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Nem no período eleitoral de tempos passados se agitaram tanto. De uma esquina a outra, nem o interesse pelo futebol está na crista da onda como o próximo pleito. De política as pessoas não fogem, apesar de um ou outro esquivar-se.

As opiniões  voam nos quarteirões  tão rapidamente quanto nas redes sociais e arrancam discussões, principalmente da maioria que não se desgarra do celular. Vamos reproduzir parte do que dizem as os politiqueiros da cidade. Sobre os últimos prefeitos, de Wilson Soares a Marco Antônio Lage

 

WILSON DO CARMO SOARES

Governo caracterizado por tensões nacionais. Wilson mantinha entendimentos pacíficos com a Câmara e o vice-prefeito, José Machado Rosa, que o ajudava  a buscar verbas em Brasília e Belo Horizonte, já que somente neste ano (1966) fora criado o Imposto Único sobre Minerais (IUM). Perseguido pelos miliares, Wilson sobreviveu de pressão e da amizade com João Goulart, o presidente deposto.

 

DANIEL JARDIM DE GRISOLIA

Teve morte intempestiva em agitações diversas, muitos fatos ficaram como mistério, houve problemas, sim, que chamaram a atenção, além do suicídio, como a derrubada da catedral, fato ainda não esclarecido. E, pelo andar da carruagem, não será.

Com vereadores, especificamente, a questão de desentendimentos foi apenas às claras, sem cair para termos chulos. Daniel tinha outros problemas que caíram no expressão “mistério”.

 

PADRE JOQUIM SANTANA DE CASTRO

Padre Prefeito eleito para o mandato-tampão (1971-1972) ficou na história por ser o construtor final da Estação de Tratamento de Água da Pureza. Sem confrontos com quem quer que seja, quanto menos com vereadores. Um verdadeiro pastor de almas. Dois anos apenas de governo manteve a Prefeitura no silencia da paz.

 

VIRGÍLIO JOSÉ GAZIRE

Pelo longo tempo de governança (1970-1971/vice de Daniel) somado a quatro de governança 1973-1976) e  um novo mandato (1983), tendo falecido no exercício do cargo. Nos seus seis anos na Prefeitura jamais teve algum confronto com vereadores, o convício com a Câmara era pacífico e até familiar, sem falharem  a  independência e a harmonia.

JAIRO MAGALHÃES ALVES

Um modelo exemplar de governar uma cidade. Havia debates intensos entre os poderes legislativo e executivo, totalmente em paz. Mesmo sem ser convidado, Dr. Jairo comparecia à Câmara em reuniões. Chegava sorrateiramente, assentava-se na última cadeira, calado, procurava não ser visto.

Ao término das sessões, ficava na porta e de lá ia para os bares ou restaurantes, preferencialmente Varanda (Olintão) ou Mundico, onde o ambiente de completas amenidades era dominante. Foi, sem dúvida alguma, um exemplo de democrata, deixou o poder municipal, foi deputado estadual e manteve o alto nível de suas metas.

 

MILTON DIAS SANTOS

Milton Dias Santos – Bonachão, amigo de todos, esteve no poder alguns anos em substituição, como vice-prefeito, ao titular, Dr. Jairo. Dando sequência ao início da administração Jairo Magalhães, movimentou a construção do prédio do Centro Cultural e da Avenida das Rosas. Quanto aos vereadores não se registrou um só incidente, Milton para os vereadores era como para o povo.

LUIZ MENEZES

Sem comentários, Senhor Luiz jamais teve delongas discutidas com o Poder Legislativo durante o seu mandato (1989 a 1992), Seu jeito de ser conquistou o povo e fez com que se elegesse deputado estadual também. Todos os vereadores o apoiaram, ele não os provocava. Os projetos de interesse do prefeito eram resolvidos em reuniões técnicas, promovidas pela Secretaria de Governo.

 

OLÍMPIO PIRES GUERRA

Prefeito Li manteve sua característica técnica desde quando tomou posse. A prova de seriedade foi que os primeiros secretários do início do mandato (1993) seguiram no cargo até o fim (1996). Para Olímpio Pires Guerra era determinação e coerência.

As questões mais polêmicas o governo procurava manter a discussão em alto nível. Seus projetos não aprovados (exemplo:Boulevard) não produziram discussões. Olímpio Pires Guerra era assim: “Quer a Câmara ou não quer? Passamos adiante e vamos esquecer”. Teve o mérito de seguir as regras do Fundese, projeto de Cácio Guerra, mas acabou parando por aí. Como deputado federal procurou atrair empreendimentos para a cidade.

 

JACKSON ALBERTO DE PINHO TAVARES

Um prefeito muito culto, cujas razões de trabalhar se baseava em esquecer o que passou vamos adiante porque é “para a frente é que se anda”. Em tentativa da busca de soluções, destacou-se como o prefeito que mais tentou atrair investimentos  de grande porte a partir de uma consultoria técnica e prática, não aquela que ficava escondida nas folhas de papel e nos computadores, mas que tinha respostas imediatas.

A revista DeFato saiu Brasil afora acompanhando Jackson, independentemente de que ele soubesse ou nã, conferindo suas  propostas, como em Campo Largo (Paraná), Pouso Alegre (Minas Gerais) e outras iniciativas dirigidas para o Estado de São Paulo. Jackson nunca brigou com um só vereador, mesmo sendo de um partido chamado de radical.

 

RONALDO LAGE MAGALHÃES

Estopim curto, milimétrico, Ronaldo chegou a ter fama de brigão, mas, na verdade, com a Câmara Municipal, jamais enviou um recado de desabafo ou para criar desaforo.

Sinal de respeito, era esse o seu jeito de ser diante do Poder Legislativo. Como captador de recursos para o município, manteve demoradas discussões com a China, que culminou com visitas da cúpula do governo chinês a  Itabira e de comitiva de itabiranos à China. Os entendimentos pararam. Pararam por quê?

 

JOÃO IZAEL QUERINO COELHO

Os adeptos da filosofia de governar do prefeito João Izael Querino Coelho desabavam de forma incisiva sobre o trabalho que João Izael Querino Coelho. Reclamam que a imprensa – e mesmo até o próprio – concentram-se no tema” Unifei”, que é, na verdade, o maior, senão o único empreendimento que completa a iniciativa de transformar Itabira em Cidade Universitária. Seus seguidores pedem para divulgar que João teve, também, outras realizações marcantes, tais como: Construção da Escola Nota 10, asfaltamentos Itabira-Monlevade, Itabira-Nova Era, Itabira-Bom Jesus do Amparo e Itabira-Senhora do Carmo-Itambé do Mato Dentro.

E quanto ao seu estado de espírito, sua esportiva é bem maior que os quilômetros de estradas que acompanhou como líder político.

 

DAMON LÁZARO DE SENA

Damon chegou à Prefeitura como um dos mais bem votados prefeitos da história de Itabira, com mais de 70% de aceitação. Tal placar  das  urnas deu-lhe mais responsabilidade do que aos demais governantes de outras épocas. Damon, médico, havia tentado a disputa em várias ocasiões, tanto como pleiteante a prefeito como deputado. Nunca desistiu. A perseverança deu-lhe também a condição para governar como se recebesse um cheque em branco.

Assim como Ronaldo Magalhães, ele deu andamento aos projetos que Itabira tem levado desde 2008, quando inaugurou o primeiro prédio da Unifei, única esperança até agora determinada com os olhos no futuro. No mais, houve atritos internos, ninguém pode negar, como com o vice-prefeito Reginaldo Calixto, que assumiu a Secretaria de Desenvolvimento Econômico e acabou desistindo do restante do tempo previsto. Com os vereadores, Damon passou em branco, seus projetos não tiveram delonga nem discussões acirradas.

 

MARCO ANTÔNIO LAGE

Homem de grande poder de comunicação, é também de educação fina, que herdou, quem sabe, de seu pai, Harcy Lage, que era fazendeiro e um perfeito gentleman.

Como governante de sua terra natal (nasceu no distrito de Ipoema) iniciou seu mandato (2021) atacando a Câmara de Vereadores. Não se estabilizou com assessores, tendo trocado em cerca de 50 vezes (ou mais) a sua turma de secretários.

Marco Antônio Lage entra no quarto ano em litígios com a maioria dos parlamentares municipais. Os que o acompanham não conseguem sequer defendê-lo em algum argumento convincente. Marco criou tardiamente no seu governo um projeto baseado em coisas pequenas, seus secretários escreveram e falaram  isto nas redes sociais.

Com um orçamento bilionário, o maior da história da região (R$ 4 bilhões) vai para a disputa eleitoral sem uma bandeira que defendeu senão a briga com vereadores e a incerteza do futuro. Itabira, de quatro anos para cá não deu sequer um passo em crescimento e desenvolvimento para o porvir.

Um fato contradiz o seu fino caráter mencionado neste texto: em discurso que ocupou a primeira página do jornal mais lido da região afirmou que a ‘questão com a Câmara é esquizofrenia’. E foi flagrado pelo Diário de Itabira.

 

José Sana

Em 17/04/2024

 

NS
José Sana, jornalista, historiador, graduado em Letras, nasceu em São Sebastião do Rio Preto, reside em Itabira desde 1966.

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