Gente de Itabira — e também da região, porque Educação interessa a todos — o Diário de Itabira publicou, anteontem, na página 3, uma manchetinha que, a meu ver, por livre decisão do conselho editorial do jornal, não saiu na página principal. Talvez esteja correta a decisão porque a primeira página denuncia mais um ‘escândalo’ que deve estar desassossegando Marco & Cia.
O prefeito prova, utilizando uma gentileza a custo zero, que ele é mesmo um filhote de ditadura. Quem duvidar, verifique as suas decisões entre o que prometeu, o que está realizando e o que nunca fará, como o tal metrô.
Não é este o assunto de hoje, que citei só como chamada de atenção aos que, com o coração cortando, como eu, são obrigados a acreditar. Assim como já constatei, a essa altura do tempo (quase no último ano de governo do equivocadíssimo Marco Lage) que não há mais razão, nada nos empurra a nada de perguntar a este governo que ainda não tem bússola e rumo.
CHAMADA DE ATENÇÃO
Fica aí a chamada de atenção aos que dormem, ou porque trabalham lá por esmola, ou recebem benesses infinitas, ou estão mamando na vaca leiteira e mansa. O negócio agora é o seguinte: o que candidatos falam em campanhas eleitorais de nada vale.
O que interessa é somente o seguinte: o eleito pega um voo direto para Brasília, agenda encontros com quem lhe convier e traz uma resposta à pergunta como, por exemplo: “O senhor acha que estou certo ou estou errado em enfiar dinheiro público da Prefeitura no Governo Federal?” Obviamente, a resposta será “não”, mil vezes “não”. Melhor que a chamada “tática do bispo” que deu bons resultados numa pequena cidade do interior mineiro.
QUEM FEZ ISTO?
O personagem é o nosso prefeito, eleito em 2020, depois de uma campanha acirrada em que muitos correram risco de morte. Eu sou um deles, duas injetadas de Covid-19. Ele era um ilustre desconhecido para muita gente, foi aos bairros, pronunciou discursos comoventes, prometeu até “tirar as subidas de Itabira e construir só descidas”. O povo acreditou. Só um vigilante aqui ao meu lado diz que estou exagerando. É uma simples hipérbole. Quem não faz, hoje, um questionamento assim: “Você não deixa por menos?”
O prefeito retorna a Itabira com a alma lavada. Quase no fim de seu mandato, foi lá e conferiu que não tinha mais verbas para a Universidade Federal de Itajubá (Unifei), campus de Itabira, porque o incêndio de dinheiro com a máquina devoradora, ultrapassou os limites. Fez festas, faz festas, fez festanças, faz festanças sem parar (e não para). Inflacionou mais as folhas de pagamento, chegando ao máximo que é 48%, está re-asfaltando a cidade com serviço em parte mal feito e sei lá mais o quê.
No início do governo, porque não tinha programa algum pronto e compromissos com forasteiros, não vacilou: cumpriu seu dever com a Unifei e só, uma parte insignificante, mas cumpriu sua primeira obrigação. Depois, já com o orçamento esgotado, seu staff, sabendo que o dinheiro fora torrado, cerca de R$ 1 bilhão por ano, lançou a própria recandidatura a prefeito e está trabalhando, sim, com pequenos projetos, estradinhas e escolinhas. Miserável na visão da verdade.
O grande segredo dele, então, foi ir ao Congresso e falar com deputados, senadores e o vice-presidente Geraldo Alckmin. Desta vez, desprezou o presidente. Ouviu, maravilhado, a resposta: “Vossa Excelência está certíssima, Vossa Excelência tem de dizer ao Governo que resolva isso”. E sabe que não vai resolver. Mas encontrou no meio do caminho o vice-presidente Geraldo Alckmin, recém-socialista, com direito a fotografias.
ENTÃO, O CERTO É ESTE…
Se um prefeito qualquer, solto por este Brasil afora, desejar tomar uma decisão, não deve mais consultar o seu povo, mas sim ouvir os homens que governam em Brasília. Lá está o poder dos poderes e o dinheiro da cidade deve ser queimado não só em fogueiras de festas juninas, mas também janeirinas, feveirinas, até dezembrinas para recomeçar as festanças porque o essa grana vai acabar e cofres vazios devem estourar quando o atual mandatário estiver para lá de Bagdá. Outro vigilante diz que é um pouco para cá, é em Turim que ele vai sobreviver.
Chegando a eleição, não mais precisa ir ao povo e repetir promessas fajutas. Volte a Brasília e faça lá sua ‘via nada sacra’ e consulte um a um os políticos que ocupam cargos eletivos, incluindo o vice-presidente com a pergunta capciosa: “Vossa Excelência vota em mim?” Com certeza absoluta a aceitação será cem por cento e pode comemorar de novo.
Pronto. Um resultado já temos: o provérbio ‘a voz do povo é a voz de Deus’ acabou de morrer, fora os dizeres, falácias, chutes e algumas brincadeiras. Até porque o prefeito é agnóstico, embora não tenha feito sua declaração de falta de fé.
José Sana
Em 19/07/2023
NOTA AO PÉ DA PÁGINA
— Só para repetir um resumo histórico da Unifei em Itabira, que acompanhei até com uma viagem à França para conhecer o primeiro e maior parque tecnológico do mundo, em Sophia Antipolis, modelo exato do projeto de que participaram: João Izael Querino Coelho, Kléber Carvalho Guerra e o magnífico ex-reitor Renato Aquino Faria Nunes. Não são apenas 15 anos de lutas (este número é de funcionamento), mas quase 20, segui de perto e fui o primeiro a furar o bloqueio para divulgar o super empreendimento.
— Acrescento ao senhor prefeito de Itabira o seguinte: se Vossa Excelência nunca viu um governo municipal ajudar um governo federal, conheça a luta e os vai e vem dos responsáveis para criar essa universidade.
— E vai lá a última, por hoje, advertência: desde o início do século passado itabiranos se preocupam em criar uma atividade pós-mineração. A Unifei foi o primeiro empreendimento que pode contribuir substancialmente em ocupar esse vácuo. O senhor topa ser o grande vilão desta história? Não precisa dar resposta, faça! Chega de falatório! Deixe o marketing para o Juízo Final!
José Sana
Em 19/07/2023
Fotos: Arquivo e Cadu Gomes/VPR
José Sana, o senhor quer dizer que o prefeito foi a Brasília fazer uma enquete?
Maria do Rosário (Praia)
Máximo respeito por este homem de sucesso, GRANDE Jornalista Zé Sana
Muita bondade de Mauro Quintão, o incansável jornalista especial de vídeos. Abraço