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A vitória de Georgia Meloni para chefiar o governo da Itália suscita discussões no mundo inteiro. Seria ela uma ultradireitista e a primeira mulher a chefiar aquele país europeu que, no último século, viveu o drama do fascismo de Benito Mussolini (aliado do nazismo do alemão Adolf Hitler), da derrocada do nazi-fascismo ao final da  2ª Guerra Mundial e vivenciou depois disso governos entre o centro e a esquerda. Penso que essa discussão é estéril e passa mais pela decepção dos esquerdistas que nas últimas décadas ganharam posições ao redor do mundo e hoje se preocupam ao perdê-las. Quando isso ocorre, partem para rotular o adversário, fazem previsões do que ele poderá fazer de ruim quando no poder e o tentam impedir de governar. Algo que nós, brasileiros, temos presenciado nos últimos anos, desde que Michel Temer – vice de Dilma Rousseff – foi empossado e principalmente depois que Jair Bolsonaro foi eleito.

Já passou da hora dos políticos deixarem os rótulos de direita e esquerda, independente de suas tendências. Até porque, num mundo de informação veloz como o atual, será difícil a radicalização e principalmente as atitudes radicais de governantes fora dos ditames da Constituição e do ordenamento jurídico dela decorrente. Toda ação mais atípica deflagra a discussão da sociedade e acaba acontecendo só aquilo que o povo aprova. Não é difícil lembrar que aqui no Brasil, apesar de todo o empenho dos governos petistas – inclusive o sonho maluco de se criar a URSAL (União das Repúblicas Socialistas da América Latina), sob modelo soviético, dos movimentos pela quebra constitucional e das acusações dos adversários de que Bolsonaro estaria cultivando o “golpe”, o presidente sempre disse o contrário e se manteve dentro dos limites constitucionais. Não há clima para outra coisa, seja de direita ou de esquerda

A sazonalidade de governos pró-esquerda ou direita, como tem ocorrido aqui na América Latina, não merece o destaque que tem encontrado. Até porque ninguém que hoje assume o governo tem a liberdade para agir pela própria vontade, como faziam os governantes do passado. Atualmente, qualquer medida mais extremada provoca reação imediata da sociedade e na maioria das vezes acaba revogada ou reformada para causar menor impacto. Assim, tanto faz o eleito pensar para a direita ou esquerda. Sua faixa de decisão é estreita, só admitindo ações que atendam aos anseios da sociedade.

A classe política – notadamente os que atuam ideologicamente – precisa reformar seus conceitos. Não há coisa mais arcaica e inútil do que as  bandeiras de direita e esquerda. Com o passar dos anos e principalmente com a atuação de uns e outros, o povo foi agregando definições,  a maioria delas pejorativas. Só isso é suficiente para desclassificar destra e canhota, conceito político difundido na Revolução Francesa, há mais de 230 anos. O mais indicado é o critério objetivo. Saber o que o político pretende fazer com os problemas do país e da sociedade, sem conceitos ideológicos.

 

Quanto a Georgia Meloni, primeira mulher a governar a Itália, mais do que atuação ultradireitista – como a rotulam – espera-se que simplesmente governe dentro das possibilidades atuais e com competência administrativa. Senão, correrá o risco de repetir o ocorrido com a primeira mulher a governar o Brasil, que restou afastada do poder, tentou eleger-se senadora mas não conseguiu e agora não é candidata a nada. Possivelmente, mire a consolação de um cargo de confiança no caso do seu candidato vencer a eleição.

 

* Tenente Dirceu Cardoso Gonçalves – dirigente da ASPOMIL (Associação de Assist. Social dos Policiais Militares de São Paulo)

NS
José Sana, jornalista, historiador, graduado em Letras, nasceu em São Sebastião do Rio Preto, reside em Itabira desde 1966.

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