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É hoje, 22 de março de 2021,  Dia Mundial da Água. O mundo inteiro está com a atenção voltada para a pandemia e esquece que a água pode até salvar vidas. Itabira sofre mais ainda porque precisa agilizar o desenvolvimento. E paira no ar a pergunta: como encetá-lo sem água?

DIAGNÓSTICO (PRIMEIRA PARTE)

Funcionária trabalha no Posto Agropecuário, cuidando das mudas que serão distribuídas para compor as matas ciliares

Funcionária trabalha no Posto Agropecuário, cuidando das mudas que serão distribuídas para compor as matas ciliares

 Agora vamos mostrar um diagnóstico resumido, feito antes e depois de da implantação  do “Projeto Mãe D’Água” em Itabira. O resumo é apenas este: quando começou a funcionar, em 2006, a Estação de Tratamento de Água (ETA) da Pureza produzia 125 litros por segundo. Três meses depois de fazer limpezas e cuidar dos córregos e suas  matas ciliares, um dos procedimentos da operação “Mãe D’Água”, a produção subiu para 160 l/s.

Decorridos  menos de dois anos, havia uma variável da seca para o tempo normal que girava de 180 a 200 litros por segundo. Alguém duvida deste suposto “milagre”? Que pesquise para ver e veja, como São Tomé, para crer.

Quando do início de funcionamento até há uns 20 a 30 anos, a ETA Pureza abastecia 70% de Itabira. Na era dos anos 2000, a operação caiu para 55%. Hoje, de acordo com técnicos do Saae, a distribuição está em torno de 40%. Declínio  brusco, explicado também pelo crescimento da cidade.

DIAGNÓSTICO (SEGUNDA PARTE)

Plantio já pronto e aguardando processo de distribuição para a região dos ribeirões abastecedores da ETA Pureza

Plantio já pronto e aguardando processo de distribuição para a região dos ribeirões abastecedores da ETA Pureza

Desde o início de funcionamento da ETA Pureza, o Córrego Contendas mostra, em período de seca, pedras desnudas nas quais descem um fio quase invisível. Até  a chegada do “Projeto Mãe D’Água”, tinham  sido feitas ações para conter os fatores que assorearam  voltaram a assorear a bacia abastecedora.

Foram acumulando-se crimes, os mais diferentes, detectados por estudos técnicos (ainda vamos mostrar), a ponto de não ter mas o que poluir, assorear, atacar, assassinar. As questões mais gritantes podem ser assim enumeradas:

— A localização do Distrito Industrial, fator destruidor da natureza. De acordo com levantamentos da Fundação Sesp, órgão do Ministério da Saúde, assessora do Serviço Autônomo de Água e Esgoto/Saae, a implantação da usina de ferro-gusa, maior poluidor da região foi vetada, mas a recomendação de impedimento não atendida.

— Questão relevante: a então estatal Companhia Vale do Rio Doce (CVRD) promoveu, em 1996, mesmo contra protestos da sociedade organizada,  leilão de chácaras localizadas dentro da Mata do Capão, na bacia do Córrego Candidópolis.

— Começaram a surgir outros empreendimentos na área que contribuíram de forma decisiva para a gradativa secagem dos córregos abastecedores da ETA Pureza.

— Houve intenso reflorestamento de pinus localizado na parte mais alta da bacia.

— Resíduos do Distrito Industrial começaram a descer nos córregos, entre eles escórias de ferro-gusa depositadas à beira das estradas e empurradas em período chuvoso para as bacias que existem na região. O risco previsto continuou não sendo observado, a usina continuou funcionando e sequer trazia soluções econômicas compensatórias para a municipalidade.

AÇÕES DO “MÃE D’ÁGUA”

Quando triste de se ver e que a cada ano mostra mais desânimo: principal ribeirão da ETA Pureza com as pedras desnudas

Quando triste de se ver e que a cada ano mostra mais desânimo: principal ribeirão da ETA Pureza com as pedras desnudas

O cidadão pergunta: o que o “Projeto Mãe D’Água atuou para resolver grande parte dos problemas diagnosticados em torno da bacia abastecedora da ETA Pureza? Vamos enumerar alguns:

— Criação de viveiros de plantas em áreas do Posto Agropecuário, até então com grandes espaços para esta finalidade.

— Plantio de mudas de espécies nativa no entorno das nascentes, áreas que margeiam os córregos e nos topos de morros e encostas íngremes.

— Implantação de caixas de retenção de água de chuva e de cordões ou terraços em curva de nível para aumenta a taxa de retenção da água de chuva.

— Envolvimento de proprietários rurais que passaram a participar ativamente de todas as etapas do processo.

— Implantação de programa de comunicação/educação ambiental com produtores rurais, escolas das proximidades e comunidade itabirana de modo geral.

— Palestras e visitas aos locais nos quais se desenvolveram as ações de execução do projeto.

— Entrosamento com parceiros (secretarias municipais, Emater, IMA, IEF, comitês de bacias hidrográficas, Posto Agropecuário, Vista Alegre, Barreiro, Candidópolis, instituições de ensino.

— Implantação de viveiro de mudas e assessoria técnica geral para acompanhamento detalhado das atividades diárias, do plantio de mudas à sua distribuição e, consequentemente, anotações de resultados das operações.

APENAS PARA ANTECIPAR

A reportagem irá  ainda ouvir os responsáveis pela implantação do “Projeto Mãe D’Água”, testemunhas operacionais que aí estão para confirmar ou negar o que foi feito.

Foram  eles  os que estiveram à frente da grande arrancada ambiental da região itabirana: prefeito João Izael Querino Coelho, diretor-presidente do Saae Ilacir Ferreira da Silva, engenheiro Dartson da Piedade Fonseca, técnico Gilmar Bretas Martins Cruz e o responsável pela manutenção do viveiro de plantas, ex-vereador José do Nascimento Figueiredo Coelho, Zé do Cachimbo.

A história do “Mãe D’Água” continua e serão levantados pelo menos parte dos prêmios estaduais e nacionais conquistados.

NS

Fotos: Arquivos NS

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