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“O Valeriodoce Esporte Clube (VEC) foi fundado em 22 de novembro do mesmo ano de criação da Companhia Vale do Rio Doce (CVRD), 1942” escreveu um de seus fundadores, Fernando José Gonçalves, em seu livro “A vida que Deus me deu” (2002).

Os nomes citados por Gonçalves  sobre o VEC começam com o de Israel Pinheiro, então presidente da mineradora e do próprio clube. São lembradas várias outras personalidades, como, por exemplo, Zumário Ferreira, eletricista e vereador, responsável pelo notável esquema de iluminação considerado moderno na época; Edgar Ferreira da Silva, compositor musical e da letra do hino; o lote para construção da sede no Pará doado pela Prefeitura (prefeito dr. Mauro de Alvarenga); a construção da sede no Bairro Pará erguida graças a apelos ao então presidente da CVRD, Oscar de Oliveira.

Outro detalhe da história do verdadeiro Valeriodoce Esporte Clube: quando a equipe desenvolvia os primeiros exercícios, seu  campo de futebol na década de 1940,  foi na Esplanada da Estação Ferroviária, informa Silvério Bragança. A área pertencia ao itabirano José Bragança, pai de Silvério, cedida de graça ao clube.

“Houve uma época em que o clube foi dirigido por um ‘triunvirato’: Antônio Jorge, responsável pelo esporte; Paiva e eu (Fernando Gonçalves) pela sede” — escreveu o autor do livro na página 35.

Valeriodoce Esporte Clube em campo (Foto DeFato Online)

UM PLANO

Peço licença a outros presidentes do VEC com os quais trabalhei quando era da Assessoria de Imprensa da Superintendência da Minas, depois Gerência, para citar o de meu amigo Paulo Henrique Gomes de Figueiredo, hoje secretário municipal, que dirigiu o Valério de 1997 a 2003 e de 2007 a 2009. Na sua primeira gestão ele me convidou para ser responsável na Divisão de Base. O clube passava por um grande crise, então, só pude apresentar a ele o plano que considerava adequado para aquele momento.

Em primeiro passo, formaríamos uma espécie de distribuição de ações a serem executadas nos municípios limítrofes da Vale em Itabira. Tínhamos os nomes de todos, seus prefeitos e responsáveis nomeados para contatos. A intenção era levar os times de todas as categorias para treinamento e jogos em cada cidade. Os municípios forneceriam condições para se formar uma espécie de entrosamento a crescer de acordo com a demanda. Cada cidade cuidaria de seu patrimônio (campo de futebol, vestiários, iluminação).

No plano nasceriam automaticamente  as torcidas do VEC nas cidades e as revelações de joias. Das descobertas por olhos que entendem o VEC se tornaria um grande potencial do interior. Simples assim, fácil para quem tem inteligência mínima.  Na época eu dirigia a revista DeFato. distribuída pela empresa Saritur em volta de nossa urge. Depois o site DeFato Online se expandia mundo afora. Itabira já detinha todos os municípios em volta vivendo uma espécie de pobreza lamentável. O culpado é quem quer se impor como polo nem à força, nem na maciota.

 

O HOJE

 

Hoje existem outros caminhos, por exemplo a Sociedade Anônima do Futebol (SAF). Falam nos botecos e esquinas que o clube já tem “dono”, logicamente aguardando se “engordar financeiramente”, com fazem os chamados “empreendedores com as merrecas que crescem”. Sinceramente, não sei como está, mas é do meu conhecimento pela imprensa que o clube já abocanhou uma super verba de R$ 1,5 milhão, E a conversa vira outra.

 

Veja então, os seres humanos, prioritariamente os itabiranos, em que canoa furada o Valério viaja. De acordo com observadores esportivos, formou-se um grande time, bem ajustado, enxertado de outra equipe, o Varginha Esporte Clube (VEC também) para a disputa do Módulo II. Já temos uma vitória fora de casa, de 2 a 1, contra o Nacional de Muriaé. Outras devem vir, dizem os otimistas e até quem não acreditava no time.

 

Daí, o seguinte, o Vargiério Esporte Clube, subirá para a Divisão Principal, infalivelmente. Deve trazer os grandes clubes da capital a Itabira — América, Atlético, Cruzeiro — e teremos, pelo menos três grandes jogos no Israel Pinheiro. Será muito fácil imaginar uma Itabira apressada que os imediatistas planejam.

Vamos consultar a lógica imaginativa e veremos o seguinte. panorama em breve: Itabira, como nos velhos tempos, terá jogões por aí, pelo menos três por ano, daqueles que impõem respeito e arrastam multidões. A cidade se engalanaria de uniforme vermelho e branco. Lembraremos dos tempos dos verdadeiros torcedores do clube como Jorge De Caux, Joaquim Cinédia, André De Caux, Ceomar Santos, Bi do Mundico, Joaquim e Nadir, e milhares de outros, além dos donos da bola.

O PREFEITO

O prefeito Marco Lage, vivo e atrevido como é, viverá o seu dia “D” de super glória num clássico interiorano. Almoçará rango com quiabo em companhia de dois convidados especiais, Wagner Pires e Itair Machado, que quase levaram o Cruzeiro ao fim dos sonhos recentemente. Beberá um Chivas ou um uísque mais caro. Jogará beijos para e entrará em campo como se fosse um técnico, um entendido de futebol.  Quem sabe ele tem essa praia porque de prefeitura só entende de tomar café e ir ao banheiro.

Imaginemos que em três prélios o VEC contra América, Cruzeiro e Atlético o Vargério consiga bons resultados. Aí ocorrerá um sonho ao vivo e a cores. O saudoso Papa Francisco disse em um vídeo recente que precisamos aprender a sonhar, sonhar, sonhar. Na sua inércia vendo TV, Marco Lage deve ter visto.

 

Itabira, a essa altura de nada mais precisará para construir e garantir o seu futuro. Supõe-se que bares e botecos fiquem repletos de admiradores do novo e alugado time. Idem  os salões de beleza, hotéis, até velórios. Haverá grande movimento nas ruas, serão tapadas as milhares de crateras que já abundam por aí e se dará um jeito de consumir com o lixo que virou lugar comum em todas as vias. Não se falará em Central de Resíduos, mentira deslavada de 25 anos da Vale com Itabira, e será interrompida outra lorota de transposição de rios até o Tanque. Os puxa-sacos de barbas aparadas vão se aquietar.

 

E o Valério não chegará à sua quarta-feira de cinzas, não, não e não. Haverá, sim o seu domingo da ressurreição, a ser denominado dia oficial do marketing. Vamos torcer para o Vargiério seja  ser campeão mineiro. E na festa o prefeito ou sua prefeita diga como a promessa do ano: “Golearemos o Barcelona ou Real Madrid e seremos campeões do mundo. E eu serei presidente da República”.

 

Essa última promessa já fez. Reafirmou que estará apenas reavivando-a. Vargério Esporte Clube, Varginha entrando em Itabira…

 

José Sana

Em 5/5/2025

Fotos: DeFato Online

NS
José Sana, jornalista, historiador, graduado em Letras, nasceu em São Sebastião do Rio Preto, reside em Itabira desde 1966.

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