Manuel Ferreira da Câmara Bittencourt e Sá, o Intendente Câmara, registrou na história brasileira, dentre os vultos históricos do Brasil, certamente um dos mais importantes: construiu uma fábrica de ferro em Morro do Pilar, precisamente em 1809, conhecida como Real Fábrica de Ferro do Morro do Pilar. Nos idos de 1815 o Intendente Câmara se consagra o pioneiro da mineração de ferro no Brasil, fabricando ferro em alto-forno pela primeira vez no Brasil. Com olhos de condor, Câmara viu as montanhas morrenses como alvo do seu empreendimento que deu a Morro do Pilar, Minas Gerais e o Brasil as digitais eternas da descoberta do subsolo de riqueza inestimável.
Para o tema, deixo aqui indicada uma obra recente – Do Diamante ao Aço – O ilustrado Intendente Câmara e a verdadeira história da primeira fábrica de ferro do Brasil –(Américo Antunes – 2ª Edição, Editora Alameda).
Ergue-te do sepulcro, Intendente Câmara, e venha dizer do teu feito histórico!
Registra-se que no Arquivo Público Mineiro, Ano X, Fascículos I a V, 1905, pág. 184, está escrito o seguinte: “Queremos com razão supor que o dr. Câmara tenha sido até agora, o talento mais extraordinário, o espírito mais lúcido, a mentalidade melhor preparada dentre os filhos de Minas Gerais.”
Recentemente ouvi uma entrevista do prefeito de Itabira, Marco Antônio Lage, concedida à Rádio Itatiaia em que ele disse: “Itabira, com a Vale é o berço da mineração no Brasil.” Sim. Itabira é o berço da Vale e vive como exemplo de cidade que aos quase 80 anos abriga a mineração de larga escala. Aqui nos cabe lembrar da história e para além de conhecê-la. A Real Fábrica de Ferro do Intendente Câmara, em Morro do Pilar, nasceu em 1815 e originou no Brasil a produção de ferro em barras, o que, até aquela época era produto de importação.
Morro do Pilar é o Berço da Siderurgia no Brasil, e, portanto, daquelas terras subiram às mãos do homem o primeiro minério de ferro que inaugurou a extração e fundição de ferro no Brasil. Voltemos à entrevista do prefeito itabirano, e quando perguntado o que será de Itabira quando o minério acabar, respondeu ele: “Segundo relatório que a própria empresa Vale encaminha para a Bolsa de Valores de Nova York… ela prevê o fim do minério de Itabira a partir de 2028.” O prefeito emite sua preocupação com o futuro próximo que terá a cidade Drummondiana.
O que será de Itabira quando o minério acabar, e vai acabar. O gestor de Itabira acerta ao tratar a mineração como de fato ela é: uma atividade finita. Acerta ainda em dizer que a sustentabilidade da cidade mineradora após a mineração é algo que precisa ser desenvolvido, e do que vejo, a ideia do chefe do executivo de Itabira corre contra o tempo e busca os caminhos dessa direção.
Assim como Itabira, que caminha para a exaustão do minério, e consigo a supressão de uma arrecadação gigantesca para os cofres da administração pública, e busca na atual gestão a sustentabilidade na ausência da mineração é um exemplo vivo de pensar a cidade sustentável na ausência de um grande empreendimento.
Para as cidades mineradoras, cabem a elas pensarem a mineração do fim para o começo, e começar acertando no sentido de construir uma cidade sustentável para sobreviver e se desenvolver com planejamento. Itabira corre contra o tempo para enfrentar o futuro próximo da exaustão do minério, e este é o caminho mais acertado que uma cidade mineradora possa seguir – criar planos de sustentabilidade para o pós mineração. O pós, portanto começa no começo, e o trabalho é pensar a cidade para o amanhã com todos os recursos e oportunidades que o presente possa oferecer.
As terras de Drummond correm contra o tempo, e com isso deixa o exemplo modelado para tantas outras terras que recebem e receberão a mineração, inclusive as terras do Intendente Câmara que receberá a mineração anunciada.
Nesta plataforma digital, Notícia Seca contribuirá para levar aos leitores informações e dinamismo além da notícia. Conhecer a nossa história é sobretudo entendermos como tudo começou e certamente por isso estamos por aqui.
Muito triste!🥲🙏
Muito interessante!🤔🤔🤔👏👏👏👏👏👏