Itabira e sua região têm vários assuntos que são o prato do dia neste período do ano. São bons e maus temas, diga-se. Alguém poderia explicar este momento? Seria o frio insistente ainda mais acompanhado de seguidos anúncios de geada? Ou o ânimo do comércio , devido ao aumento das vendas? Ou os repetidos acidentes do trânsito na cidade e no seu entorno? Seria ainda o comentado e agitado Festival da Cultura Tropeira que se realiza no distrito de Ipoema ?
Não, nada disso! As mais abordadas notícias estão resumidas assim: a possibilidade de instalação em Itabira, neste ano, do curso de Medicina pela UniFuncesi, Centro Universitário que se ergue como um fênix e mostra sua relevante força. Atraída por este tema, Notícia Seca caminhou diretamente à fonte, no Córrego Seco, onde a reportagem foi recebida com entusiasmo e esperança da reitora Flávia Pantuza, da UniFuncesi e do presidente Maurício Mendes, da Funcesi.
Conversa transparente, assunto claro, nem Maurício nem Flávia deram resposta a este questionamento que tanto Itabira precisa saber: teremos vestibular este ano? Mas mostraram, nesta entrevista, que o Ministério de Educação (MEC) considerou de alta importância o trabalho que Itabira está executando e que se encontra, realmente, na linha de chegada. As palavras a seguir são deles, sob livre manifestação. O encontro ocorreu durante cerca de três horas, no campus itabirano, tendo-se prolongado por dias a seguir. Afinal, há uma grande expectativa final para uma resposta positiva do MEC. Vejam as palavras deles, dando respostas a perguntas aqui não anotadas.
Primeira e segunda etapas
A possível instalação do curso de Medicina em Itabira tem de ser explicada passo a passo. Isso é um processo que se desenrola em várias etapas. Em dezembro de 2021, fizemos uma solicitação macro. O MEC analisou todas as exigência a serem cumpridas e falou: “Tudo bem, vocês precisam preencher uma série de requisitos técnicos”
Há cerca de cinco anos, ou mais, a Funcesi estava se preparando para chegar às possibilidades alcançadas. Todas as pequenas providências foram cumpridas e elogiadas, recebemos as aprovações como incentivos e, então, chegamos à segunda etapa.
Nessa ocasião, o Ministério da Educação pediu mais descrições: quadro de professores, grade curricular, tudo aquilo que é pedagógico e técnico para pelo menos pleiteamos, no caso nosso, um curso de Medicina. Esclareço que se fosse outro curso seria a mesma coisa. E tudo prosseguiu caminhando da forma mais aberta, exigências máximas e se concretizaram as aprovações.
Terceira etapa: entra o apoio do prefeito
Na terceira etapa, que é esta aqui agora, o MEC disse: “Opa, está legal, agora vamos constituir uma comissão para ir a Itabira in loco e verificar aquilo que vocês nos apresentam como documentos, e ver se constituem, realmente, sustentação”.
O fato fez com que nos preparássemos mais porque esperávamos que o MEC fosse demorar pouco, uns três meses. Fizemos o pedido em fevereiro, eles nos deram uma resposta no fim do mês de março e já marcaram uma visita da comissão para os dias 9 e 10 de maio. Vieram duas avaliadoras, uma de Rondônia e outra de São Paulo, que são extremamente criteriosas, profissionais renomadas, excelentes pessoas e muito exigentes.
Ocorreu uma reunião de abertura, em que estavam Flávia, eu, a nossa professora que trabalha em relações instituições diretamente com o MEC e a nossa coordenadora de curso. Convidamos o prefeito Marco Antônio Lage para fazer parte da abertura. Esteve presente ainda toda a equipe de mais duas áreas: financeira e administrativa. Na área financeira é o Pedro Tarbes o responsável, e na área administrativa, a Juceia. Temos outro, o Fabiano Penido, que presta consultoria jurídica.
O prefeito manifestou muito interesse, falou da importância para a cidade e a região, já que ele é também presidente do Consórcio Intermunicipal de Saúde. Quantificou a importância do curso de Medicina para Itabira e região e que podíamos contar com seu total apoio para que os estudantes, residentes e futuros médicos pudessem atuar nas áreas públicas, como PSFs, hospitais, policlínicas e etc.
Após as formalidades, começaram as argumentações, checagem de documentos e visitas in loco. O MEC avalia os quatro primeiros anos de curso. Primeiro tem autorização para iniciar, depois, lá para a frente, tem a renovação e autorização para conceder o diploma.
Só para acrescentar: as profissionais do Ministério vieram, fizeram avaliações, ficaram aqui conosco durante dois dias e meio, trabalhando de 8 horas da manhã até10 horas da noite. Percorreram todas as instalações, verificaram todos os nossos equipamentos.
Reunimos, 30 profissionais aproximadamente , professores que têm contrato conosco, vários de Itabira, de Belo Horizonte, inclusive cirurgiões, especialistas e médicos. Eles visitaram hospitais, foram aos PSFs, a clínicas, conversaram com representantes do segmentos da sociedade, dos alunos, para saber qual a importância do curso de Medicina pleiteado por Itabira.
No fim de tudo, houve um fechamento da avaliação. As representantes do MEC trouxeram para nós o seguinte: “Ainda não fechamos o relatório, mas estamos muito satisfeitas com o que vimos. Percorremos este Brasil todo e nunca fomos tão bem recebidas como aqui em Itabira”. Depois concluíram: “Agora vamos à avaliação técnica: vocês estão muito bem preparados, vocês têm aqui uma área fantástica, equipamentos que poucas escolas têm para funcionamento”. Daí o nosso otimismo e o sentimento de que teremos uma vitória fantástica para Itabira, lembrando que não só aqui em nosso campus, mas em toda a cidade e região estamos preparados e munidos de uma grande expectativa otimista.
Esperamos que possamos preparar o vestibular neste ano. Contudo, se eu falar que vamos ter vestibular e não tiver, você s podem dizer o seguinte: “Maurício mentiu”. Não vamos mentir sobre o vestibular e acerca de nada. A perspectiva nossa é de que a gente possa estar favorecendo e atuando nessas cidades que compõem a nossa microrregião: São Gonçalo do Rio Abaixo, Santa Maria de Itabira, Ferros, Guanhães, essas cidades todas que correspondem a essa região da micro, acho que 24 municípios.
A respeito do custo das mensalidades, vai depender do número de alunos e da estrutura de custos. Para mim, quanto mais a gente tiver a mensalidade baixa será melhor, vamos trabalhar para que isso ocorra. A Funcesi precisa ter uma renda para que possa reinvestir. Não adianta montar um curso que vai custar, vamos supor, R$ 10 mil por aluno e eu colocar esse curso a R$ 5 mil. Então, vocês têm de verificar o número de alunos, número de professores, gastos de equipamento. Agora, de uma coisa você pode ter a certeza: não terá o custo de mensalidade mais caro do que o mercado, nunca! Temos de estabelecer um preço que seja justo.
Região atendida e desenvolvimento
Um curso de Medicina tem o viés da diversificação econômica, mas ele, também, com certeza, vai melhorar a qualidade de vida, não só do município, mas de toda a região. Então, para nós, isso a gente já vê em Enfermagem e Fisioterapia. Estamos promovendo resultados ótimos em Barão de Cocais, Santa Bárbara, Itambé do Mato Dentro, Itabira e em outras cidades. Chega um secretário de Saúde formado aqui, a pessoa que está atendendo, formou-se na Funcesi, ele nos reconhece. Precisamos acrescentar que em cinco anos de trabalho, atendemos a cerca de 181 mil pessoas carentes e a outros em Enfermagem e Fisioterapia. Além do atendimento gratuito, temos trabalho com outros pacientes que utilizam como intermediários o Pasa e a Unimed.
Toda a instituição trabalha para a UniFuncesi. A razão de existir da Funcesi é a área acadêmica e suas prestações de serviços, que a gente faz muito bem, graças a Deus, para a comunidade. Temos o SAJ — Assistência Jurídica Gratuita.
Suporte: Instituto de Ciências Médicas de BH
Se me perguntam: — “Vocês fazem isso tudo sozinhos?” — tenho a devida resposta. Estamos com suporte e assessoria do Instituto de Olhos e de Ciências Médicas de Belo Horizonte. É uma instituição filantrópica, de 78 anos de existência e seguidamente nota máxima no MEC. O pessoal de Ciências Médicas é extremamente profissional e rigoroso. Quem se relaciona com o Ministério de Educação somos nós, mas por trás temos a renomada instituição da capital.
Acrescentando que estamos equipados tecnicamente. Temos laboratório que hoje tem TV e condições de projetar imagens para que o aluno se acostume, porque quando ele for fazer a cirurgia no hospital verá o que interessa, utilizando a câmera e o vídeo. Ele tem de aprender a usar a tecnologia mostrada, incluindo a também.
Quando a gente faz uma tomografia, com base em que o médico dá o laudo? Às vezes não está ali. Ele pode estar em São Paulo, às vezes em Belo Horizonte, Rio etc. Ele vai laudar pelas imagens e mandar para o médico daqui que atende no consultório ou nas UTIs.
O que vemos de mais importante em todos os cursos, não só de Medicina, é que a Funcesi cumpre um papel de dar retorno à comunidade. Tudo que é feito aqui tem de trazer impacto para a comunidade.
Com o curso de Medicina, tudo será melhor, a cidade crescerá em progresso e desenvolvimento. E vamos aguardar ansiosos, acreditando que a nossa hora é agora.
José Sana (Reportagem/Texto)
Brander Gomes (Reportagem/Fotos)
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