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Se um anjo bom ou mau aportar-se de madrugada na fazenda do prefeito de Itabira, e gritar as palavras que mexem com seus desejos e sonhos : “Acorde moço, senão você vai perder o comando da política na sua enganada terra natal”! Ele dará um pulo e cairá no meio do eleitorado porque não admite deixar a cidade em menos de daqui a cem anos. Amor de chupar ossos..

 

Então, é isto: o senhor Marco Antônio Lage levanta-se de supetão e, vestindo-se rapidamente  uma roupa do dia anterior  por cima do pijama, sai às trombadas e decide reinaugurar o seu famoso  vocabulário de falácias.  Não deixa sequer vestígios para a sua família perceber e, de pontas de pés como no balé,  perde-se nas ruas de Ipoema e bate em todas as portas, menos, é claro, na  residência daquele vereador que a cada dia encontra  uma barata na sopa.

Capa da revista DeFato em maio de 2008: Unifei já estava de fato acontecendo

Acrescente-se que o senhor Lage foi seguidor assíduo de Sigmund Freud, mesmo que seja somente sobre o tema sonhos e, mais especificamente, o que lhe interessa: “Sonhos são uma realização disfarçada de desejos reprimidos e a estrada real para o inconsciente.” — disse Freud. Então, segue à frente.

 

Numa das porteiras que faz ranger com volume em  200 decibéis e acordar bois, vacas, bezerros e cães, o cara que chegou para atender aos gritos alucinados do intrépido visitante recebeu a seguinte informação: “Até agora não consegui dormir depois que ouvi seu discurso sobre a Unifei.”  Marco  não corou, apenas impediu o “paciente” de falar, seguindo as regras determinadas pela mandante do governo, que dá as carta para  tudo o que ocorre  no ambiente. Ou seja, para prefeito, Itabira votou duas vezes na delicada e animada figura feminina.

 

BALELAS DESLAVADAS

 

Um microfone, até sem energia e um monte de cupim servem para transmitir  mentiras gritadas na Unifei, e desafio o tomador de conta da prefeitura a contestá-las. Digo que faço perguntinhas que não podem ofender e deixo mil e outras colocações para trás. Como trabalhador na área de jornalismo, nunca tive tantos e tantos argumentos a discutir diante do quadro horroroso que se apresenta para Itabira, um prefeito extremamente ambicioso e egoísta.

 

“Que é isso, rapaz?” — alguém desinformado me questiona. E acrescenta: “Ele obteve quase 80% de votos. Trata-se de um líder incontestável.” Claríssimo, concordo e sempre repito  tal verdade, mas tenho as minhas  razões que podem estar acima de quaisquer outros argumentos, até de votos, que são temporais e mudam como as nuvens na esfera do firmamento.

Comitiva com vice-presidente José Alencar em  2006 reforçou a instalação da Unifei

 

Dirijo-me ao excelentíssimo senhor Marco Antônio Lage, que adentrou o recinto da Universidade Federal de Itajubá (Unifei) em Itabira, fez o vasto falatório que sabe usar com maestria, maquinou críticas pesadas ao ambiente em que discursava ao microfone, só não se lembrou, em momento algum, de reconhecer a Unifei e sua história.

 

E muito menos seus 20 anos (e não 18 como repetiu) de existência, de lutas que até me levaram por conta própria, como jornalista,  a  conhecer o modelo construído em Sophia Antipolis, no Sul da França, o Parque Científico e Tecnológico.  Por orientação do então grande reitor Renato de Aquino Faria Nunes fui lá conhecer o que transformaria  Itabira em Cidade Universitária. Em  Itabira, o senhor prefeito nem quis saber, chutou o balde e pensou em si. “Eu, eu, eu, eu, eu” — diz seu subconsciente para o inconsciente.

 

Ao invés de participar do triunvirato Prefeitura -Vale – Governo Federal, o senhor Lage teve a avançadíssima cara de pau de vir a público dizer que “não é certo, não é legal, não condiz com a realidade uma prefeitura injetar dinheiro no Governo Federal.” Ainda completou que estava saindo desse convênio e nada prometeu em troca. Por que não foi buscar uma universidade, já que ele cansou de beijar o Lula de graça?

 

Diante de uma série de queixas e reclamações, o senhor Marcolage resolveu até ir a Brasília (seu passeio predileto) consultar políticos e buscar apoio à sua insegurança de abandonar a nossa mina salvadora. Mandou até publicar uma foto com o vice-presidente Geraldo Alkimin que estaria endossando as suas intenções. Deu um tiro de canhão no sonho itabirano. Só não matou Itabira porque usávamos capacete de aço.

Diário de Itabira estampou a incrível e quase inacreditável declaração do prefeito de Itabira

 

 

CAMPANHA DOS 80%

Todos sabem o que o senhor prefeito fez em seguida: pegou os bilhões do maior orçamento de prefeituras talvez do Brasil, interioranas, e sapecou essa dinheirama em praças e pracinhas, pinturas e reforminhas que, com certeza embelezaram os olhos dos jecas-tatus, como se dissesse o seguinte: “Se querem os milhões da Vale vindos da mineração, acomodem-se nas pracinhas, são lindas, são cheias de charme!”

 

Fez lembrar o caso da siderúrgica Vatu, que a Vale prometeu para Itabira nos anos 1960, e que provocou a demissão de dois jornalistas da Vale pela chamada de primeira página do jornal: “Se queres a siderurgia, VA TU buscar!”

 

O DIA ESPECIAL DO FANTASMA

 

No dia 26 de setembro de 2025 (registre-se a cruel data), sem nenhuma novidade administrativa vinda do governo municipal, eis que a primeira notícia foi que o orçamento, malfeito, assustou Itabira inteira: corte de 30% na arrecadação municipal. E que fez os poderes naufragarem numa nau sem rumo. Nasce aí o DIA DO FANTASMA.

 

Depois desse serão novos 30% a cortar. Certo está que em muito menos de chegarmos a 2041, como a própria mineradora previa, estaremos vendo e ouvindo a despedida fatal da empresa, enquanto o chefe do executivo faz de conta de que  nada sabe. E começa a xingar em microfones e montes de cupim a todo aquele que está longe ou é surdo.

 

O senhor prefeito teve a audácia (será que sobrou para mim acordar esse parasita povo itabirano?) de comparecer à solenidade de doação da Vale no valor de R$ 60 milhões para ressuscitar a Unifei, que foi atingida no coração pela ambiciosa vontade de continuar sendo esse atual mandatário no poder. Cara de pau ou corajoso, dentro do ambiente que ele renegou em sua própria fala, disse, determinadamente, que “a Unifei ainda não aconteceu”.

 

As cadeiras balançaram. As mesas tremularam. Os chefes da Vale nada disseram pois não mexem com politicagem. A mesma coisa que alguém ser convidado para um banquete e criticar a comida num elegante discurso. Como fala esse sofista! Quem acredita em reencarnação com certeza aponta uma reprodução itabirana daqueles “eruditos” tagarelas que perambulavam nas polis criadas na Grécia Antiga..

 

Ora, o responsável número um pelo fato de a Unifei ter apenas 1.800 anos, hoje, é exatamente ele, aquele que viajou a Brasília só para encontrar alguém que o animasse a ser contra Itabira. Vou dizer seu nome próprio, de cartório e pia batismal: Marco Antônio Lage (MAL). Que fez o mal e tornou a Unifei, que deveria ter, hoje, dez mil alunos.

 

Falta de respeito? Sim e provo: da primeira turma graduada em 2012 até 2025 a Unifei  formou 2.196 engenheiros que estão, todos, trabalhando no seu ofício. São estudos e entrega ao mercado desses competentes profissionais que não estão à toa na vida e são o resultado de 13 anos de trabalho árduo. Centenas de pesquisas e trabalhos desenvolvidos não somente em Itabira, mas da região, ocorreram. Foram, portanto, comunidades que se formaram e aconteceram.

 

Que audácia! O senhor prefeito pensa que a formação desse pessoal de nada vale? Dentro do tempo de dedicação e constante empenho de alunos, segundo estudos desenvolvidos em 2016, com vigência para 2015, houve um impacto econômico da Unifei para Itabira da ordem de R$ 205.542.263.44 (duzentos e cinco milhões, quinhentos e quarenta e dois mil, duzentos e sessenta e três reais e cinquenta e cinco centavos) no ano de 2015. Seriam mais que 20% da arrecadação da Prefeitura de Itabira. Quem fez esse levantamento? Empresa de outras cidades. Ainda voltarei aqui para detalhar mais ocorrências de brilho dos estudantes que aconteceram.

 

Com esses números, senhor prefeito, o senhor pode imaginar o quanto de prejuízo liderou, comandou, puxou para obras mesquinhas, deixando de lado a real vocação que se despontava para a nossa cidade? E fica aí se enrolando com projetos que nunca saem do papel nem se fossem

 

Basta de argumentações!  Deixo o resto para quem tem olhos de ver, ouvidos de ouvir e ama Itabira. Acompanhei de perto o trabalho dos prefeitos Ronaldo Magalhães e João Izael, sem partido, somente Itabira (como o senhor  dizia na sua primeira campanha) assino e me responsabilizo por essas informações e para outras, as quais guarda para uma eventual réplica.

 

E digo aos conterrâneos itabiranos estas simples palavras: vamos salvar a Unifei? Vamos garantir que ela aconteceu? Que os recursos que Itabira ainda vai receber (que começaram a minguar-se precisam ser aplicados no futuro?

Salvo melhor juízo. Aguardo os que concordam comigo e os que discordam de mim.

 

José Sana

Em 6 de outubro de 2025

Fotos: Notícia Seca

Com: Sec. de Comunicação Unifei/Itajubá

NS
José Sana, jornalista, historiador, graduado em Letras, nasceu em São Sebastião do Rio Preto, reside em Itabira desde 1966.

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