Mariana Ribeiro
A siderúrgica Gerdau anunciou em meados deste ano a paralisação das atividades de sua usina em Barão de Cocais, município de Minas Gerais, colocando em risco os empregos de 487 trabalhadores. Após mobilizações e reuniões de negociação entre o sindicato da categoria e a multinacional, 350 funcionários receberão indenizações e o restante não poderá ser demitido sem justa causa.
Em uma conversa no Centro Judiciário de Solução de Conflitos e Cidadania (Cejusc), que aconteceu na última terça-feira (24), o Sindicato dos Trabalhadores nas Indústrias Metalúrgicas, Siderúrgicas, Mecânicas e de Material Elétrico de Barão de Cocais e a empresa chegaram a um acordo que define que as pessoas demitidas depois que a categoria anunciou estado de greve receberão uma indenização de cinco salários.
No caso de funcionários contratados há mais de 15 anos, a indenização será incrementada com um salário a mais para cada cinco anos de serviço. Além disso, os contratos de trabalhadores transferidos a partir do dia do anúncio da hibernação ficam mantidos.
A minuta decide, ainda, que os contratos com garantias legais de emprego permanecem válidos. Isso significa que essas pessoas têm proteção especial e não podem ser demitidas sem justa causa.
A categoria afirma que permanecerá em luta contra a paralisação da usina e pelos direitos dos trabalhadores da unidade.
Entenda
A paralisação das atividades foi anunciada pela Gerdau à equipe no dia 27 de maio deste ano, sem aviso prévio, conforme afirmou o presidente do sindicato, Elizeu Santa Cruz.
A usina utiliza matéria-prima renovável por meio do carvão vegetal, que, em Barão de Cocais, possui importância cultural e trabalhista. A unidade existe desde 1988 e foi a primeira a ser implementada pela multinacional em Minas Gerais.
Após o anúncio do que a Gerdau chamou de “hibernação”, o sindicato mobilizou-se pela manutenção dos empregos. No dia 3 de junho, a categoria aprovou o estado de greve e sua estimativa é de que, naquele momento, cerca de 200 trabalhadores já haviam recebido suas cartas de demissão.
Mesmo em estado de greve, a equipe continuou sendo demitida. Além disso, o sindicato recebeu relatos de que, no dia do comunicado, trabalhadores foram impedidos de entrarem no banheiro e foram escoltados até o local onde estavam seus pertences.
A entidade informou, ainda, que a empresa exerceu muita pressão, “falando que os trabalhadores vão ficar sem receber durante seis meses”, como afirmou o presidente Elizeu.
Em uma reunião no Ministério Público do Trabalho (MPT), no dia 7 de junho, em Coronel Fabriciano, o sindicato e a Central Sindical e Popular Conlutas (CSP Conlutas) reivindicaram à Gerdau a manutenção dos funcionários e do funcionamento da usina em Barão de Cocais.
Segundo o membro da CSP Conlutas Aldierio Pereira, a empresa recebeu as exigências da categoria: “Nós conseguimos colocar na ata da reunião que os representantes da Gerdau levassem a reivindicação do sindicato”.
Justificativas
A siderúrgica argumenta que a hibernação foi necessária em razão da avaliação de uma “baixa produtividade” da planta em Barão de Cocais, além dos altos custos de matérias-primas, da insuficiência da produção de ferro próprio em Minas Gerais e da falta de atualização tecnológica da usina.
No entanto, a unidade recebeu R$ 100 milhões para um projeto de modernização em 2022. Segundo uma nota divulgada pela Gerdau no dia 5 de dezembro daquele ano, o investimento seria aplicado em reformas nos dois altos-fornos e na aciaria da usina.
Questionada sobre o processo de hibernação, a empresa limitou-se a confirmar a paralisação das atividades em Barão de Cocais e afirmou que “a companhia está empenhada em conduzir esse processo de forma humanizada”, buscando a “ realocação do máximo de colaboradores em outras unidades”.
Edição: Ana Carolina Vasconcelos