Novidade? Não totalmente. O Partido Novo já existia em Itabira desde 2015. Na eleição de 2022 premiou o eleito governador Romeu Zema com uma vitória estupenda sobre Elias Kalil. Em 2026, deve encerrar as disputas para o governo mineiro, mas pode esticar a presença do reeleito chefe do executivo de Minas Gerais até a Presidência da República.
Carlos Alberto Pinho Duarte, Beto, como é conhecido, empreendedor no setor de Tecnologia da Informação e Desenvolvimento de Sistemas, filho de Joaquim Eudelcio Duarte e Maria de Lourdes Pinho, itabirano, 36 anos, casado, pai de uma filha, surge aí impressionando com conhecimentos profundos de política. Ele é presidente da Comissão Provisória do Partido Novo em Itabira, formado em Tecnologia em Análise e Desenvolvimento de Sistemas pelo Pitágoras.
Atenção: De início, informamos que Beto não é candidato nem a diretor de associação comunitária, mas um jovem que chega para ajudar Itabira a desenvolver-se, como ele diz.
Na entrevista a seguir o leitor fica sabendo do mundo de conhecimentos que o membro do Novo traz para clarear o ambiente político em Itabira, um tanto quanto poluído e muto mal organizado.
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Tenho a honra e a oportunidade de liderar a primeira comissão provisória do Novo em Itabira
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N.S. — Você se inscreveu no Partido Novo agora e de cara, na primeira participação, assume a presidência? Ou já era filiado e eleitor?
BETO — Meu envolvimento com o Partido Novo teve início em 2015, quando, em outubro daquele ano, manifestei interesse em ser um líder do partido em nossa cidade, Itabira. Na época, fui informado que a fase de criação de diretórios se iniciaria no ano seguinte. Durante as eleições de 2018, um amigo que sabia do meu apreço pelo partido, convidou-me para participar de uma reunião do candidato a Deputado Federal pelo Novo, Tiago Mitraud. Nessa ocasião, tive a oportunidade de conversar com Clarissa Leal, responsável pela organização do evento, e juntos decidimos unir os simpatizantes do Novo em Itabira. Inicialmente, éramos eu, Clarissa e Labruna, e começamos a estudar o caso de sucesso da expansão do partido em Juiz de Fora, iniciando assim nosso movimento de mobilização na cidade. Nas eleições, trabalhamos ativamente para a eleição de Tiago Mitraud e Romeu Zema, ambos alcançando expressivas votações em Itabira. Em janeiro de 2019, fui convidado para uma reunião em Belo Horizonte, onde me tornei líder da microrregião de Itabira, com Jercisley assumindo o cargo de líder local. Durante as eleições de 2020, conseguimos quase 100 filiados, porém, as regras do partido exigiam um mínimo de 150 filiados para a formação da comissão provisória, o que não nos permitiu obter a autorização naquele momento. Este ano, o Diretório Estadual nos concedeu a permissão para formar a comissão provisória e participar das eleições municipais em 2024. Tenho a honra e a oportunidade de liderar a primeira comissão provisória do Novo em Itabira. Essa é a primeira a ser registrada.
N.S. — O Novo é um partido de direita. Você representa a direita neste contexto ?
BETO — Sim, o Partido Novo, com sua orientação liberal de direita, estabeleceu uma aliança estratégica com a Direita Minas e o Partido Liberal (PL). Essa colaboração tem como objetivo principal representar os valores conservadores e a perspectiva da direita na política local, promovendo assim uma maior pluralidade e representatividade.
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Na minha percepção, os habitantes de Itabira tendem a ter uma inclinação conservadora
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N.S. — Itabira não é uma cidade esquerdista? Você tem informações sobre isso?
BETO — Na minha percepção, os habitantes de Itabira tendem a ter uma inclinação conservadora. Tive acesso a uma pesquisa realizada em fevereiro de 2024, na qual foram entrevistadas 592 pessoas. Ao serem questionadas sobre sua identificação política, 5,8% se consideraram de centro-direita, 4,2% de centro-esquerda, 24,7% de direita, 11,3% de esquerda, 38,5% não se identificaram com nenhum espectro político e 15,5% não souberam ou não responderam. Esses dados evidenciam a presença significativa da centro-direita e da direita em Itabira. A união entre Novo, Direita Minas e PL nestas eleições visa justamente representar esse eleitorado.
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É preocupante ver projetos importantes, como a Unifei, iniciados anos atrás, serem paralisados
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N.S. — É a primeira vez que você milita em política. Como entende a política em Itabira? Como vê o cenário? Os problemas? Os desafios?
BETO — Sim, é a primeira vez que venho participar ativamente da política. Como presidente de partido tem sido uma experiência incrivelmente enriquecedora para mim. Essa transição do papel de espectador para ator ativo tem proporcionado uma visão muito mais realista do processo eleitoral em nosso município. Atualmente, Itabira enfrenta desafios significativos sob a gestão de um prefeito populista, que, apesar de ter se apresentado como um gestor competente durante a eleição de 2020, tem enfrentado sérios problemas em áreas críticas como saúde pública, limpeza urbana, fornecimento de água e segurança pública. Além disso, diversas obras de revitalização de praças e asfaltamento de ruas, que deveriam ter sido concluídas, permanecem inacabadas, demonstrando uma falta de responsabilidade e respeito com o dinheiro público por parte da administração atual, que busca sua reeleição. Um desafio crônico em Itabira é a falta de continuidade nos projetos ao longo das mudanças de governo. É preocupante ver projetos importantes como a Unifei, iniciados anos atrás, serem paralisados ou descontinuados devido a motivos que vão desde ego até descaso político. Isso impede o progresso da cidade e frustra os esforços de indivíduos bem intencionados que trabalham para o futuro pós-mineração e para a diversificação econômica da região. O grande desafio de Itabira é alcançar uma harmonia política que permita a elaboração de um plano de médio e longo prazo para a diversificação econômica e a redução da dependência da cidade em relação à Vale.
N.S. — Uma pergunta que a maioria dos políticos de Itabira procura escorregar dela: haverá vida em Itabira após a Vale?
BETO — Sem sombra de dúvida, o itabirano é composto por oitenta por cento de ferro nas almas, ele é forte. Agora, se a transição será leve ou pesada, isso depende das ações que fizermos agora para minimizar esse impacto.
N.S. — Você teria uma resposta também para esta questão: por que muitas autoridades fogem da resposta a essa questão?
BETO — Não possuo uma solução pronta para os desafios que enfrentamos, mas acredito que existem alguns caminhos que poderíamos explorar. Um deles seria transformar Itabira em um polo tecnológico, seguindo o exemplo de cidades como Santa Rita do Sapucaí. Além disso, poderíamos investir na criação de uma infraestrutura adequada para atrair empresas e profissionais. que trabalham em home office. Também poderíamos aproveitar a estrutura deixada pela Vale em Itabira, como a ferrovia que liga a Vitória, a disponibilidade de água e estabelecer parcerias com empresas como a Boston Metal, que possui tecnologia para transformar rejeitos da mineração em aço verde. Essas são algumas das possibilidades que considero promissoras e que poderiam ser exploradas como alternativas para impulsionar de imediato o desenvolvimento de Itabira.
N.S. — O Novo está se preparando para lançar candidatos nas próximas eleições?
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Atualmente, temos o Dr. Robson Esteves inscrito e participando da Jornada 2024 ….. e estamos em conversas com outros afiliados
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BETO — O Novo está dedicando esforços significativos para apresentar-se como uma opção viável para os eleitores itabiranos que desejam um futuro diferente. Reconhecemos que governos populistas só tendem a agravar a situação econômica de nosso município no longo prazo. Hoje, representamos uma semente de esperança para a renovação política municipal e estamos comprometidos com essa missão. Queremos ser a ponte que une os diversos atores políticos em uma frente ampla de oposição ao atual prefeito. Para os cargos de vereadores, na nossa aliança com a Direita Minas e o PL, optamos por formar a chapa dentro do PL. Quanto aos candidatos a prefeito, os nomes indicados são do Partido Novo: atualmente, temos o Dr. Robson Esteves inscrito e participando da Jornada 2024 (Processo de seleção de candidatos do Partido Novo), e estamos em conversas com outros afiliados interessados em se candidatar. Ainda estamos avaliando se iremos concorrer com uma chapa pura, nos juntar a outro partido, ou apoiar algum candidato externo. Essa decisão será tomada após uma avaliação cuidadosa das circunstâncias políticas e estratégicas.
N.S. — O partido está disposto a conversar com outros partidos para tomar decisões referentes a prováveis ou eventuais coligações? Tem até agora contatos programados ou já realizados?
BETO — Não só estamos dispostos, como acreditamos que esse será o caminho necessário para construir uma frente política sólida em prol do bem-estar de Itabira. Já iniciamos conversas com outros candidatos e presidentes de partidos, deixando claro que estamos abertos a apoiar e receber apoio, caso nossos candidatos sejam a escolha dos eleitores itabiranos. Acreditamos que o diálogo e a colaboração entre diferentes forças políticas são e serão fundamentais para construir um futuro melhor para nossa cidade.
N.S. — Você é itabirano. Até agora tinha acompanhado e/ou vem acompanhando o desenrolar das ações do governo municipal? Ou há mais tempo?
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A questão da diversificação econômica e exaustão mineral não aparece como um problema em entrevistas
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BETO — Sim, sou nascido e criado em Itabira. Desde 2018, estou envolvido ativamente com o Novo, e mesmo que de forma indireta, tenho acompanhado de perto o desenrolar das ações do governo municipal. É importante destacar que, por não concordar com certas abordagens, sinto-me motivado a participar ativamente no processo político, buscando contribuir para o desenvolvimento e progresso de nossa cidade.
N.S.— Itabira, até a chegada da Vale, tinha vida própria, independente da mineração de ferro. A partir de 1942, com o passar dos anos, a dependência criada cresceu de forma gigantesca. Hoje somos 80% (cálculo de entendidos) atrelados à atividade minerária. Você vê tempo suficiente para a situação ser mudada ou acha que já estamos matematicamente condenados como advertiu o presidente do Sindicato Metabase: “Itabira pode se tornar uma “cidade fantasma’?
BETO — Eu acredito que devemos ter esperança e começar a discutir mais esse tema. A maioria dos itabiranos não acredita que isso um dia vai acontecer, o que se reflete nas pesquisas. A questão da diversificação econômica e exaustão mineral não aparece como um problema quando os entrevistados são questionados sobre os desafios da cidade. No entanto, é fundamental reconhecer a urgência dessa discussão e buscar soluções viáveis para garantir um futuro sustentável para Itabira. Temos que agir agora para evitar que Itabira se torne uma ‘cidade fantasma’ no futuro.
N.S. — Como você vê a situação de Romeu Zema no espaço político estadual ou federal? Ele pode candidatar-se a presidente da República?
BETO — O Partido Novo tem trabalhado nessa direção. Acredito que Romeu Zema seria uma excelente opção para o Brasil se ele decidir concorrer à presidência. Ele já demonstrou sua capacidade como Governador de Minas. Atualmente, nosso foco é fortalecer o Novo nos municípios, e é isso que estamos fazendo em Itabira, pois reconhecemos que nosso apoio será fundamental para qualquer candidatura futura de Zema.
N.S. — O Partido Novo, em Itabira, pelo que percebi na entrevista, topa qualquer parada para as eleições de outubro: terceira via, chapa pura, coligações. Qual das três seria a mais atraente?
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Uma coisa é certa: estaremos na oposição ao atual governo, pois discordamos da sua abordagem populista
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BETO — Nosso objetivo é explorar todas as possibilidades para as eleições de outubro, considerando o que é melhor para a cidade. Estamos avaliando cuidadosamente diferentes opções, levando em conta diversos fatores. Uma coisa é certa: estaremos na oposição ao atual governo, pois discordamos da sua abordagem esquerdista e populista. Queremos garantir um futuro melhor para Itabira. No cenário ideal, uma chapa pura para o Novo seria excelente. A decisão final, no entanto, ficará a cargo dos itabiranos, e acreditamos que o termômetro para medir suas preferências serão as pesquisas de opinião e o engajamento nas redes sociais.
N.S. — Alguma questão abordar que não tenha sido colocada em pauta?
BETO — Quero aproveitar esta oportunidade para expressar minha gratidão por esta entrevista. Além disso, gostaria de compartilhar que minha motivação para ingressar na política vem da consciência de que estou fazendo minha parte para melhorar a política em nossa cidade. Acredito firmemente que participar ativamente é a melhor forma de promover mudanças positivas. Caso contrário, corremos o risco de passar a vida toda apenas reclamando do sistema político. Como disse Platão: ‘O castigo dos bons que não fazem política é serem governados pelos maus’. Assim, estou comprometido em ser um exemplo e contribuir para uma política mais justa e eficaz em nossa comunidade.
José Sana
06/05/2024
Foto: Novo