Hoje este Corujão vai falar de política. Não queria, mas é tentado pela desarrumação desses montões de candidatos que aparecem por aí. São uma “montoeira”, diz seu Jaci do Bairro da Praia. E complementa Mané do Onça de Cima: “Só barracos, asneiras e zorras”. Para o Corujão não passa de exibição de uma peça teatral que tem o nome de “O amanhã começa ontem”.
Segundo a boca pequena, a região dos Vales das Cobras terá dezenas ou quase uma centena de candidatos a deputado estadual e a federal no próximo pleito disputativo. Advirto que sempre foi assim: um time, dois e até três junta-juntas de futebol, com dezenas de reservas e um treinador para cada equipe, ou uma “ruma de gente” (Pedro Rapadura). Ainda Aparecem os paraquedistas trazidos por forças conhecidas e desconhecidas, que buscam seus votos para reforçar as suas fileiras e torná-los ativos no poder em benefício de causas estranhas, que abrangem do espaço de enriquecimento ilícito à medição doida de forças. Abre-se a cortina do espetáculo e começam os atos de tapinhas nas costas, súplicas, bajulação, beijos proibidos e descrição do que foi feito em “desbenefício” de quem ninguém conhece.
Trata-se, portanto, de cenários já prontos, cuja apresentação, além de repetida, faz de nós eternos e verdadeiros palhaços. O teatro vira circo com a nossa, ou seja, do povo, entrada em cena. Daí pra frente cada um faz o seu papel proporcional à babaquice de cada um. Os menos tapados não precisam ser profetas para enxergar o dia de amanhã. Será sempre como “antes no quartel de Abrantes”, um aforismo conhecido de todos.
Todos os locais da apresentação de bom-mocismo têm um nome, mas a denominação correta já foi dada em comum acordo regional, mas vou repetir: “O amanhã começa ontem”. A sabedoria ignorante do passado junta-se à tática cara de pau do presente: cada um pensa que é candidato forte, lança as suas ideias, as mais esdrúxulas possíveis, como “construir um presídio em alto mar” ou “trazer o Oceano Atlântico (ou será o Pacífico?) para Minas Gerais”. E estão prontas as redes pescadoras de jeca-tatus.
O objetivo não é chegar à Assembleia Legislativa ou à Câmara Federal e até ao Senado, mas ser candidato a prefeito na eleição municipal de 2024. Fecham-se as cortinas do espetáculo, sabendo todos nós o seguinte: estamos no jogo e será facílimo o nosso entrosamento. Para quem tem memória sã, desde tempos imemoriais éramos mansinhos do jeito que os trapaceiros adoram. Monteiro Lobato criou o jeca-tatu para desempenhar este papel. Feito e entregue na bandeja.
CORUJA