No livro Morro Escuro, de Rosemary Penido de Alvarenga, que teve lançada a sua quarta edição há seis anos (foi mesmo um sucesso), o irmão mais velho, que completava 80 anos de idade, em 18 de março de 2005, fez as seguintes referências ao irmão mais novo, este que completará um centenário em 17 de junho próximo vindouro.
“Colombo é o mais novo (dos irmãos), o caçula. Ainda novo, conservado, traz o corpo esbelto como os têm os outros irmãos. Também médico, como eu, aposentou-se, sem largar a medicina. Não raro, atende um cliente amigo e, se chamado pelos colegas, ajuda nas operações. Então, vai a pé para o hospital. É seu cooper.
Joga voley no time das “Coroas”, sem o menor acanhamento por ser bendito-fruto. E faz poesia para elas, brincando com a braveza de uma, gozando o ciúme da outra, fazendo a maior farra com os incidentes dos jogos.
Quando fiz oitenta anos, bem cedinho ele jogou sob a porta uma longa poesia, contando toda a minha vida e sumiu. Meus filhos leram alto o poema e ninguém ficou indiferente. Alguns até choraram, inclusive Biella e eu, claro.
Faz letras para escolas de samba, deixando para outro a parceria musical.
Não teve filhos. Poderia, por isso, fazer os mais belos passeios, pois dinheiro não lhe falta. Mas Eny e ele são acomodados, não se veem atraídos por viagens.
Divertido, está sempre pronto para uma expressão jocosa ou irônica., também para uma brincadeira de muito humor. Como naquele dia em que sua mulher, sentindo-se prejudicada no jogo, provocada por ele, rasgou o tabuleiro de papelão, em protesto. Colombo comprou outro, de madeira. Deixou passar uns dias para o pleno esquecimento do episódio e convidou-a a jogar. Ela se sentou, inocente, começou a dispor as peças, quando o marido se levantou, em silêncio, foi lá dentro buscar o serrote e ainda sem palavras o colocou ao lado para uma eventual necessidade.
É assim o Colombo. Ninguém fica com raiva dele; acham-no um companheiro e tanto. Vem me visitar, chega bem cedo e fica pouco. Porém, se não aparece, quero logo saber o que houve, o que foi mesmo que aconteceu com ele”.
AGUARDEM O POEMA “COLOMBINO”
Agora, aguardem… dia deste será divulgado o motivo da referência de Colombo a Mauro mencionada no livro de Rosemary Penido de Alvarenga, nas páginas 16 e 17. Será revelado que o agora centenário Colombo não era apenas médico e grande figura humana, além de político de gênio combativo. Tem nele correndo nas veias um outro sangue revelador de um dom, o poético.
Que poema é este que vamos mostrar?
Só para sentirem a importância da “longa poesia”, as rimas e histórias de vida não são do conhecimento de quem quer que seja. Será um “furo”!
Nesta última semana, em telefonema ao centenário médico, foi-lhe solicitado o seguinte: “Podemos divulgar o seu poema dedicado aos 80 anos de Dr. Mauro?” Ele imediatamente respondeu: “Ninguém tem este poema, a não ser a família dele”.
Ele sentiu que temos e, com a insistência que não poderia faltar, Dr. Colombo mais uma vez transcende humildade: “Você sabe o que faz mas, veja bem, é um poema muito simples, muito familiar, muito distante de revelar que sei sou poeta!”
Aguardem… E não chore de emoção quem sentir na pele a sensibilidade de um grande médico, principalmente por ser humano e tratar o cliente com o mesmo senso de humanidade e muita dedicação.
Notícia Seca
Foto: Álbum da Família