Um, prefeito de Itabira por dois mandatos (2001-2004 e 2017-2020). Outro, chefe do executivo da mesma cidade desde 1º de janeiro de 2021 são nossos alvos de exposição de virtudes e defeitos. Há erros nossos, com certeza, mas estamos ao dispor de quem quer que seja para discutir eventuais tropeços aqui publicados.
Tema muito discutido por moradores da sede do município, a divergência entre o hoje contra o ontem é classificada como preocupante. A sequência na filosofia de trabalho não seria importante para que não seja atrasado o processo de crescimento e desenvolvimento da cidade? Um fórum de discussões neste momento, já com atraso, não seria um início de evolução da comunidade e dos poderes públicos?
RONALDO LAGE MAGALHÃES
Ronaldo teve uma segunda administração que utilizou um método de trabalho tido como diferente dos demais ex-prefeitos. Por causa de que seus assessores chamavam de novidade, ele próprio ‘ofereceu’ armas ao adversário.
Abertamente, a filosofia constituía-se como enxugamento da máquina administrativa a partir do anúncio feito pela mineradora Vale, em 2019, de que permaneceria no Sistema Sul somente até 2029. Hoje o prognóstico aumentou mais dois anos, isto é, até 2031.
Os ataques ao prefeito, principalmente no período eleitoral, transformaram-se num arsenal de mísseis apontados para ele. O mais mortal foi mesmo afirmarem, de forma aparentemente segura, que “Ronaldo preparava o campo para seus amigos entrarem no páreo e adquirir parte de órgãos públicos, como o Serviço Autônomo de Água e Esgoto (Saae) e a Empresa de Desenvolvimento de Itabira (Itaurb).
O total de funcionários que prestava serviços à prefeitura, incluindo Saae e Itaurb, atingia o somatório de três mil operários. Ao término de seu mandato, o prefeito teria deixado nos quadros descritos cerca de dois mil servidores. Ou seja, sua assessoria mostrava que tiveram uma redução de mil servidores.
Na época, obtivemos informações de que Ronaldo Magalhães instituiu uma espécie de comissão para trabalhar com incentivos à aposentadoria e demissões gradativas de pessoal. Nesse rol de mudanças, incluiu-se a demissão de 160 funcionários da Itaurb, providência que resultou em uma série de complicações para o Poder Executivo, entre elas ações na Justiça.
MARCO ANTÔNIO LAGE
No início de 2021, tomou posse o novo prefeito de Itabira. Fácil de haver entendimento, pelo menos até agora, as primeiras ações dele constituíram-se em valorizar os servidores municipais. Depois, reintegrou os 160 funcionários demitidos pelo seu antecessor. Logo em seguida, tentou executar pequenas obras, como asfaltamento de trechos, tapamento de buracos (desses ninguém dá conta), tendo resolvido parte da pavimentação de avenidas e ruas principais.
Outras ações do prefeito atual são eminentemente sociais, direcionadas a um socorro mais atuante aos pobres, de certa forma trabalho bem aceito por parte do funcionalismo e também fonte de reclamações de outros que aguardam a sua “boquinha”. Já são, segundo informações de fonte da prefeitura cerca de 3.200 o número de servidores municipais, tanto no poder central como nas autarquias.
Marco Lage tem tentado buscar recursos para reparar os defeitos de praças, avenidas, ruas e becos. Recentemente, assinou contrato com a Caixa Econômica Federal (CEF), como convênio de empréstimo de R$ 99 milhões para obras de infraestrutura.
Ele sabe também de um problema sério, que pretende resolver, dos passeios em quase toda a cidade, que estão desmantelados. Idosos e crianças têm sofrido quedas, às vezes precisando de pedir socorro ao Samu. A providência é justificada ainda pelo fato de existirem muitas vias estreitas, com passeios, esburacados. Assim o pedestre acaba disputando espaço com veículos.
Também a saúde pública não decolou por enquanto, continua como eram nas administrações anteriores. Mas Marco Lage continua prometendo que vai tornar esse setor um modelo para o interior e, quiçá, o Brasil
Uma grande dificuldade que enfrenta está no desequilíbrio de funcionamento das secretarias. Pelo que ocorre até o momento, já teve de dar posse, depois exonerar mais de 30 profissionais. As mudanças no primeiro escalão agora já somam o total de 35 mexidas.
Assim, Marco tem, como Ronaldo Magalhães, têm um canhão apontado para sua administração. Vereadores oposicionistas chamam de “troca-troca” as mudanças constantes na prefeitura. A Câmara tem dois blocos votando as matérias. Enquanto um bloco critica e aponta erros, a outra parte se mantém calada, não defende o seu correligionário maior. Neste contexto, um dos vereadores que mais se destaca é o Neidson Freitas, que não perde um lance de vigilância sobre os atos da prefeitura. “Fui eleito para fiscalizar, defender os itabiranos e ser porta-voz deles”, declarou o parlamentar a N.S.
Apesar das dificuldades, o chefe do executivo mostra-se tranquilo e confiante, espera terminar os quatro anos de mandato com resultados positivos. Mostra-se tão animado que, na tarde da última quarta-feira (15), ao abrir a Décima Segunda Conferência Municipal de Saúde, realizada no teatro da Fundação Cultural Carlos Drummond de Andrade, anunciou que será candidato à reeleição no pleito municipal de 2024.
Confirma-se o que esta reportagem publicou no blog “Zé do Burro e vice-versa”, a realidade da corrida eleitoral antecipada e bem forte, embora seja agora apenas e simplesmente o tempo inventado por cidadãos e condenado pela Justiça Eleitoral. Memes mostram na internet o fato: o que mais ofende o governo itabirano é o termo “palácio de troca-trocas” como definição da prefeitura.
José Sana
17/03/2023
Fotos: redes sociais