ENTREVISTA: ROBSON MATOS ESTEVES
Robson Matos Esteves mora em Itabira desde 1991. São 33 anos de convivência com os mais intensos e diferentes problemas. Só de citar a sua luta na época da “corrida do ouro itabirana” é revelado o que presenciou e enfrentou.
E logo ao aposentar-se, entrou para a política, foi candidato a deputado federal e estadual em 2006 e 2010, obtendo 29 mil e 18 mil, respectivamente.
Robson, que a comunidade prefere chamá-lo de Doutor Robson, mesmo aposentado, 64 anos, casado com Vânia Campos Mendonça Esteves, com quem teve os filhos Thiago, Filipe e Frederico, esses que lhes derem quatro netinhas para equilibrar o exército de homens (Júlia, Olívia, Luiza, Alice), além dos rapazotes Henrique e Murilo.
Vamos ver o que ele pensa da política itabirana e como espera ir à convenção de sua agremiação em outubro próximo, o Partido Novo.
“Estamos trabalhando nos negócios da família”
NOTÍCIA SECA — Desaparecido da política itabirana, por onde você andou e o que estava e está fazendo por aí nos últimos anos?
DOUTOR ROBSON — Por aqui, trabalhando nos negócios da família — loteamento, construção civil, supermercado, fazenda.
NS — Estamos acompanhando, nos últimos dias, a sua chegada ao Partido Novo. Por que esse partido político?
DR— Porque o Partido Novo representa aquilo que eu penso em termos de politica, é um partido conservador, que acredita na economia de mercado e na força do trabalho como fato gerador de riquezas e outras. Note-se que para entrar para o Partido Novo é preciso passar por questionário, depois por uma entrevista, fazer um curso e ao final passar por outra entrevista. Em qual partido no Brasil existe um processo de seleção deste?
NS — Acredita que consegue o que pretende, saindo da esquerda e ingressando na direita?
DR—Fui filiado ao PDT, um partido tido como de esquerda, mas que aqui em Itabira era detentor de vários representantes com tendências conservadoras e liberais. Nunca me senti um esquerdista.
“Indignação, em ver tantos malfeitos em nossa cidade”
NS — Você chega ao partido e quer ser candidato? A qual cargo?
DR— O Partido Novo tem a pretensão de lançar candidaturas a prefeito e vice- prefeito, em uma chapa ‘puro sangue’, queremos evitar muitas amarras politicas para que tenhamos como montar uma equipe eficiente.
NS — Por que candidato a prefeito?
DR — Indignação, em ver tantos malfeitos em nossa cidade. Acredito que minhas experiências como administrador público e privado me habilite a lançar essa candidatura e exercer com maestria a função de prefeito. É necessário acabar com a farra do dinheiro público em nossa cidade.
NS — Você tem um projeto específico para Itabira?
DR — Pavimentar caminhos para o futuro de nossa cidade, deve ser o pensamento do próximo administrador, criando condições de dias melhores para todos.
NS — Como vê a cidade governada pelo atual grupo de esquerda?
DR —Desgovernada, deve ser o termo correto.
“… o mais importante é preparar o futuro para que possamos ter uma transição menos traumática”
NS — O que você acha do seguinte: Itabira tem como atividade econômica a mineração em alta escala e com prazo de validade. Acredita que vai dar tempo para, em pouco tempo, um governo criar alternativas à mineração?
DR — Temos algumas iniciativas que foram implantadas e devem ser criadas , mas o importante é preparar o futuro para que possamos ter uma transição menos traumática possível. Não é possível trabalhar sem pensar no futuro.
NS — O povo de Itabira, parece que, de tanto falar ou ouvir falar de exaustão mineral, nem mais acredita nela, sendo assim não dificulta o caminho da solução?
DR — Cabe ao administrador pensar nisso, nosso povo é imediatista, com raríssimas exceções, trabalha pensando no futuro. Toda fartura precede a escassez.
NS — Você tem acompanhado as obras realizadas pela atual administração de Itabira?
DR — Acabada não vejo uma, inacabadas é só andar por ai.
NS — Você, como prefeito, hoje, com a arrecadação anual itabirana em torno de R$ 4,2 bilhões, uma das maiores do Brasil, a maior em proporção por habitantes, o que faria nesta altura, sabendo que até 2041 o município estará em queda mês a mês, já foi avisado que a Vale está fechando as minas?
DR — Itabira precisa se preparar para recessão pós mina, para isso temos que buscar os caminhos necessários para que o trauma seja o menor possível, projetar o futuro, buscar parcerias com o Estado, criar alternativas.
NS— Para esclarecer um pouco mais, Itabira terá uma arrecadação 80% a menor, como viver, como pagar funcionários (em torno de 5,5 mil), fornecedores, máquinas… não temeria a falência e a miséria absoluta?
DR — Trabalhar com prevenção, o que se gasta hoje de forma irresponsável fará falta amanhã, é crível que temos que usar de todos os meios possíveis para prepararmos a cidade para a escassez de recursos amanhã. Projetos iniciados não podem ficar parados, e novos projetos precisam ser pensados com vista às necessidades futuras do município.
NS — A própria Vale, quando de sua fundação, em 1942, criou o Fundo de Exaustão, Melhoramentos e Investimentos da Zona do Rio Doce para socorrer os municípios em momento como este, da proximidade do fechamento das minas, destinando 8% de sua renda líquida aos municípios da região de influência. Nas palavras do próprio presidente na época, Israel Pinheiro, ele advertiu que o risco das cidades mineradoras seria o “bolsão de pobreza”. Sabemos, hoje, o quanto cresceu fisicamente o município, o Fundo foi extinto. Sofrer uma queda de arrecadação tão vertiginosa a esta altura acarretaria um drama ainda não visto em dimensão no Brasil. O que você faria? Resumindo: os conscientes estão aflitos. Os inconscientes “não estão nem aí”. O que você pensa?
DR — Precisamos juntar os conscientes e trabalharmos as saídas que se apresentam no momento, todo esforço possível deve ser empreendido para acharmos um caminho menos traumático para o futuro, temos vários exemplos que podem e devem ser seguidas, nada mirabolante, soluções locais com o máximo esforço do município.
NS — Por último, a sua candidatura será firmada ou existe alguma possibilidade de apoio a outro candidato ou agremiação?
DR — A ideia do Novo é lançar candidatura própria, com prefeito e vice-prefeito, mas a politica é arte de conversar, e estamos conversando, politica não é matemática.
“Bandido não é cidadão”
NS — Itabira está super recheada de consumidores e traficantes de drogas. A nível local não tem sequer um Conselho Municipal para tratar do assunto, o atual governo acabou com o Conselho que existia. Como um ex-delegado vê isso, sabendo, de antemão que todo dia um sujeito é “apagado” em Itabira?
DR — Temos que intensificar a prevenção e repressão ao tráfico que hoje é o crime mãe. Bandido não é cidadão, deve ser tratado como bandido. A prefeitura sempre foi parceira das instituições de segurança e tem de exigir o retorno à altura das parcerias. Outro ponto fundamental é a questão do presídio, não há que se falar de uma cidade do porte da nossa sem um local para o recolhimento de presos. Devemos utilizar de todos os meios para baixar criminalidade.
NS — Fique à vontade para suas considerações finais...
DR — Temos que intensificar a prevenção e repressão ao tráfico que hoje é o crime mãe. Bandido não é cidadão e deve ser tratado como bandido. A prefeitura sempre foi parceira das instituições de segurança e tem de exigir o retorno a altura das parcerias. Outro ponto fundamental é a questão do presídio, não há que se falar de uma cidade do porte da nossa sem um local para o recolhimento de presos. Devemos utilizar de todos os meios para baixar criminalidade. O momento é de necessidade de o eleitor entender, o momento difícil que o município, o futuro não pode ser esquecido. Não precisamos de pão e circo, mas de trabalho voltado para o amanhã, ou é isso ou será muito sofrimento daqui a alguns anos. Você não precisa ser politico para participar do futuro de Itabira, mas não pode deixar de ser eleitor.
NS — Muito obrigado
José Sana
16/06/2024
Foto: Álbum de família