Repetindo o que foi dito, escrito e evidenciado desde 12 de março passado, data da entrada deste site no ar: o objetivo principal e intocável de Notícia Seca é acompanhar as providências, ações e passos, um a um, da caminhada de Itabira e região rumo ao futuro.
Hoje, de acordo com informações técnicas da empresa responsável pela existência de Itabira como ela é, a Vale S.A., a mineradora tem apenas dez anos de existência em nosso meio. Melhor dizendo: estamos a um passo do fim do sustentáculo econômico.
ITABIRA: PASSADO E PRESENTE
Todo leigo sabe que a mudança da atividade econômica de um aglomerado qualquer não é algo simples, depende muito da alteração radical na cultura de um povo. Itabira era um povoado, como todas as urbes o foram; tornou-se cidade às custas da exploração do ouro; em seguida veio a era das forjas e fábricas de tecidos; enfim, aportou-se por estas bandas a Companhia Vale do Rio Doce, no início ajudada por itabiranos; finalmente, transformou-se numa das mais vitoriosas mineradoras do mundo.
ÊXODO RURAL E BOLSÃO DE POBREZA?
A Vale cresceu, atraiu forasteiros vindos de todos os cantos do país, principalmente da sua região circunvizinha. Provocou uma forte mudança estrutural na região com o escancarado êxodo rural, produtor do esvaziamento da agricultura e da pecuária; enfim, atraiu mão de obra quase sempre despreparada, iludida pelo “dinheiro que corre à flor da pele”, como diziam nossos antepassados. Eles próprios antigamente eram muito preocupados com o chamado “bolsão de pobreza”, deixaram o termo esquecido no decorrer dos anos dourados, os quais ainda nos iludem.
PERDIDOS NO PARAÍSO
E agora? Estamos ainda no paraíso, mas perdidos. Surge, com voz contundente e audível, um aviso natural, objetivo, mas cruel: aproxima-se o momento de saída da mineradora, que já está tomando suas providências de despedida: tem gerência de “Fechamento de Mina” funcionando; as barragens, então ameaçadoras, estão sendo descomissionadas, isto é, secadas; há compromissos, sim, da mineradora, mas não tão abertas, embora garantidas pelo prefeito Marco Antônio Lage. E persiste a incógnita inquietante: a população, como uma andorinha que voa, não “no progresso”, como reza parte de nosso hino, mas sem rumo. Vive perdida, sem uma organização tática de aviso, de convocação para a execução de um trabalho sério. Resumindo: mesmo sem uma bússola, o povo jamais enxergaria o que pode vir por aí. Drummond mesmo já perguntou: “Será que virá uma terceira Itabira?”
Infelizmente, parece que estamos nos retornando à Idade da Pedra Lascada e nesta pré-história saímos da toca de armas, porretes e facas em punho para destruir o nosso vizinho, não sabendo que tal comportamento se estampa como um ato irrefreável de suicídio coletivo.
CADÊ A DEMOCRACIA CONSTITUCIONAL?
Em 15 de novembro de 2020, Itabira elegeu, democraticamente, o seu prefeito, vice-prefeito e vereadores. Quer dizer que os eleitos têm carta branca para governar por quatro anos, a menos que cometam erro extremamente grave no meio do caminho. Este fato não ocorreu, somente picuinhas que deveriam ser superadas com habilidade e inteligência. A paz durou pouco e já se notam passos do ser pré-histórico caindo na cilada do inimigo, que aposta no tropeço de seu adversário, mesmo que signifique a ruína dele próprio também.
Nada mais é preciso dizer, senão que Itabira representa um caso sui-generis na história do mundo. Há, sim, cidades que se reergueram na mudança da cultura econômica, mas temos de convir que os exemplos começam com paz, união, compreensão, entendimento, harmonia e sem as malucas vaidades pessoais.
Ou nos conscientizamos já, ou deixaremos um triste legado para as próximas gerações, cujos descendentes nossos poderão nos julgar, com tristeza e vergonha.
Opte cada cidadão pelo caminho que prefere, mas que seja conscientemente.
Acordai, Itabira!
A EDITORIA