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TOCA A CAMPAINHA

Itabira, 20 de novembro de 2023, segunda-feira, 10 horas da manhã. Toca a campainha e recebemos em casa, em Itabira, duas personalidades, Émerson de Alvarenga Barbosa, Gui e Thiago Jacques, ambos da DeFato. Surpresa, é claro, qual o motivo da honrosa visita? Conversar, sim, até os 40 minutos do segundo tempo.

Nessa altura do campeonato, ou melhor, do jogo, surge o motivo da visita: “Você topa escrever um livro sobre a vida de Dr. Colombo?” Com toda a simplicidade que Deus me deu, a resposta não tardou um minuto sequer: “Sim”. Em seguida apenas o anúncio de que todas as providências seriam tomadas.

DE VOLTA À FACULDADE

Numa questão de dois dias, os fatos ocorreram. A visita de 20 de novembro esteve com o casal Dr. Colombo e Eny, acertados os dias de minhas idas à casa deles, horários e outros detalhes.

Enquanto isso, retornei às faculdades nas quais estudei História e duas Pós-Graduação. E Letras.  O motivo era colocar em prática, evidentemente, a indispensável Pesquisa Científica. Exponho em ação trabalhos que armazenei, cerca de 120 TCCs, dissertações, artigos etc., pesquisados em dezenas de universidades da região com detalhes e brasileiras.

PRIMEIRAS VISITAS

Preciso definir a pessoa que assume as narrativas. “Use a terceira pessoa em toda escrita acadêmica”, A frase está no topo de um caderno de aulas com os Mestres Flávio Puff, Francis Andrade, Fabrício e outros em aulas de pós de História do Brasil. Tento ouvir os protagonistas, faço uma lista de personagens de acordo com as gravações, já tenho alguns nomes, desde 1997 vinha observando e escrevendo sobre Dr. Mauro, Colombo, Barros e outros nomes.

“Para escrever um bom texto narrativo é preciso saber construir e descrever as personagens”. Outra anotação ao pé de uma página. No terceiro dia, não sei mais o que anoto e preciso decidir. Sei que Dr. Colombo tem a vida cheia de histórias. Gravo todas as conversas e contrato uma pessoa, fora dos planos financeiros, para transcrever as gravações, até porque não sou bom em audição, todos sabem, vem aí um novo livro contando essa história. Outro tema.

Desobedeço a recomendação da terceira pessoa para a escrita acadêmica. Observo que os leitores não serão cem por cento acadêmicos. Classifico-os de semi-acadêmicos. Os 50% científicos ficam por conta da organização de textos. Então, depois de ter lançado, já, dois livros, invento e decido que serei agora um  Ghost Writer. Resumo: vou escrever este livro na primeira pessoa.É mais fácil transcrever o que diz a lenda viva.

Decido, também, a metodologia, que seria mais fácil sendo Positivista e não serão. Os casos e causos ficarão alternados em sequência de datas, ou as datas exprimem apenas a confirmação de fatos? A atual escola mais em uso não é a Modernista, nem totalmente Contemporânea, mas a Nova Escola. Reparei que o narrador (será Colombo mesmo) adota, inconscientemente, um método que defino assim: “Vê a Idade Média com os olhos da Idade Média”.

UMA CASA AGITADA

É para isto que serve um Ghost Writer: um  escritor que diria copiador. Autenticidade nas palavras de um narrador nato e hereditário, assim me parece. A campainha da casa não para de tocar. Já fiquei preocupado com isso. Colombo não se importa muito, ele tem, não tanto igual a mim, uma certa perda auditiva. Mas Dona Eny é muito sensível e observei que as visitas lhe cansam.

Ela, a dona da casa, não perde a atenção em vários detalhes. Sabe quando a ajudante, braço direito, Jéssica, deve iniciar o almoço, bem antes de meio-dia e observa as movimentações do ágil e atencioso Agnaldo. Se precisa sair, Agnaldo vai ao ouvido de Colombo (às vezes o centenário usa aparelho auditivo) e explica o que está fazendo ou vai fazer. Telefonemas não cessam, o barulho  atinge a casa inteira. Visitas, ajudas, busca de consultas ou receitas. Ninguém reclama, só o observador fantasma anota.

Quanto ao gênero, não existem limitações. O Ghost Writer, com técnica e perícia que vai assimilando aos poucos convence-o de que é o melhor método.

Antes de concluir este primeiro capítulo de “Bastidores do Livro de Doutor Colombo”, chamo a atenção para a coluna de Marcos Martino, publicada neste site. Ele escreve sobre a Coragem Autoral. Leia aqui

Depois voltamos com o segundo capítulo desta série.

José Sana

Em 10/07/2024

NS
José Sana, jornalista, historiador, graduado em Letras, nasceu em São Sebastião do Rio Preto, reside em Itabira desde 1966.

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