 dias da eleição o colocando a frente, com boa vantagem. Foi o suficiente para um clima de já ganhou entre a oposição. Porém, faltando 5 dias para a votação publicamos uma nova pesquisa que mostrava que o prefeito que tentava a reeleição ganhava por 3% de diferença. O que se confirmou nas urnas daquele pleito.

Meses depois ao analisarmos os dados da pesquisa da oposição percebemos alguns erros no plano amostral utilizado. A empresa contratada pelos oposicionistas entrevistou mais pessoas na área central, onde Damon tinha mais votos a época, do que no bairro Gabiroba, o maior da cidade, e justamente onde o João Izael era melhor avaliado.

Bingo. Percebemos o erro! Agora, a dúvida foi se o erro era intencional ou meramente incompetência do instituto que atendeu a campanha da oposição a época.

O que me parece claro é que neste ano teremos algumas surpresas nos resultados eleitorais no Brasil  em outubro.

 

Adilson Simeão

NS
José Sana, jornalista, historiador, graduado em Letras, nasceu em São Sebastião do Rio Preto, reside em Itabira desde 1966.

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