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Ainda não tenho 60 anos de Itabira, mas, sim. conheço a cidade desde a infância. Na adolescência já era familiarizado com a terra drummondiana. e tinha a cabeça voltada para as eleições. Chamavam-me a atenção as disputas acirradas, como em 1963, quando Wilson do Carmo Soares venceu José de Oliveira Machado (Jody Machado) por apenas quatro votos, depois de recontagem que somava apenas três sufrágios.

Era amigo de Caio Martins da Costa, ele tinha uma fazenda em São Sebastião do Rio Preto. Promoveu  a I Exposição Agropecuária e Industrial de Itabira. O evento se realizava logo em frente ao escritório da Vale, no Areão, onde constatamos que um aventureiro vendia dentaduras, fato inacreditável. Idade Média Itabirana, comentavam os contemporâneos.

A atenção que dedicava a todos  também vinha do cidadão e  barbeiro Clorindo Leôncio Carvalho, conhecido popularmente como Seu Minô, atleticano de belas conquistas, desde os tempos dos “Campeões do Gelo” e do troféu “Campeão dos Campeões”. Seu Minô repetia o seu palpite político: Itabira é mesmo palco de alternativas eleitorais. Para ele e outros ganhar com larga margem de votos, fato chamado de “balaiada”,  era uma vez só. “O itabirano gosta de mudar a cada eleição”, confirmava o itabirano Carolino Salles da Pensão São Cristóvão, onde morei durante três anos.

 

MUDAR: SINA ITABIRANA

 

Para confirmar o que dizem os observadores, desenvolvi  levantamentos  a partir de quando o cargo de presidente da Câmara Municipal passou a chamar-se “prefeito”, para o qual foi eleito Antônio Linhares Guerra.

As fontes são de publicações registradas durante 30 anos de “Itabira e Centro-Leste em Revista” e, depois, de DeFato e DeFato Online. Há também afirmativas de marqueteiros honestos e desinteressados do tema, em conversas informais.

PROVAS EM FATOS

Abaixo são descritos os nomes dos candidatos eleitos. Os mencionados com as letras assim mencionadas: VMA = Vitória Margem Alta; VMP = Vitória Pequena Margem. Reparem que nunca se repetem vitórias com alta margem de votos, por partido ou reeleição (essa situação foi inserida em legislação recente.

*  Antônio Linhares Guerra — 1930 – 1934 (VMA)

*  Dr. Mauro de Alvarenga — 1935 – 1934 (VMA)

* Antônio Camilo Faria Alvim — 1937 – 1939 (VPM)

* João de Oliveira Torres — 1939 – 1942 (VPM)

— De 1942 a 1945 — Sem eleições (Ditadura Vargas)

* Dr. José de Grisolia — 1945- 1946  (VMA)

* Otto de Oliveira Pena — 1946 – 1946 (VPM)

* Emílio Zacarias Silva — 1946 – 1948 (VPM)

* Dr. José de Grisolia  —  1948- 1951 (VMA)

* Luiz de Melo Brandão—1951 – 1954 (VPM)

* Virgilino Quintão        — 1955 -1958 (VMA)

* José Eliziário Barbosa — 1959 -1959 (VPM)

* Daniel Jardim Grisolia — 1959 – 1962 (VMA)

* Wilson Carmo Soares  — 1953 – 1967 (VPM)

* Daniel Jardim Grisolia — 1967 – 1970 (VMA)

* Padre Joaquim Castro  — 1971 – 1972 (VPM)

  • Virgílio José Gazire—  1973 – 1977 (VPM)

* Dr. Jairo M. Alves     —   1977 – 1982 (VMA)

* Luiz Menezes            —  1989  – 1992 (VMA)

* Olímpio Pires Guerra—  1993  – 1996 (VPM)

* Jackson A. P. Taveres — 1997 – 2000 (VPM)

* Ronaldo L. Magalhães—  2001 – 2004 (VPM)

* João Izael Q. Coelho  —   2005 – 2008 (VMA)

* João Izael Q. Coelho —    2009 – 2012 (VPM)

* Damon Lázaro de Sena — 2013 – 2016 (VMA)

* Ronaldo Lage Magalhães —  2017 – 2020 (VPM)

* Marco Antônio Lage    —  2021 – 2024 (VPM)

* Marco Antônio Lage   —   2025 –     ?

 

José Sana

Em 6 de setembro de 2025.

Imagens: redes sociais

 

P.S-1 — Na ditadura Vargas houve mudanças internas, depois externas. O último eleito foi Dr.—Mauro de Alvarenga que, não aceitando o regime de exceção, abandonou o cargo.

P.S -2 —No levantamento 14 não obtiveram alta margem de votos; 12 vieram de eleições de vice-prefeito. O único que teve VMA foi José Machado Rosa em eleição individual.

P.S-3 —  Durante esta demonstração  (1930 a 2025) foram vice-prefeitos ou vereadores e  assumiram o cargo de prefeito os seguintes políticos:

 

José Eliziário Barbosa (1959)

Dr. Ariosto Procópio de Alvarenga Monteiro (1962)

José Machado Rosa (VAM – 1967)

Dr. José de Grisolia (1945)

Dr. Sylvio de Alvarenga Carvalho (1976)

Milton Dias Santos (1982)

Dr. José Maurício Silva (1983)

Dr. José Celso de Assis (1984)

Aylton Mendonça (1986)

Romeu Jacó dos Reis (1992)

Dr. Marco Antônio Gomes (2022)

P.S-4 — Aguardemos 2028 para confirmar a tendência itabirana que muitos denominam infalível. E ano que vem a de deputados estadual e federal, outra história a ser abordada.

NS
José Sana, jornalista, historiador, graduado em Letras, nasceu em São Sebastião do Rio Preto, reside em Itabira desde 1966.

    Da série: “Síndrome de Estocolmo”!

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