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Última reunião e posse do Comppudi em Itabira: 23 de agosto de 2019

 

Na campanha eleitoral de 2020 foi prometido pelos candidatos a se desdobrarem na luta pela família. O que foi feito? Nada. Ou melhor, tudo ao contrário. Procure você que lê esta página e será confirmada esta verdade irrefutável: os políticos não favoráveis às drogas. Quem puder me desmentir, que o faça, publicarei seus nomes como aliados da família e não dos destroços familiares. E serei um deslavado mentiroso.

Os primeiros e grandes aliados das drogas têm nomes claros, embora não assumam: o prefeito Marco Antônio Lage e seu vice, Marco Antônio Gomes, este médico, evangélico e que jurou aliar-se às famílias sofridas. Ambos hoje as renegam. Tenho dezenas de testemunhas.

NA MESA DO PREFEITO

Desde 2021, quando Marco Lage assumiu a chefia do governo municipal, estava amarelando em sua mesa de trabalho os nomes dos indicados a ocuparem o cargo de conselheiros de combate às drogas. Na mudança de cor da lista, graças ao passar do tempo, aqueles que seriam indicados sumiram pouco a pouco das ações que, corajosamente, assumiriam.

Houve cobrança ao prefeito. Dezenas de reuniões foram marcadas e desmarcadas, Os ocupantes de cargos do Gabinete seriam testemunhas, mas eles foram, pelo contrário, membros do extermínio da relação de nomes e, finalmente, do fim do conselho.

Em contato com quem manda no governo e não é, obviamente, o prefeito, foram-me ditas as seguintes palavras: “Sou progressista. Portanto favorável à liberação das drogas. É a única forma de combater o problema”. Contudo, esse não era o questionamento. O que se pleiteava e se pleiteia era e é, inicialmente, o apoio às famílias que sofrem por causa de seus membros que usam drogas em Itabira e são do conhecimento dos políticos, da polícia e seriam da justiça. A mesa do prefeito continua no mesmo lugar, mas o conselho desapareceu.

AS DROGAS   AVANÇAM

“Este é um problema nacional, ou mundial, não é nosso, de Itabira” — afirmou o homem que nada manda e que nem engana a ninguém a mim, em entrevista no tempo em que topava um frente e frente. Em palanque, ele próprio já disse o nome de quem governa. Portanto, nem é bom citá-lo. Vamos lembrar o povo de Itabira, negligente, irresponsável, que votou uma vez (nessa eu me culpo) e depois cerrou fileiras, pelo número de votos sacramentados nas urnas, proclamando-o um verdadeiro “santo”, “intocável”. E encheu-se de mais vaidades. Ele, hoje, consegue com a sua lábia bem afiada, “provar” que pedra é pau.

As drogas avançam no mundo. Idem no Brasil e com muita força em Itabira. A violência assusta. Na terra drummondiana morre um cidadão por dia, no mínimo, ou até mais. Ninguém acusa ninguém. Ou melhor, o culpado é o silêncio.

A causa da violência está estampada nas mãos de crianças, adolescentes, adultos e até idosos, fruto da negligência do poder público. Covardia da politicagem: provocam a tempestade e ainda anunciam a falsa bonança. Os políticos pensam que enganam os já muitíssimas vezes ludibriados. E que continua nos fazendo de idiotas repetidas vezes imbecis.

Em Itabira se permitem viver desses ataques que geram problemas para toda a população como maconha, cocaína, crack, ecstasy, LSD, inalantes, heroína, barbitúricos, morfina, skank, chá de cogumelo, anfetaminas, clorofórmio, ópio e outras, denunciam os entendidos, que sempre trabalharam no combate ao mal e foram abandonados, desacreditados, sequer voltam à atividade que executavam com carinho e desprendimento.

SUMIDOS E DESAPARECIDOS

Existem, ou existiam, projetos que deram certo e são o único caminho, como: “Quero viver”, “Aliança pela Vida”, “Programa Educacional de Resistência às Drogas (Proerd)”, os quais, de repente, desapareceram. Por quê? A própria comunidade pode fazer a pergunta e as autoridades deveriam dar respostas. Naquele momento, a classe política não percebeu, não sentiu o cheiro da fúria que se aproximava e não agiu, não apagou o fogo ameaçador.

Sabem o motivo do desaparecimento? Sim, nós, os eleitores itabiranos, que teríamos votado nos senhores forasteiros que invadiram Itabira. Nos bastidores eles dizem de um para o outro “Odeio Itabira”, “Este lugar merece acabar”, “Vamos ganhar as eleições aqui, depois chispar”.

A última eleição do Conselho Municipal de Políticas Públicas sobre Drogas de Itabira (Comppudi) ocorreu, anotem, em 23 de agosto de 2019, no governo Ronaldo Magalhães. Até então todos os conselhos sobre o tema foram constituídos, indicados e formados em Itabira, lembrando que o Comppudi foi instituído pela Lei 4.405, em março de 2011, e é órgão central responsável por medidas que ajudam as famílias atingidas pela questão.

São muitas as ações que procuram tratar de um problema grave e complexo, como a Síndrome da Dependência. Alunos da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) desenvolveram  uma vacina capaz de impedir os efeitos da cocaína no Sistema Nervoso Central (SNC), que já se encontra em adiantada fase de estudos. Itabira voa nas mãos dos malditos “pseudo progressistas”.

Enquanto isso, não encontramos nenhum serviço efetivo de prevenção, cuidado e tratamento, capaz de atender e recuperar os milhares de dependentes do município.  Não é somente atender por atender. Há que se fazer o mais importante diagnóstico. Quantos profissionais são capacitados em dependência química para o atendimento? Quantas pessoas estão em recuperação? Quantas vieram a óbito? Quantas foram assassinadas pelo uso e tráfico? Quantas estão presas?

Os familiares, sem opção, estão buscando em outros municípios o cuidado e tratamento necessário para uma doença crônica, progressiva, incurável e potencialmente fatal, reconhecida pela Organização Mundial de Saúde (OMS).

Órgãos competentes e alguns profissionais da saúde fecham os olhos para a realidade drástica da cidade, enquanto Grupos de Apoio e Ajuda Mútua, como o AA e Amor Exigente, sem nenhum apoio, procuram minimizar os impactos na família e dependentes, desenvolvendo um trabalho voluntário que deveria ser de todos.

José Sana

Em 03/05/2025

Fotos: N.S.

P.S.: O Ministério Público Estadual não pode exigir que a Prefeitura de Itabira retorne às nomeações de novos conselheiros?  Em Itabira temos seis anos sem o combate às drogas. Até quando?

Um novo olhar sobre a dependência química

* Sônia Rodrigues de Souza

 

Quer ver esta cena em Itabira: saia a noite

 

Centenas, milhares de crianças, jovens, adultos e idosos perambulam pelas ruas, becos e vielas, como zumbis, a procura de uma nova dose, uma nova pedra, mais uma vez, cada vez mais. Vítimas de uma doença desconhecida por todos e cercada por mitos, preconceitos e tabus.

Em foco a Dependência Química. Doença reconhecida pela Organização Mundial de Saúde – OMS em 2001 e que mata milhões de pessoas anualmente por doenças, acidentes, overdoses, suicídios e assassinatos.

Vítimas do preconceito, da falta de informação e tratamento, são chamados de sem vergonha, mentirosos, sem caráter, até mesmo por seus parentes e amigos.

A família nega a dependência, os governos omitem informações e campanhas educativas, causando milhares de mortes que poderiam ser evitadas com um tratamento digno e acompanhamento interdisciplinar.

A dependência química é uma doença crônica, complexa, progressiva, incurável e potencialmente fatal. Considerada como uma doença multifatorial demanda um tratamento cuidadoso, biopsicossocialespiritualcultural.

A falta de conhecimento sobre a dependência química e sua complexidade é um grave problema social e que precisa de um olhar atento e cuidadoso por parte dos governos e da sociedade.

Diante disso, iniciamos a série: “Um novo olhar sobre a dependência química” ,  com os objetivos de informar e orientar sobre a doença silenciosa que destrói e mata famílias inteiras.

Centenas, milhares de crianças, jovens, adultos e idosos perambulam pelas ruas, becos e vielas, como zumbis, a procura de uma nova dose, uma nova pedra, mais uma vez, cada vez mais. Vítimas de uma doença desconhecida por todos e cercada por mitos, preconceitos e tabus.

Em foco a Dependência Química. Doença reconhecida pela Organização Mundial de Saúde – OMS em 2001 e que mata milhões de pessoas anualmente por doenças, acidentes, overdoses, suicídios e assassinatos.

Vítimas do preconceito, da falta de informação e tratamento, são chamados de sem vergonha, mentirosos, sem caráter, até mesmo por seus parentes e amigos.

A família nega a dependência, os governos omitem informações e campanhas educativas, causando milhares de mortes que poderiam ser evitadas com um tratamento digno e acompanhamento interdisciplinar.

A dependência química é uma doença crônica, complexa, progressiva, incurável e potencialmente fatal. Considerada como uma doença multifatorial demanda um tratamento cuidadoso, biopsicossocialespiritualcultural.

A falta de conhecimento sobre a dependência química e sua complexidade é um grave problema social e que precisa de um olhar atento e cuidadoso por parte dos governos e da sociedade.

Diante disso, iniciamos a série: “Um novo olhar sobre a dependência química” ,  com os objetivos de informar e orientar sobre a doença silenciosa que destrói e mata famílias inteiras.

Parque da Água Santa. Um local arborizado denominado como um ponto turístico. As diversas arvores e arbustos fazem o sol da tarde descansar, escondendo a triste realidade do local durante a noite e madrugada. Uma pequena das muitas cracolandias que se formaram em Itabira.

Pais de família, filhos, irmãos, parentes e amigos chegam ao fundo do poço perambulando pelo local em busca de uma nova dose, mais uma, cada vez mais. Já não existe limites; álcool, drogas e sexo dão a ilusão de liberdade.

As histórias se repetem. Álcool e cigarro foram os caminhos de entrada no mundo das drogas, o crack e as drogas sintéticas, cada vez mais potentes, a estrada da destruição de todos os valores, sentimentos e desejos. Somente um desejo prevalece: o consumo da sua droga de preferência, seja qual for, e com doses cada vez mais mortais.

São seres humanos que merecem um tratamento digno e responsável da doença, assim como qualquer outra. Infelizmente, marginalizados são colocados à parte pela sociedade e até por familiares que desconhecem a doença e o seu poder devastador.

Apesar de todos os esforços da Polícia Militar, todas as semanas, vemos na mídia incontáveis assassinatos, roubos e assaltos todos para financiar uma nova dose.

Estudos comprovam que o uso indiscriminado de drogas impactam diretamente no: sistema de saúde; acidentes; homicídios; suicídio; roubos; violência em geral; óbitos; evasão escolar; aumento da população de rua; gravidez precoce, mortalidade fetal; doença sexualmente transmissível; agressão a mulheres e crianças; homicídio de pais pelos filhos; homicídio de filhos pelos pais; estupro de vulnerável; aumento do encarceramento; aumento dos transtornos mentais sem tratamento; absenteísmo; maior necessidade de segurança e aumento da demanda no judiciário.Tristeza sem fim. Quantas dores e problemas podem ser evitados se a Síndrome da Dependência, conhecida também como Transtorno por Uso de Substâncias – TUS, fosse tratada como doença e com dignidade.

Como especialista em dependência química e coordenadora do grupo de Amor Exigente de Itabira busco, incansavelmente, que os doentes, dependentes químicos, e familiares, codependentes, possam ter o direito ao regate de sua cidadania por meio do conhecimento da doença e um tratamento digno. Não existe cura para a doença, assim como a diabetes, mas existe a “recuperação” e o “controle” que não devem ser desprezados. Até quando “Itabira será apenas um retrato na parede”?

 

* Sônia Rodrigues de Souza é terapeuta holística e conselheira em toxicodependência, palestrante, Professora no Curso de Formação de Conselheiros em Dependência Química no Exército Brasileiro, Coordenadora do Grupo Amor Exigente de Itabira.

Sônia Rodrigues de Souza
Sônia Rodrigues de Souza é Terapeuta holística e conselheira em toxicodependência, palestrante, professora no Curso de Formação de Conselheiros em Dependência Química no Exército Brasileiro, coordenadora do Grupo Amor Exigente de Itabira.

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