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Repetindo o que foi dito, escrito e evidenciado desde 12 de março passado, data da entrada  deste  site no ar: o objetivo principal e intocável de Notícia Seca é acompanhar as providências, ações e passos, um a um, da caminhada de Itabira e região rumo ao futuro.

Hoje, de acordo com  informações técnicas da empresa responsável pela existência de Itabira como ela é, a Vale S.A., a mineradora  tem apenas dez anos de existência em nosso meio. Melhor dizendo: estamos a um passo do fim do sustentáculo econômico.

ITABIRA: PASSADO E PRESENTE

No passado Itabira tinha vida própria, mas chegou a Vale e mudou a história da cidade (Foto arquivo, de Brás Martins da Costa)

No passado Itabira tinha vida própria, mas chegou a Vale e mudou a história da cidade (Foto arquivo, de Brás Martins da Costa)

Todo leigo sabe que a mudança da atividade econômica de um aglomerado qualquer não é  algo simples, depende muito da alteração radical na cultura de um povo. Itabira era um povoado, como todas as urbes  o foram;  tornou-se cidade às custas da exploração do ouro; em seguida veio a era das forjas e fábricas de tecidos; enfim, aportou-se por estas bandas a Companhia Vale do Rio Doce, no início ajudada por itabiranos; finalmente, transformou-se  numa das mais vitoriosas  mineradoras do mundo.

ÊXODO RURAL E BOLSÃO DE POBREZA?

Itabira atraiu moradores de todo o país e especialmente da sua área de influência (Imagem: Google)

Itabira atraiu moradores de todo o país e especialmente da sua área de influência (Imagem: Google)

A Vale cresceu, atraiu forasteiros vindos de todos os cantos do país, principalmente da sua região circunvizinha. Provocou uma forte mudança estrutural na região com o escancarado êxodo rural, produtor do esvaziamento da agricultura e da pecuária; enfim, atraiu  mão de obra quase sempre despreparada, iludida pelo “dinheiro que corre à flor da pele”, como diziam  nossos antepassados. Eles próprios  antigamente eram  muito preocupados  com o chamado “bolsão de pobreza”, deixaram o termo esquecido no decorrer dos anos dourados, os quais ainda nos iludem.

PERDIDOS NO PARAÍSO

A cidade tornou-se um paraíso, mas dentro dele nunca teve segurança do futuro (Imagem: Google)

A cidade tornou-se um paraíso, mas dentro dele nunca teve segurança do futuro (Imagem: Google)

E agora? Estamos ainda no paraíso,  mas perdidos. Surge, com voz contundente e audível,  um  aviso  natural, objetivo,  mas cruel: aproxima-se o momento de saída da mineradora, que já está  tomando suas providências de despedida: tem gerência de “Fechamento de Mina” funcionando; as  barragens, então ameaçadoras, estão sendo descomissionadas, isto é, secadas; há compromissos, sim, da mineradora, mas  não tão abertas, embora garantidas pelo prefeito Marco Antônio Lage. E persiste a  incógnita inquietante: a população, como uma andorinha que voa,  não “no progresso”, como reza parte de nosso hino, mas sem rumo. Vive  perdida, sem uma organização tática de aviso, de convocação para a execução de um  trabalho sério. Resumindo: mesmo sem uma bússola,  o povo jamais enxergaria o que pode vir por aí. Drummond mesmo já perguntou: “Será que virá uma terceira Itabira?”

Infelizmente,  parece que estamos  nos  retornando à Idade da Pedra Lascada e nesta pré-história saímos da toca de armas, porretes e facas em punho para destruir o nosso vizinho, não sabendo que tal comportamento se estampa como  um ato irrefreável de suicídio coletivo.

CADÊ A DEMOCRACIA CONSTITUCIONAL?

O governo atual tomou posse em 2021 e desentendimentos vieram à tona: por quê? (Imagem: Google)

O governo atual tomou posse em 2021 e desentendimentos vieram à tona: por quê?  (Imagem: Google)

Em 15 de novembro de 2020, Itabira elegeu, democraticamente, o seu prefeito, vice-prefeito e vereadores. Quer dizer que os eleitos têm carta branca para governar por quatro anos, a menos que cometam  erro extremamente grave  no meio do caminho. Este fato não ocorreu,  somente picuinhas que deveriam  ser  superadas com habilidade e inteligência. A paz durou  pouco e  já se notam  passos do ser pré-histórico caindo na cilada do inimigo, que aposta  no tropeço de seu adversário, mesmo que signifique a ruína dele próprio  também.

Nada  mais é preciso dizer, senão que Itabira representa  um caso sui-generis na história do mundo. Há, sim, cidades que se reergueram  na mudança da cultura econômica, mas temos de convir que os exemplos começam com paz, união, compreensão, entendimento, harmonia e sem as malucas vaidades pessoais.

Ou nos conscientizamos  já, ou deixaremos um triste legado para as próximas gerações, cujos descendentes nossos poderão nos julgar, com tristeza e vergonha.

Opte cada cidadão pelo caminho que prefere,  mas que seja conscientemente.

Acordai, Itabira!

A EDITORIA

 

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