No meu livro “Ser Vereador” (1999, depois reeditado em 2020), tento dar uns pitacos de como exercer o mandato parlamentar municipal de forma correta, seguindo as leis e a ética. Espertezas, nunca, trapaças idem, vergonha na cara indispensável.
O vereador pode acomodar-se no seu canto e merecer o epíteto de “virador”, aquele que se encosta e só confere a sua conta bancária. Não tem o compromisso em questionar, ponderar, dar sugestões e nem comentar qualquer matéria legislativa, seja de origem do Poder Executivo ou do próprio Legislativo.
Os questionadores não são apreciados pela equipe instalada no terceiro andar do Paço Municipal Juscelino Kubitschek de Oliveira. Para agrado do prefeito, em especial o atual, que não admite questionamentos, tem ou que ficar calado ou bancar o carneiro diante até de aberrações.
O vereador é, sim, responsável pelo seu voto, ele pode decidir por um caminho correto ou não, pode conduzir o município para um caminho perigoso. Por exemplo, eu não entendi o porquê, na atual gestão, foi preciso de o prefeito usar um novo sistema, totalmente inédito em Itabira, de atas de cidades situadas até nos cafundós do judas para que determinadas ações não fossem sequer colocadas em debate. Não sei o que Santana do Rio do Prego tem a ver com Jacarandá do Rio Bravo nem com Itabira do Mato Dentro.
O bom vereador, quando as pautas vindas do prefeito são vazias ou fracas, ele pode inventar o seu método de trabalho, pode criar mecanismos diversos. No meu tempo de parlamentar municipal criamos o Plano Funil, algo mais objetivo que o Orçamento Participativo e que foi praticado 15 anos antes da ideia petista.
Hoje, vejo com bons olhos o trabalho de Sidney do Salão, que não tem a preguiça de trabalhar aos domingos e percorre bairros itabiranos aplicando a sua iniciativa “Cabeça Feita”. Muita ação social, solidariedade, excelente aplicação de ideias a favor da classe menos favorecida. Não entendi o porquê Sidney não se reelegeu, apesar de entender o motivo pelo qual ele nunca desiste de seu incansável labor.
Com certeza, Sidney fará algumas modificações nas suas programações para que o povo entenda melhor o objetivo que pode ser, também, político. Para mim ele foi o inverso do prefeito, que usou a máquina pública o para se projetar, com obras e obrinhas, enquanto o vereador permaneceu na busca de recursos privados para tocar as suas ações.
A eleição de duas mulheres foi algo positivo ocorrido neste ano e, por isso, o povo delas espera sejam atuantes intocáveis. O exemplo que dá o vereador eleito, de Ipoema, Luiz Carlos, em declarar-se independente lhe confere plena força, assim como outros podem seguir seu exemplo como o de Heraldo Noronha. Esse negócio de bancada da oposição ou da situação a meu ver não deve existir. Ou o sujeito é Itabira, de curto a longo prazo, ou filho de um capiroto destruidor.
Concluo: é difícil, mas não se mostra tão fácil ser um bom vereador, dormindo com a consciência sendo adepta do travesseiro macio, limpo e sem provocar insônias perturbadoras. Como já dizem por aí, o prefeito será candidato a governador de Minas Gerais. Então, que seja na paz, na esperança, no respeito mútuo, e retorne aos tempos da primeira campanha quando proclamou a frase inarredável: “Meu partido é Itabira!”.
José Sana
01/11/2024
Fotos: Arquivo)