‘‘Gente, isso é normal!” — gritava dona Ana, moradora do Bairro Santa Tereza, exatamente às 16h38 do dia 20 de julho de 2023. O alvo de suas palavras pedindo calma eram dirigidas aos moradores de sua casa, todos adolescentes, e à vizinhança azucrinada.
O que estava acontecendo? Uma suposta “dinamitagem” bem no subsolo do centro da cidade e dos Bairros Pará, Penha, Campestre, outros. Vários comentários voavam de boca a boca. Ouvidos gravavam.
A Defesa Civil foi acionada. Políticos nada disseram por enquanto, principalmente o prefeito Marco Antônio Lage, apesar de seus fortes (ou fraco) serem as lives. A reportagem ia tentar falar com o secretário de Meio Ambiente, Denes Lott, quando alguém disse que seu telefone estava ocupado, ou melhor ¨desligado”.
Alguns comerciantes deram suas sentenças: “A Vale está se apressando para ir embora daqui”, disse um deles, que tem loja na Avenida João Pinheiro.
PRESSA DA VALE?
Uma senhora que descia a Rua Dom Prudêncio agarrou-se a um poste para não cair. Joaquim da Cruz ligou do Campestre para sua casa, pertinho dele, perguntando se copos estavam mesmo quebrando. Várias versões surgiram sobre o evento inusitado nos últimos meses, de tão impressionante que foi.
“Essa dinamite, tipo novidade, era sentida há uns dez anos — confirmamos em nossos arquivos — e tinha o objetivo de evitar o barulho. O itabirano acostumou-se com o ‘samba canção’ ou ‘valsa’, mas agora a Vale resolveu ativá-la para não sei o quê…”, esbravejou uma ex-funcionária da Vale.
“Acredito que a Vale manda um recado — que não vai embora nunca. Não estão vendo que o prefeito está numa boa, tranquilo, fazendo discursos inflamados, mostrando que em 2041, no fim das zoadas de trens, poeiras, apitos, ele não estará mais aqui?”, palavras de B.C., que vendia pipocas há poucos anos nas portas de escola.
ASSIM VIVE ITABIRA
Sempre especulações. Fazer o quê? Cada um leva do jeito que recebe. O “home” (prefeito) acusa até quem morreu de há muito de estar fazendo campanha eleitoral antecipada. Parece brincadeira porque foi ele quem, em março, numa conferência de saúde, rasgou o verbo: “Eu sou candidato à reeleição!”
Disse sua Excelência, enfaticamente, que “a imprensa de Itabira acabou”, não existe mais. De acordo com seu entendimento e interpretação, está correto. Marco Lage era diretor de comunicação corporativa da Fiat, estava acostumado só com algodão doce, mamão com açúcar e suco de maracujá, e não conhece marreta na bigorna, mal e mal vê a “praça é nossa”.
Em decorrência desta situação, não há setores confiáveis, mesmo que recebam verdades e as distribuam límpidas e cristalinas ao povo. Nem fakes news são porque isso é inventado e por aqui só se aumentam e nunca inventam. Itabira, então, é uma cidade mal informada e assim será enquanto não pegarem um machado e não abrirem a cabeça do alto mandatário.
José Sana
Em 21/07/2030
Fotos: Arquivo/DeFatoonline
NOTAS AO PÉ DA PÁGINA
- “Estava na sala daqui de casa, na João Pinheiro , por volta de 16h50, quando de repente a casa toda começou a tremer forte, as paredes vibravam, os quadros nas paredes se movimentavam, as louças nós a armário se movimentavam e batiam umas nas outras, as janelas e portas batiam e a cadeira onde estava sentava se movimentou. Foi um horror (MGSS)”.
- “Na semana passada, em Congonhas, houve também poeira das minas ao seu redor. O Ministério Público de lá notificou as mineradoras e determinou medidas para evitar este problema. Houve uma grande reportagem do MG-TV sobre esse fato. Não saiu nada sobre o mesmo ocorrido aqui. Nenhuma autoridade local falou nada. Enquanto esses abusos da Vale não sejam notificados na mídia nacional, a Vale dormirá em berço esplêndido” (MGSS).
- “Essa dinamite da Vale é muito parecida com aquela que os EUA jogaram em Hiroshima no fim da Segunda Gerra Mundial” (SAF).