O parlamento brasileiro costuma ter representantes de partidos comunistas, da extrema esquerda. Conversando com um jornalista de Portugal, não militante de esquerda como temos no Brasil, ele explica a necessidade da existência de todas as ideologias num país qualquer, visando a sobrevivência da democracia.
Lendo as suas claras explicações, entende-se que o PCP, como sigla do comunismo, é clara e declaradamente um partido anti-democrático.
A pergunta não lhe foi feita, mas sua clareza mostra que uma “revolução” como a esquerda brasileira está propondo para o segundo turno do dia 30 de outubro vindouro não se encaixa no perfil brasileiro. Vamos a Pedro Reis, o senhor do tema:
Pedro Reis (jornalista português)
“O Partido Comunista Português (PCP) só foi normalizado porque tem expressão eleitoral e se a tem, dentro do nosso enquadramento legal, faz parte do regime democrático. Podemos sempre questionar a validade das suas ideias, mas o que não podemos fazer é questionar a sua existência, porque há 7% dos seus concidadãos que defendem essas ideias em Portugal.
Essas pessoas, bem ou mal, pagam os mesmos impostos que você e eu, usufruem dos mesmos problemas, vivem as mesmas limitações e, portanto, têm idêntico direito a expressar as suas convicções, no mesmo sítio que você e eu: na urna de voto. É certamente iliberal e atávico, quase um anacronismo, mas anti-democrático já não é nem tem expressão para tal. Por mim que o haja sempre e cada vez com menos votos; de derrota em derrota até à vitória final.
Outro aspecto é que os regimes democráticos precisam de ter antípodas para funcionarem, precisam dos anti-sistema para legitimarem o sistema, precisam de extremos para justificarem o centro. Caso contrário, acaba com um regime vazio de vozes dissonantes e incapaz de renovar-se. Hoje em dia, ao contrário do que muita gente acha, o país português tem um regime mais equilibrado, exatamente por ter mais vozes dissonantes, por ter contrapesos, quer à esquerda, quer à direita.
Todos eles só serão perigosos se o eleitorado do centro assim quiser e, diga-se, em abono da verdade que me preocupa mais quem exercendo o poder nada faz para mudar todas as pequenas coisas que permitem manter tudo na mesma, que aqueles que apontam os vícios do regime”.
Nota: Em Portugal, como em qualquer país do mundo, todos têm direito à liberdade e à democracia. No conjunto, ela só é possível se, como no caso do PCP, servir como contra-peso. E jamais para implantar uma “revolução”. O exemplo de Portugal serve para vasculhar outro país, já que em país 50 + 1% não há equilíbrio de pensamento político.
NS