RENATO, O LÍDER
Desde 2004, quando aconteceu a primeira reunião entre representantes da Vale, da Universidade Federal de Itajubá (Unifei) e da Prefeitura de Itabira, uma grande esperança de instalação de uma Universidade Federal se acendeu na terra do poeta Carlos Drummond de Andrade.
Representando a Vale o engenheiro Kleber Carvalho Guerra, a Unifei o professor Renato Aquino Faria Nunes (reitor) e a Prefeitura de Itabira, o chefe do executivo João Izael Querino Coelho, as providências começaram a ser tomadas.
A participação política ficou a cargo do então deputado federal José Santana de Vasconcelos e do vice-presidente da República José Alencar Gomes da Silva. Ao contrário do que muitos pensavam, ou ainda pensam, a Unifei Itabira nasceu com um projeto diferente, voltado para um modelo de ação quase simultânea à parte teórica.
RENATO, O PRECAVIDO
Renato Aquino, hoje afastado da reitoria da Unifei, aposentado na Universidade. conta fatos que merecem ser devidamente estudados para que o projeto itabirano por ele arquitetado junto ao Ministério da Educação e Cultura (MEC) não seja desvirtuado.
Atenção para estas palavras e que Itabira não perca mais tempo, além do que perdeu, segundo ele. Já se foram oito anos de desperdício de tempo e dispêndio de trabalho.. “É preciso, urgentemente, corrigir a rota”, diz ele.
O PROJETO É OUTRO
— “Posso dizer que o projeto de Itabira é desses desafios que mais me fascinam”, disse ao repórter em outubro de 2005, em entrevista exclusiva. Ele tinha preparado um plano para atuar na economia de Itabira e região de forma decisiva. A sua inspiração se fixa no Parque Tecnológico de Sophia Anti-Polis, Sul da França, região de Nice.
Em 2012, Aquino sugeriu ao repórter o conhecimento pessoal do Complexo Valbonne Sophia Anti-Polis. A reportagem aceitou o desafio, a agenda da viagem foi cumprida integralmente. Sophia continua sendo, na cabeça do mentor Renato Aquino o modelo ideal para o Campus de Itabira. A reportagem conferiu e até participou dos 40 anos de instalação do parque no Sul da França.
MISSÃO DESVIRTUADA
Repetiu recentemente o ex-reitor, que ainda tem em mãos o projeto entende como salvador de Itabira:
— “A missão do Campus da Unifei em Itabira foi desvirtuada no seu principal objetivo, o de atual também (e quiçá, principalmente) como Agente de Desenvolvimento Econômico Local e Regional, sustentáculo maior do tão desejado, necessário e agora tardio projeto de diversificação econômica, sem o qual se vislumbram perspectivas sombrias e desastrosas para o futuro da cidade e dos seus cidadãos”.
TEMPO PERDIDO
Esclarece ainda o professor: “O Campus da Unifei em Itabira, ao desviar-se completamente, nos últimos oito anos, do seu principal ideal para constituir-se num campus tradicional, no modelo ‘mais do mesmo’, em muitíssimo pouco poderá contribuir para o objetivo inicialmente proposto. Uma análise mais detalhada e comparativa da composição orçamentária dos municípios mineiros que abrigam as sedes de Universidades Federais no estado ou seus vários campi (aí incluído o município de Itajubá), demonstram, clara e definitivamente, esta afirmação”.
— “É necessário e urgente que o projeto do Campus de Itabira, seja reavaliado, por todos os parceiros em uníssono, de modo a que não lhe seja negado cumprimento do objetivo inicial”.
ENTÃO?
— “Como primeiro passo, é necessário que todos os parceiros compreendam que o desvio de rumo existe e que estejam convictos de que é indispensável fazer a correção devida. Um simples exemplo: a tão falada meta de dez mil alunos, bem como aquela associada à proposta para a criação de novos cursos de graduação, não deveriam ser, no atual estágio de desenvolvimento do Campus, uma ação prioritária do processo da sua evolução. Mesmo que cumpridas, elas terão somente uma contribuição muito marginal para o Projeto de Diversificação Econômica de Itabira.”
CONCLUSÃO
Faz tempo, Renato Aquino já havia constatado que, pelas condições de Itabira, muito favoráveis naturalmente, deixam em situação um pouco difícil a execução de seu projeto. O que ele imagina é de altíssimo nível de resultados, mas que exige redobrado esforço como os itabiranos parece não terem o costume de dispender.
Está dado o recado do grande criador do projeto Unifei Itabira.Se houver uma sugestão só pode ser esta: chamar o ex-reitor Renato Aquino e com ele representantes do MEC a Itabira para uma discussão objetiva. Ou vamos perder mais tempo?