Vou tentar, mesmo sem entender como transportar a situação de Itabira, referentemente à Cisne, a grande premiada, para o mundo do futuro. Uso o jogo de xadrez, fabricado num tabuleiro, disputado entre dois lados para tentar ser claríssimo. Cada um dos oponentes é representado por peças de cores opostas. A finalidade é conquistar o “rei” do adversário. As peças são compostas de oito peões, duas torres, dois cavalos, dois bispos, uma rainha e um rei.
A movimentação faz-se por estratégias diferentes. Tenho um amigo e ex-colega na mineradora Vale, chamado Divino, inteligentíssimo, que é professor de xadrez. Cogito até que ele me dê aulas. O aluno dele que me atrai é o Murilo, de dez anos, filho de Renata, ambos conhecidos no condomínio, onde residimos. Sempre que o vejo, ele se antecipa e faz uma festa e eu gosto de estabelecer analogias para quaisquer outras ações de estratégias, como ações políticas, por exemplo. Murilinho nada tem a ver com isso. Só uso o seu nome, gentilmente. Mas eu tenho, sim, estou envolvido.
No caso específico da Tarifa de Transporte Coletivo de Itabira, neste momento o prefeito Marco Antônio Lage está em vantagem, vibrando, dançando, acha que vai derrotar vereadores, povo e eu, como venceu ontem em reunião extraordinária por um 10 x 6 humilhante.
Veja bem o que diz, imagino: “Vou ganhar a simpatia do povo agora e no fim do ano aplico o xeque-mate, instituindo a Tarifa Zero. Ou seja, ninguém pagará passagens de ônibus aqui na nossa Itabira e nem na zona rural”. Estas palavras jubilosas seriam daquele que pretende, sim, sabem o quê? Subir de Imperador de Ipoema a Rei de Itabira.
O ano que vem será decisivo. O Rei, na certeza de não ficar nu, espera tomar definitivamente a cidade e, depois, mostrar que pode ir mais à frente, levantar o bastão de majestade e dominar até o Brasil. Não lhe passam mais pela cabeça as impetuosas questões, como numa impactante Mato Dentro que apregoa: “Não ganha eleição quem não constrói um majestoso empreendimento”.
Marco faturou para os cofres itabiranos nada menos que R$ 2,5 bilhões de reais até este momento, receita de vaca gorda. Executou exatamente zero “quatrilhão” de nada, nem um raro meio-fio completo, instalado e pintado. Tem (ou tinha), como diz (ou diria) o marido de Dona Eloá Quadros, “recursos para construir estradinha de Ipoema a Senhora do Carmo”, menor que a ponta da cava do Cauê. “O home é sem noção”, denuncia meu amigo Pé de Pato, que promete entrar também em cena da guerra de Desgraça contra a Graça.
Vamos e convenhamos, sejamos trágicos e imaginemos que Marco fatura a reeleição e continua distribuindo ações essencialmente assistencialistas por aí, ou asfaltando até o “Córrego do Meio”. Coloca na frente o seu socialismo cego de olhos abertos, herdado não do pai, que era capitalista de encher os olhos e gerar rendas.
Itabira, até aí, vê que não tem mais dinheiro para satisfazer a fome da ave do gênero Cygnus, imagine a folha de pagamento de R$ 48 milhões anuais, os aposentados que ainda não acordaram e os comerciantes que, esses sim, vão obedecer o aviso da Vale na fatídica “rota de fuga” e vazar para sempre.
Podemos até tirar o aviso das esquinas itabiranas, as barragens estarão secas daqui a pouco e os cofres públicos entupidos de riquezas desde 1957, ou mesmo a Constituição de 1988. Daqui a pouquinho, mas a um instantinho mesmo, murchos como um bagaço de laranja. Não vê o risco, senhor Rei?
Dez vereadores fizeram vistas grossas à verdade crua e nua, mas sete tiveram a coragem de ver, ouvir, apalpar, farejar o que vem por aí: um vergonhoso xeque-mate na tricentenária Itabira. Valha-nos, Deus Todo-Poderoso. Amém!