Para quem gosta de apostar em qualquer motivo ou por nada, ou simplesmente discutir o que vem por aí, veja o que espera Itabira daqui a seis meses, até no máximo 6 de outubro de 2024, às 20 horas. Estamos nos referindo às eleições municipais, na expectativa de estarem concorrendo oito candidatos, ou menos, ou mais, em disputa polarizada ou não.
Uma questão e uma assertiva podem surgir. Eis a primeira:
— Algum “cientista político” participou deste trabalho?
— “Em mineração, barriga de mulher e eleição ninguém sabe o que vai sair” (voz popular).
À primeira colocação não vamos dar resposta porque a participação é anônima. A segunda já teve sua lógica derrubada, porque a mineração agrega pesquisas geológicas seguras; em ventre feminino o ultrassom é 99,9% preciso; em eleição, uma pesquisa séria dá resultado antecipado.
Agora, aparece a nossa indicação, que leva cada um à sua conclusão a respeito de eleição para prefeito de Itabira. É, portanto, democrático o presente trabalho, que permite à inteligência individual (não confundir com artificial), o seu exato arremate sem interferência de algum outro opinante. Pode, sim, gerar polêmica. E talvez seja esse o principal objetivo deste texto.
PREFEITOS DE ITABIRA
Vamos colocar estampado para quem não sabe os nomes de todos os prefeitos de Itabira a partir de 1970, para que sejam, também, fontes de consultas, eventualmente, durante a maquinação de eleitores ou leitores.
— 1967 a 1970 — Daniel Jardim de Grisolia
— 1971 a 1972 — Padre Joaquim Santana de Castro (mandato-tampão)
— 1973 a 1976 — Virgílio José Gazire
— 1977 a 1982 — Dr. Jairo Magalhães Alves
— 1983 a 1983 — Virgílio José Gazire (faleceu durante o mandato)
— 1983 a 1988 — José Maurício Silva
— 1989 a 1992 — Luiz Menezes
— 1993 a 1996 — Olímpio Pires Guerra (Li)
— 1997 a 2000 — Jackson Alberto de Pinho Tavares
— 2001 a 2004 — Ronaldo Lage Magalhães
— 2005 a 2008 — João Izael Querino Coelho
— 2009 a 2012 — João Izael Querino Coelho (reeleição)
— 2013 a 2016 — Damon Lázaro de Sena
— 2017 a 2020 — Ronaldo Lage Magalhães
— 2021 a 2024 — Marco Antônio Lage (em andamento)
PRÉ-CANDIDATOS
Vamos trabalhar em cima de nomes de pré-candidatos, declarados ou apenas “treteiros”, que escorregam mais que quiabo com abóbora d’água. Pode ser que algum fique na sombra, não seja incluído no contexto de nomes sem declaração neste estudo, culpa de nossa ignorância, pela qual pedimos desculpas antecipadas.
Em ordem alfabética, abordaremos os seguintes prováveis pré-candidatos:
— Bernardo Mucida de Oliveira
— João Izael Querino Coelho
— Marco Antônio Lage
— Neidson Dias Freitas
— Reginaldo Calixto de Oliveira
— Ronaldo Lage Magalhães
— Ronaldo de Paula (Ronaldinho Teteco)
— Rosilene Félix Guimarães
REELEIÇÃO NÃO!
Em 2000 ocorreu o primeiro pleito eleitoral municipal com a opção de reeleição nos municípios brasileiros. Jackson Alberto de Pinho Tavares fazia uma administração normal, com algumas contestações. Construiu obras significativas, como a Avenida Cristina Gazire (continuidade à Carlos de Paula Andrade) e o Memorial Drummond). Desenvolveu um programa do Orçamento Participativo e passou a inaugurar “uma obra por dia”, um pouco na base do marketing.
A oposição estava praticamente “morta”, sem candidato, parecia uma eleição decidida.
Na convenção dos partidos, às vésperas do pleito, em outdoors espalhados por toda a cidade pelo candidato à reeleição, anunciavam que Jackson mantinha uma frente em torno de 90%. A oposição somava menos de 15% e o candidato que resolveu enfrentá-lo tinha 6% de aceitação. Ronaldo Magalhães entrou na disputa, vaga prevista para ser ocupada por Li Guerra . E venceu as eleições. Querem saber os motivos? Pesquisem, entrevistem muitos sobreviventes que nem precisam de memória tão vasta para explicar tudo.
Resultados:
Eleito – PSD – Ronaldo Lage Magalhães 27.074 – 46.39%
Não eleito – PT – Jackson Alberto de Pinho Tavares 26.445 – 45.31%
Não eleito – PPS – Adício Dias Soares 4.849 – 8.31%
OPOSIÇÃO DIVIDIDA
Aos chamados entendidos, ou “cientistas políticos”, soou em 2004, quando ocorreu uma eleição que não teria o sistema de reeleição. Em 2003, por motivo alegado — tratamento de saúde — Ronaldo disse, em entrevista coletiva, que não disputaria a eleição no ano seguinte. Alguns de seus seguidores afirmavam que o motivo era simplesmente o da promessa de fazer um “governo quatro anos”, que tinha até uma melodia assim: “Itabira precisa de um prefeito que governe quatro anos”.
E saiu em lugar de Ronaldo o vice-prefeito João Izael Querino Coelho na eleição seguinte (2004). Ocorreu, então, uma miscelânea de candidatos, tudo o que ocorre sempre por estas bandas quando o governo central é franco. Ronaldo desistiu cedo demais e daí vieram uma turma de pretendentes. Vejam como ficaram os resultados dessa barafunda por percentual:
— Cláudio Ciganinho — 1,2%
— Ângela Guerra — 3,0%
— Jackson Tavares — 24,5%
— Damon Lázaro — 27,3%
— João Izael — 44.0% (eleito)
REELEIÇÃO “RASPADINHA”
O próprio João Izael Querino Coelho esperava vencer com facilidade o pleito de 2008 e consagrar-se como o primeiro prefeito reeleito de Itabira. Mas só ele cultivava essa esperança porque nos bastidores o pouparam de todas as formas, previam um embate frente a Damon Lázaro de Sena, que teimava em chegar à Prefeitura como seu dirigente máximo.
Na véspera da guerra final houve uma convocação de líderes de sua campanha para que se fizessem uma demonstração técnica de que a luta seria “pau a pau”. Os participantes da reunião saíram com a incumbência de cada um conquistar pelo menos dez votos que se declaravam “inimigos”.
correu o pleito muito “taco a taco” como foi a disputa Li Guerra e Jackson Tavares em 1992. Vejam agora o seu resultado, em percentual, em pleito polarizado:
— Damon Lázaro — 48,1%
— João Izael — 51,9% (reeleito)
Por pouco João Izael Querino Coelho entrava por um cano deslumbrante. Os motivos foram alegados por “cientistas” que analisaram o pleito como desejo de mudança, notável característica do eleitor itabirano. Mas o próprio vencedor não teve conhecimento do esforço de última hora de seu grupo torná-lo vencedor a duras penas.
VINGANÇA “DAMONÍACA”
Agua mole em pedra dura tanto bate até que fura” — consistia este o anúncio dos novos próceres, que sonhavam governar Itabira. Foram presenciados desabafos bem quentes de seguidores do médico Damon Lázaro de Sena, os quais desabafos que, talvez, nem o próprio candidato vencedor pôde ouvir. Mas ocorreram.
E não era para menos porque, o médico que era muito conhecido na cidade pelo seu insistente combate a uma doença que agitava Itabira, candidatou-se a prefeito pela terceira vez —2004, 2008 e 2012 — e ainda teria a quarta oportunidade depois dessa tentativa. Ele enfrentou Ronaldo Magalhães e aplicou-lhe uma tremenda surra:
— Ronaldo Magalhães — 22%
— Damon Lázaro — 78% (eleito)
Para os que não acreditam em “balaiada”, eis os números dessa eleição, incrível:
— Ronaldo Magalhães — 13.513
— Damon Lázaro — 47.794 (vencedor)
VINGANÇA VINGADA
Como nos conhecidos e velhos filmes de faroeste, há vinganças retrubuídas. Simplesmente assim: o valentão vai e derruba o devedor mas depois leva outro retrucar de tiros e mortes. Aqui na política, Ronaldo derrubou Damon quase no mesmo número de tiros (ou votos).
Mas o real adversário de Magalhães em 2016 acabou sendo Bernardo Mucida. Outra característica dessa disputa foi, novamente, dividida, como a de 2004, tendo entrado, além de Bernardo Mucida de Oliveira, Talmo Curto de Oliveira e Gil César (Dular).
Didaticamente, o resultado de 2016 mostra que, ao contrário do que pensam alguns candidatos ou seus assessores, ninguém é dono de votos. As oscilações de somas daqui e somas dali refletem claramente que eleição é momento, não é “toda hora que um cachorro entra na igreja se a porta esteja aberta”, como dizem no interior.
Eis os números percentuais de 2016:
— Gil César — 4%
— Talmo Curto — 4%
— Damon Lázaro — 6%
— Bernardo Mucida — 41%
— Ronaldo Magalhães — 45% (vencedor)
Em números Ronaldo x Damon:
— Damon Lázaro — 4.340
— Ronaldo Magalhães — 30.018 (surra histórica)
CARACTERÍSTICAS DOS PREFEITOS
— Daniel Jardim de Grisolia – populista quando a tática funcionava, amigo de todos, não brigava, mas governava pouco.
— Padre Joaquim Santana de Castro – bom pregador, comunicador nato, vivia, em épocas eleitorais, em debates com Dom Mário, que tentava impedir seu envolvimento em política.
— Dr. Jairo Magalhães Alves – o mais democrático dos prefeitos de Itabira, nunca debateu com vereadores, nunca respondeu críticas, nunca criticou vereadores.
— Virgílio José Gazire – calmo, educadíssimo, ponderado, tinha as virtudes de educação de Dr. Jairo.
— José Maurício Silva – “macaco velho não enfia a mão em cumbuca”, “ou em boca fechada não entra mosquito”.
— Luiz Menezes – crítico ferrenho de quem detém o poder, não perdia a esportiva com ninguém e levava conversas em banho-maria. Características sempre suas, inimitável.
— Olímpio Pires Guerra – político nada preocupado com futricas, conversas desnecessárias não vale, era prefeito e nada mais, não fazia gracinhas.
— Jackson Alberto de Pinho Tavares – hábil médico no bisturi, homem culto, sabe ouvir o interlocutor, cai até no ombro amigo de quem aceita docilidade.
— João Izael Querino Coelho – educadíssimo, fala baixo, sério demais, misterioso, nunca pede voto, tenta conquistar sem falar, muito misterioso, “tipo escorregadio”, dizem os próprios amigos.
— Damon Lázaro de Sena – a cara do militarismo, “pau é pau, pedra é pedra”, dá um boi para não entrar na boiada e uma boiada para não sair da confusão.
— Ronaldo Lage Magalhães – educado, sério, mas “estopim curto”, não enrola ninguém, mas só dá o que pode.
— Marco Antônio Lage – educadíssimo, um “gentleman”, não altera a voz, nem perde o equilíbrio. Muito criticado na questão “falta de gestão pública”.
ÁGUA E ONÇA
Em 2020, Itabira levou um susto de doer seus ossos. Apareceu um novo candidato que a sociedade com ele sonhava. Que fosse itabirano. Que governasse sem olhar para trás. Que trouxesse avanços para a democracia. E também água, que somasse com o lixo duas grandes realizações sacramentadas pela Vale. Exigências não só dos itabiranos, mas da próprio Justiça, que testemunhou e assinou ainda no século passado. Por absoluta necessidade, já que sem atividade econômica predominante não há futuro, Itabira continua com esse porvir sequer desenhado no papel.
Tem, sim, a Universidade Federal de Itajubá (Unifei), que incluiu nas suas esperanças um braço forte, em parceria de Prefeitura, Vale e Governo Federal. João Izael foi o principal responsável por esta conquista. Apesar de atraso de três anos, os confiantes em Marco Antônio acreditavam que ele tinha essa carta na manga. Pode ocorrer ainda?
Acrescendo grandes esperanças o itabirano cerrou fileiras com o jornalista ipoemense Marco Antônio Lage, que percorreu o mundo e que exalou conhecimento da causa itabirana. Ele impediu que Ronaldo Lage Magalhães alcançasse um terceiro mandato, ou uma reeleição.
Em 15 de novembro de 2020, as urnas apontaram o seguinte resultado em pontos percentuais e números:
— Jânio Nunes — 0,2% (152)
— Cléverson Buim — 0,5% (349)
— Alexandre Banana — 1,6% (1.055)
— Márcio da Loteria — 3,7% (2.423)
— Ronaldo Magalhães — 43,0% (29.395)
— Marco Antônio — 51% (33;141/eleito)
Com certeza absoluta, o itabirano escolherá o melhor para si e sua família em 6 de outubro próximo. Cabe a ele entender o que vem pela frente e não deixar resolvido o argumento “hora de onça beber água”.
MULHER VALE MUITO
De 2020 a 2024 Itabira acresceu em seu eleitorado apenas 60 eleitores. Inacreditável, até a população caiu. E, em tão curto tempo, é sabido que o número de mulheres é infinitamente maior.
Na atual conjuntura, a sociedade clama por uma voz feminina. Depois de tantos séculos desvalorizada, nas partes civilizadas do mundo, sua autoridade aparece cada vez mais desejada no sentido de liderança. Só não se entende ainda o porquê essa mulher ainda não se agigantou ainda em todas as áreas, parece marcar passo para montar uma revolução cheia de dóceis mas firmes palavras.
Em toda a história política, Itabira só teve uma candidata a prefeita. Ela se destacou como vereadora (1973 a 1976), presidente da Câmara Municipal (1974),tendo concorrido e concorreu, em 1976 em uma legenda, ao cargo de prefeita.
Seu nome, ainda hoje na liderança pública — é uma das diretoras da Aposvale — Regina Maria Pinto Coelho pode ser seguida agora pela vereadora, advogada, líder comunitária e “faz-tudo em casa” Rosilene Félix Guimarães.
São, portanto, oito pré-concorrentes
— Não importa a polarização — (crédito de uns)?
— Reeleição é mesmo “rabo de foguete”
— O povo quer mesmo é “sambar?” — “Cada povo tem o governo que merece” (adágio popular).
Que Deus guie os itabiranos e Itabira! Nas mãos de 91.280 eleitores o destino da Terra de Drummond. E nossa também.
José Sana
Pesquisas (vários colaboradores)
Fotos/ Imagens: redes sociais/Notícia Seca/Brás Martins da Costa
Fabulosa crônica!