Uma vida emocionante começou a ocorrer em 1952 e se encerrou simbolicamente – porque ela é eterna – em 2021, fatídico início de ano com pandemia.
Como descrever tantas emoções para contar a sua vida? Não existem palavras de verdade para exprimir todo esse encantamento que se tornou vida desta criatura que praticamente Itabira inteira conheceu como Santinha. Amada e que a todos amava.
Nunca um apelido se encaixou tão real como o dela. Perfeita para quem, na verdade, chamava-se Maria das Dores Guimarães de Souza. Seus familiares sofrem sua ausência, os amigos também, embora haverá de chegar o momento de aceitar que uma Santa não tem outro lugar senão o melhor em que se encontra.
Maria das Dores nasceu em Rio Piracicaba, numa fazenda. Era a décima filha de uma família chefiada pela mãe Maria do Rosário Guimarães e o pai Antônio Clementino de Souza.
Notícia Seca quis e quer fazer uma homenagem a esta criatura diferente, de virtudes inimagináveis. Mas, fica no ar uma pergunta: como exprimir palavras que definam esta criatura literalmente Santa?
A forma mais sensata que NS encontrou foi transcrever o seu currículo, não importa quem tenha redigido, importa que é uma jornada de vida invejável, que tenta explicar, por si só tantas lágrimas derramadas pela falta que ela faz.
SANTINHA BEM-CUIDADA
“Santinha nasceu na zona rural de Rio Piracicaba – Fazenda dos Borges – em 5 de fevereiro de 1952.
O seu parto sofrido, na fazenda e com parteira, resultou em anoxia fetal” (falta de oxigênio) para suprir as suas atividades metabólicas, especialmente o cérebro, e provocou uma deficiência mental difusa.
No entanto, sua mãe, sempre zelosa e preocupada, percebendo que ela tinha um desenvolvimento fora dos padrões dos outros filhos, aos quase dois anos, procurou ajuda médica especializada em Belo Horizonte.
A aceitação da filha especial, por seus pais e pelos seus familiares, foi crucial para o desenvolvimento de Santa, ao longo de sua vida. Desde cedo, a família investiu nas suas potencialidades, realçando suas conquistas e promoveu seu crescimento e desenvolvimento como pessoa”.
DA FAZENDA PARA O MUNDO
“Santa permaneceu nessa fazenda até 1961, quando mudou-se, com sua família, para Itabira.
Morou três anos (1965 a 1967) em Belo Horizonte, residindo em casa de família, para estudar no Instituto Pestalozzi – com o objetivo de receber um tratamento especializado e criar independência /autonomia e se socializar.
No ano de 1970, Santa passou a frequentar uma classe especial numa escola regular – Grupo Escolar Dr. Pedro Guerra – que pertencia à Companhia Vale do Rio Doce, no bairro Conceição de Cima – local onde sua irmã Baginha lecionava”.
COMO CUIDAR DE UMA SANTA?
Santa, desde cedo, foi incluída em pequenas tarefas, como: atender telefone, recolher a correspondência, ir à padaria, dar recados, organizar seus pertences, sugerir lista de compras, dentre outras.
Ela sempre teve uma vida totalmente ativa, fazia natação, dança circular, pilates, massagem, bordava, pintava, desenhava, escrevia, votava, era muito religiosa frequentava as missas na Catedral. Desde nova, participava de todos os momentos e eventos da família e da sociedade em que estava inserida”.
SANTA, MODELO ACADÊMICO
“Santinha foi uma das pessoas estudadas em uma pesquisa, de uma tese de doutorado de uma pesquisadora da Fiocruz/Rio, em que o tema foi – a aceitação das pessoas portadoras de necessidades especiais pelas famílias e seus efeitos.
Santa adorava música, a ouvia todos os dias e a maior parte do dia. Era fã de Roberto Carlos que conhecera no Instituto Pestalozzi-BH onde estudou. Seus cantores e compositores preferidos eram: Toquinho, Milton Nascimento, Chico Buarque, Caetano Veloso, Tom Jobim, Ivan Lins, Maria Betânia, Elis Regina, Gal Costa, dentre outros”.
SANTA INDEPENDENTE, CULTA E SOCIAL
Adorava viajar, principalmente de avião. Fez várias viagens, de avião para o Rio, sozinha, onde passava suas férias de julho como dizia ela “férias coletivas”, na casa de sua irmã Maria Cecília.
Fez várias exposições de quadros, desenhos e bordados em locais como: Funcesi, Fundação Cultural Carlos Drummond de Andrade, na CEMIG, Faculdade de Medicina da UFMG e Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais – PUC/MG. Todas, com muito sucesso!
Santinha fazia amizade muito facilmente e tinha um ciclo de relações imenso formado de pessoas de todos os níveis – socioeconômicos, profissionais, educacionais e culturais, invejável! Para todos, emitia sempre uma palavra de carinho acrescida de “bitocas” – sua marca registrada.
Ela sempre foi o centro e o elo de sua família. Cinco de fevereiro, seu aniversário, era a data do ano mais importante para ela. Esse momento era festejado com a família e amigos.
Em 2002, recebeu o título de “Mulheres Notáveis”
Faleceu no dia 24 de fevereiro de 2021, em Itabira”.
CONCLUSÃO
Pedimos licença à família de Santinha para dar uma assinatura coletiva neste currículo e dizer que ela foi além de gente notável, foi um ser humano modelo para o mundo. Com o amor da família, é claro.
Assinado: Comunidade Itabirana
Fotos: Álbum de Família
Santa residia proximo à minha casa. Nos víamos sempre! Sorridente e falante a todos cativou. O texto de José Sana a retratou muito bem. Sei que foi muito bem cuidada por toda sua familia . Suas irmãs Baginha e Zara eram as suas fiéis escudeiras. Estou com saudade de Santa desde o ano passado quando a quarentena nos privou de sair. Hoje ela pinta e borda na Casa do Pai.
Linda e merecida homenagem a essa pessoa tão incrível! Ela agora alegra o céu. Parabéns a toda família pela forma respeitosa e carinhosa com que sempre trataram a Santa. Era lindo de se ver. Saudades eternas!
Obrigado pela participação. Continue conosco.
Todos que tiveram o privilégio de conhecer Santa e sua linda família, a admiraram e se emocionaram com ela por inúmeras vezes. O céu estará sempre em festa com a presença da nossa inesquecível amiga. Saudades eternas!!!
Kamile Macêdo Félix e família.
A doçura de Santa contagiava todos à sua volta !! O carinho e cuidado de suas irmãs com ela, sempre foi um exemplo de vida !! Um anjo no céu !!!
OBRIGADO POR POR ELA E PELA PARTICIPAÇÃO. CONTINUE CONOSCO.