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Gilmar Bretas Martins Cruz, técnico agropecuário, simples como se vê em suas palavras, pleno conhecedor de Itabira e sua zona rural, aposentado na Secretaria de Agricultura da Prefeitura. Notícia Seca ouviu as suas considerações e as levou ao pé da letra para transmitir a Itabira, seus dirigentes, responsáveis pelo fornecimento de água a mais de 30 mil residências e projetos industriais.

Aqui, Gilmar Bretas conta o que fez, o que presenciou e recomenda: “Itabira pode ter o projeto ‘Mãe D’Água reimplantado’, seria uma grande realização do atual governo”.

Vamos pontuar as suas palavras.

COMO TUDO COMEÇOU

Mudas preparadas para a distribuição: do Posto Agropecuário aos fazendeiros, sitiantes e a equipes do Saae

Mudas preparadas para a distribuição: do Posto Agropecuário aos fazendeiros, sitiantes e a equipes do Saae

“O que nos chamou atenção foi o edital do Ministério do Meio Ambiente que lançava um concurso para premiação de um projeto com ações para ‘Revitalização de Bacias Hidrográficas’.

Fizemos contatos com diversos órgãos ligados à Prefeitura, como Agricultura e Abastecimento, Meio Ambiente, Saae, Itaurb e outros.

Então, iniciamos a discussão do edital e a equipe concluiu que deveríamos enviar um projeto para recuperação das bacias dentro do município de Itabira.

Assim, a área escolhida foi a bacia do Ribeirão Candidópolis, que faz parte da bacia do ribeirão que abastece o manancial da Pureza. Todo projeto foi criado de forma que atendesse ao edital do Ministério do Meio Ambiente”.

Criada a equipe, dividimos as tarefas entre os membros, assim o projeto começou a ser formado e a funcionar”.

GRANDE ENVERGADURA

Viveiro de mudas: foto do Instituto Espinhaço, entrosado com projetos ambientais na região

Viveiro de mudas: foto do Instituto Espinhaço, entrosado com projetos ambientais na região

“Não houve sequência do trabalho porque, realmente, precisa de uma forte estrutura, embora possível; de recursos financeiros, que não estavam previstos em orçamento, havia escassez deles, fato que prejudicava a sua ampliação para outras bacias do município e da região, mesmo de qualquer parte do Brasil. O projeto se tornou famoso, mas sem recursos, entrou no meio de mandato e do ano. Poderia continuar…

Esse projeto poderia seguir à frente, sim, serviria de modelo para muitos municípios, poderia expandir-se para a zona rural e continuar sendo atração turística para Itabira, fator que se agregaria ao turismo itabirano ”.

DIFICULDADES, SEMPRE ELAS

Amostra real da degradação do Ribeirão Candidópolis antes de realizado o “Projeto Mãe D’Água”

Amostra real da degradação do Ribeirão Candidópolis antes de realizado o “Projeto Mãe D’Água”

“A maior dificuldade era convencer os produtores rurais da importância da iniciatia. Alguns achavam que estaríamos estragando o terreno ao fazer os terraços em curva de nível (técnica agrícola).

No início, tínhamos grandes incentivadores e apoiadores, o presidente do Saae, Ilacir Ferreira, o diretor administrativo, Dácio Guerra, mas nas gestões posteriores, esse apoio foi diminuindo até ser extinto”.

PRÊMIOS ALCANÇADOS

Chegando ao endereço destinado ao tratamento de água: produção da ETA Pureza só se recuperou nos idos do “Mãe D’Água”

Chegando ao endereço destinado ao tratamento de água: produção da ETA Pureza só se recuperou nos idos do “Mãe D’Água”

“Vamos recordar: no edital, promovido pelo Ministério do Meio Ambiente, o projeto “Mãe D’Água” ficou em 2º lugar, sendo que o 1º foi para o Instituto Terra, fotógrafo Sebastião Salgado.

3º lugar – “Furnas Ouro Azul”, perdendo apenas para a Emater/MG e Copasa/MG (órgãos governamentais).

1º lugar: “Práticas Inovadoras em Revitalização das Bacias Hidrográficas” na categoria Municípios e tema “Conservação e Recuperação de Solos, Água e Biodiversidade – Ministério do Meio Ambiente”.

RECURSOS E EDUCAÇÃO AMBIENTAL

Antes do projeto: da nascente à ETA Pureza só se viam pedras

Antes do projeto: da nascente à ETA Pureza só se viam pedras

“A Prefeitura sempre se preocupou e se ocupou de difundir a educação ambiental. Neste aspecto também foi importante, recebeu visitas de muitos alunos e professores vindos de todas as partes.

Tínhamos uma equipe de recursos humanos, engenheiro sanitarista, técnico agropecuário, técnico em meio ambiente, operador de trator agrícola e retroescavadeira, encarregados, 12 operários rurais. Além disso, contávamos com a consultoria de um engenheiro em solos/hidrologia da Universidade Federal de Viçosa. Contudo, com o passar do tempo restaram apenas, o técnico agropecuário e dois operários rurais. Consequentemente com a redução de pessoal só foi possível dar manutenção no viveiro de mudas”.

RETAGUARDA FORTE

“O viveiro de mudas atendia o projeto para o plantio e fazia distribuição aos produtores interessados, executando sempre o que era possível, fornecendo a quantidade requisitada. Assim, a área disponibilizada no posto atendia ao projeto. E admitimos, também, que essa estrutura tivesse campo em outras regiões do município porque Itabira tem extensa área rural.

Contava com a execução de terraços em curva de nível, com o objetivo: de reter a água no solo; confecção de caixa de retenção de água (barraginha); controle de erosão nas estradas rurais, instalação de fossas assépticas, proteção às nascentes e cursos d’água; plantação em área degradada e em volta das nascentes.

Desta forma, diminuía a erosão do solo, assoreamento dos rios, aumentando o nível do lençol freático. Além disso, fazíamos um monitoramento do curso de água por meio de um aparelho (linígrafo) que media a vazão do ribeirão do Candidopólis e do pluviógrafo, que fazia a medição da quantidade de chuva que caía na região. Com isso, conseguimos provar que o projeto já mostrava resultado muito satisfatório”.

CONCLUINDO

“Volto a dizer que o projeto deveria ser reimplantado em Itabira. E ainda, que projetos semelhantes sejam criados em outros municípios, devido ao excelente resultado que obtivemos. E estamos aí torcendo para que dê certo, tenho plena certeza disto”.

NS

Fotos: Gilmar Bretas e Arquivo NS

NS
José Sana, jornalista, historiador, graduado em Letras, nasceu em São Sebastião do Rio Preto, reside em Itabira desde 1966.

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