Itabira é uma das primeiras cidades do mundo com data marcada para acabar caso continue no mesmo ritmo econômico de hoje. Inacreditável é que existam por aí personas que têm mais de 30 ternos chiques, no guarda-roupa e 50 pares de sapato e nem acreditem na vida após a morte, ou melhor, desculpe-me, a respiração sem pulmão.
O pulmão itabirano chama-se Vale, ou mineração, ou nem sei mais o quê, porque no mundo inteiro cidade alguma sobreviveu e construiu sua atividade econômica para acomodação normal de cem mil habitantes durante menos de cem anos. Se querem um exemplo concreto, visitem a Alemanha e estudem o vilarejo de Mühlrose, no extremo leste da país, que permanece de pé desde o século XIII. Tema: exaustão do carvão.
Ontem e anteontem recebi dezenas de ligações, a maioria protestando contra meu texto de sexta-feira sobre a Cidade-Acampamento. Diz a maioria que toda cidade ao nosso redor é provisória, embora, ele próprio, tenha dito, em áudio, comparando Itabira com João Monlevade, esta colocação: a terra da siderurgia tem a economia vacilante, mas é sempre infinita, enquanto Itabira tem data de validade. E será bem antes do tempo marcado para morrer. Parece filme de faroeste americano e até traz um exemplo bem parecido.
“SÓ PEGA CARONA …”
O rapazola de dezenas de ternos e meia centena de meias e sapatos só tem a obrigação de ser elegante, barbicha feita, a mulher é exímia dominadora da moda também, e exigente. Mas, infelizmente, fez um curso de quatro anos de chefe de executivo e se manteve firme no analfabetismo político-econômico. Coisas de simpatia com ditatura.
O almofadinha não conseguiu reunir os prefeitos da região e fazê-los entender que precisam colaborar, porque quase todos os municípios da área, à exceção de João Monlevade, são pequenos e carentes. Itabira é Cidade Polo mas não consegue exercer essa função. Nem polo do Gabiroba e do Pedreira, os papagaios que vivem sem água.
Talvez a sua assessoria pense que tal situação seja somente ônus, mas, na verdade, é, também, uma obrigação e tem benesses. Como ônus, as cidadezinhas podem acabar com o sangue itabirano e torná-lo até contaminado. Subir em mesas para discursar é costume da Idade Média. Por exemplo, na Revolução Francesa, Maria Antonieta tentou fazer a mesma coisa e acabou sendo decapitada. Aqui se sobe em tempo de buscar sufrágios. E deu resultado.
O cara dos paletós e sapatos, e camisas engomadas também, e meias descartáveis, o janotinha, é tão criança, tão infantil, ou esperto, que teve a coragem de ver e ouvir o presidente do Sindicato Metabase e membro do Conselho da Vale, André Viana Madeira, solicitar ao presidente da própria Vale uma fábrica de briquetes. Pagou carona assim: repetiu a ação, mandou a notícia com fotos para um jornal, seu aliado e nem calçou a cara para surrupiar a ideia de outro. Será que pegou procuração do Metabase? Na Funcesi foi a mesma coisa, ladrou a ideia.
ESCOLHA: O QUE É ITABIRA?
Briquetes são pequenos aglomerados para melhorar a função do carvão e do ferro no processo siderúrgico, tipo sintetizado, simples até. Já me entrosei, nos anos 1960 no Laboratório de Pesquisas Físicas e Químicas da velha Belgo-Mineira de João Monlevade. Durei um tempo lá na terra de Joaquim Burrel, o homem que me contratou como técnico em 1963, meu primeiro emprego de carteira assinada.
Agora é o momento de optar por um nome para Itabira e decidir o que fazer. Veja no título, que diz tudo: Educativa, Educadora, Polo, Universitária, Fantasma, do Ferro, de Ninguém ou Cidade-Acampamento Esqueça da palavra Turismo, que não foi inserida. Ouro Preto é uma das mais importantes cidades turístico-históricas de Minas Gerais, segundo seu prefeito, não se sustenta com a arrecadação proveniente da atividade. Vários prefeitos de lá, incluindo o reeleito Ângelo Oswaldo, já me disseram que só têm despesas com a os visitantes.. Aposto que o bobo dos paletós não sabe disso.
SOU BOBO DE FAZER DÓ
Portadores de recados — e são muitos os que carregam mensagens ao vivo, por voz ou escritura — me dizem para eu parar de pedir a Deus pela clareza do espírito do sofista. Um deles marcou encontro comigo e trouxe uma caminhonete quase lotada de pastas, mostrando a grande lista de façanhas municipais de Itabira ultimamente, usadas nas eleições passadas. Já li a metade e fiquei quase fã de uma praça, a Acrísio e mais 30 que ainda não apareceram.
Só vou terminar porque meu espaço se esgotou, mas voltarei com o caso das fofocas “leva e traz”. Fiquei interessadíssimo em saber a opinião secreta oficial ficcional do sofismo rural (Hummmmmm, perdoem!!!)
José Sana
09/12/2024
Fotos: Redes Sociais