Enquanto o violão tilinta dentro de casa, os pássaros, especialmente o canário chapinha (cabeça de fogo) entoam suas canções no topo da escada da residência alegre de Colombo e Eny.
Acreditem quem quiser, e vejam as provas mostradas neste texto, na tentativa muitas vezes impossibilitadas de publicação. Agora, vamos tentar. Quem toca violão oficialmente no grupo das “Coroas do Vôlei” é Maria Helena Gomes Nascimento, chamada de cem por cento musical.
Aparece Colombo, de 103 anos de idade, tendo Eny também como vocalista de “primeira água”, nomeiam-na Agnaldo e Jéssica. A minha conclusão: que casa alegre, sô!
HORA PARA TUDO
Está esclarecido no livro “Doutor Colombo – vida saudável em um centenário exemplar” que um dos segredos de longevidade do casal é, com certeza, a disciplina de horários. Levantar às 5 horas da manhã; tomar um cafezinho com leite logo em seguida; fazer caminhada de uma hora ao redor da casa; leitura depois; almoçar às 11 horas; puxar uma soneca de duas horas a seguir; tomar o chá da tarde por volta de 16 horas; jantar às 18 e antes da chegada da noite, o início de um sono reparador.
Não tem domingo, feriado, nada que esteja mais na agenda. Nos intervalos, atendimento a consultas, existem os clientes especiais e algumas visitas programadas. Ou saídas para consultas, dentista, bancos. Colombo funciona como um computador bem programado. Exercício de memória ativa é algo que entra em qualquer parte do dia.
MUSICALIDADE
Precisei descobrir que, sorrateiramente, com excessiva humildade, Colombo pega no violão e solta seus sustenidos e bemóis. Não tem escolha: faz solo, acompanha, toca qualquer página de autoria dele ou não, de Maria Helena desde que seja algo romântico e até dramas que só entram e saem, sem a prática em seu repertório. Desses, por exemplo, “Ébrio”, de Vicente Celestino, ou “Fumando espero”, de Marisa Monte. Lembrando que ele nem bebe, nem fuma, nem mente. “E é filho de boa gente”, como diz ter escolhido uma “deusa na família Figueiredo”.
No seio das páginas musicais, ele acrescenta política, que cita sempre na convenção de seu tempo de vereador (1958 a 1962), quando coloca em dia as ocorrências que lhe mostraram traições e outros bichos, além de não cumprimento de tratos. “Por isso deixei a política”, acrescenta.
Mas, voltando à música, é bom lembrar que toca sempre para quem esteja presente – a casa dele continua muito alegre – “Taí”, “Saudade de Ouro Preto”, “Saudade de Matão”, dezenas de outras de sua autoria na vida normal e em carnavais inesquecíveis até dos prêmios vencidos.
José Sana
Em 05/08/2024
Foto e vídeos: Jéssica e Agnaldo