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A Festa de Santa Cruz, ocorrida no distrito de Ipoema, tornou-se a ocorrência principal do último fim de semana, que mostrou a milhares de visitantes os acertos do padre Luciano Simões e de Roneijober Alves de Andrade, seus pioneiros. O primeiro, na instituição da caminhada do distrito ao fim da peregrinação; o segundo, na liderança que permitiu a reconstrução da Capela de Senhor do Bonfim.

Impossível declinar os nomes de personalidades importantes que não só fizeram o percurso de 12 quilômetros como se embriagaram de fé e humildade para colocar os pés no chão. Que apareceram os pretensos caça-votos, isso não se pode negar e a invasão tornou-se clara aos olhos abertos e até fechados de quem viu e ouviu mentiras deslavadas e outras façanhas.

A CAMINHADA

 

Publiquei, depois de cuidadosa pesquisa, em 2007 as seguintes palavras referentes ao tema: “Estamos nos anos de 300 d.C. Peço licença para afirmar que Roneijober Alves de Andrade é Heráclio, responsável pelo Império Bizantino, esse sediado em Tiberíades, a poucos quilômetros de Israel.

Ele carregou nas costas a madeira em que Jesus foi crucificado e a levou ao patriarca Zacarias, em Jerusalém, em 3 de maio do ano de 312 d.C. Esse ancião era o Padre Luciano Simões. Daí surgiu a milenar Festa de Santa Cruz, celebrada em todo o mundo religioso.

Há mais de cem anos a celebração  chegou ao distrito de Ipoema, no município de Itabira. A capela, erguida no topo de Morro Redondo, serve como ponto de finalização da procissão das cruzes. Os devotos religiosos, católicos da região, mantiveram a tradição, mesmo com a decadência física da igrejinha… até que…

… até que o Imperador Heráclito, que denominei Roneijober, resolveu, por conta própria e empurrado por incentivos de amigos, reconstruir a ermida e dar-lhe um estilo colonial, com a mesma fachada dos pequenos templos do período da Idade Média. E assim chegamos a mais uma festa de Santa Cruz neste domingo, 4 de maio de 2025, em Ipoema.

A ERMIDA

 

Trabalhando com meu amigo Roneijober Alves de Andrade, o sempre humilde Ronei, antes de ser encetada a campanha “Abrace o Moro Redondo”, tive a felicidade de participar de algumas providências, uma delas em conhecer uma grande artista que procuramos. E que atendeu as nossas solicitações e tornou nossa inseparável amiga.

 

A reconstrução da capela foi o passo seguinte em que aparece a figura que veio dar força à iniciativa, a escultora e pintora de renome internacional, Vilma Nöel Engel, brasileira, nascida em Diamantina, vivida em Coronel Fabriciano e Dionísio, e residente no Rio de Janeiro e Nova York. Vilma assinou obras espalhadas em cerca de 20 países e é católica, apostólica e romana. Uma criatura a quem Ipoema deve um benefício incomparável.

 

Vilma “concorre” com Ronei em desprendimento. Enquanto ele liderou a reconstrução da  capela em passos pacientes e sem esmorecimento, ela é a autora  estátua instalada no interior da capela, do Senhor do Bonfim. No exterior do templo, no alto da entrada, fez  “O Destino”, monumento de oito metros de altura, feito de pó de granito e ferro,  que mostra  um anjo abrindo os braços para quem chega ao local, no topo de mais de um mil metros de altitude. Ele, ela e dezenas, ou centenas de outros devotos e amigos fizeram de  tudo o que lá está.

 

A história teve início nos anos 2000, quando subiu uma espécie de empreendedorismo cristão e divino na cabeça do moço que um dia, na Estrada Real, Caminho dos Diamantes, em Tapera, uma criança deixou escapar o nome da igreja  tricentenária, afirmando que “o seu padroeiro se chama São Roneijober”.

 

Bastou tal denominação para espalharmos a brincadeira que se tornou algo de distração entre nós em longas viagens pela Estrada Real — Afra Regina Sana (com quem fizemos o filme premiado ‘Cruzes ao Vento’), Sérgio Mourão e ele, o “santo” da estrada.

 

Verdade é verdade e por isso estou economizando lembrança de nomes, mas certos colaboradores arrisco em citar porque atuaram firmemente no projeto que dou o nome de Ronei: Sônia Guimarães organizou a primeira decoração de cruzes, Emerenciana Trindade Coelho decorou a trilha do estacionamento ao cume do morro; Carlos Henrique Silveira (ex-secretário de Obras), Valério Adélio (repórter).

 

Damon de Sena, Ronaldo Magalhães e João Izael foram ex-prefeitos que participaram de todas as festas em seus mandatos e contribuíram com seus prestígios à organização, principalmente em ações de infraestrutura.

A Festa de Santa Cruz retornou ao local centenário em 2008, reeditando os acontecimentos dos anos 300 d.C, quando Santa Helena influenciou seu filho, o Imperador Constantino a transferir as madeiras componentes da cruz de Jesus a outro local. Constantino  foi imperador romano do ano 306 ao ano 337.

DITO E FEITO

O vereador Luiz Carlos de Souza, atuante, fiscalizador e atento, na reunião legislativa de 6 de maio passado, chamou a atenção para diversos erros do prefeito Marco Lage:’ “Vestido indevidamente”; “politicando fora do lugar e da época” e “fazendo de conta que pratica um ato louvável que, na verdade, é somente para aparecer”.

E outras menções ao tema intrometimento do prefeito.

— “O prefeito Marco Antônio Lage fantasiou-se de peregrino, esteve na festa e percorreu apenas meio trecho tirando fotos nas cruzes” (RAA).

— “Ele não sabe o sentido de uma festa religiosa e vestiu-se de bermuda” (Vereador LCS).

— “Desde quando o Papa Francisco faleceu ele anda à procura de aparecer com fotos dele, da dama candidata e do Sumo Pontífice” (JAS).

— “O prefeito está em campanha eleitoral “extemporânea” para sua candidata, a dama marqueteira” (JAS).

— “O prefeito da mentira só  fez a caminhada inteira uma vez e outra pela metade.  No vídeo  que gravou diz que participa todo ano” (RAA).

— “Os visitantes de Ipoema no dia 4 representaram os ateus que compareceram e eram apenas os citados” (JAS).

— “O prefeito e seus assessores precisam respeitar as pessoas e assim serão respeitados (Vereador LCS).

— O Museu do Tropeiro é espaço da prefeitura; o Morro Redondo é construção da comunidade. Tudo completamente diferente” (Vereador LCS)

José Sana

7/5/2025

Fotos e vídeo: RAA

NS
José Sana, jornalista, historiador, graduado em Letras, nasceu em São Sebastião do Rio Preto, reside em Itabira desde 1966.

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