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Sempre conversávamos pelo Facebook e WhatsApp, também em comentários de fatos que veiculam nas redes sociais. Nunca falamos em morte, dia nenhum. Nosso maior papo era sobre o seguinte: o que será Itabira depois da Vale?

Ontem você leu meus rabiscos e apenas aquiesceu-se. Os temas eram ora sobre o Galo, ora sobre livros, ora sobre fatos interessantes da história itabirana. Ora rebelde, ora tolerante, ora queixoso, você carregava nos dizeres um fio de esperança sobre o futuro de  Itabira.

Pautas de meus textos eram vez por outra ditadas por ele, Marconi, após uma troca de ideias. Havia, sim, discordâncias, é claro. Maldito aquele que só concorda!

Até Drummond deixou dois registros contra o que era pauta da monotonia: “A unanimidade comporta uma parcela de entusiasmo, uma de conveniência e uma desinformação.”

Também escreveu nos seus aforismos o seguinte: “A monotonia da unanimidade reclama o voto da discordância.” E também Nelson Rodrigues marcou o seu desprezo: “Toda unanimidade é burra!”

Cada um tem sua opinião sobre a morte. A avaliação sempre depende do momento. “É natural”, “O mesmo que nascer”, “Inexplicável”, “Mistério”, “Desencarnação”, “Ida para outro plano”, “Caminho para o Juízo Final.”

E mais e mais  e mais opiniões diferentes. Nelson Rodrigues, que citei acima, escreveu: “De manhã ela velava o marido; à tarde estava na porta de sua casa chupando chica-bom”.

Itabira vive um momento incerto de sua história. Nunca teve tantas turbulências políticas, jamais se viu tanta desunião entre dois poderes: o Legislativo e o Executivo. A história, que ficará marcada nos capítulos escritos por aí, vai conter essa dose marcante de negativismo. Semana passada, Marconi e eu falávamos sobre isso. Consultávamos a origem do mal que assola Itabira. Línguas malditas dizem que há uma cabeça de burro enterrada no centro histórico.

Não éramos unânimes em nossos conceitos mas deixamos uma interrogação: “A união faz a força que, aplicada, faz a desunião.” Será? Ouvi a frase e fiquei perplexo. Parecia mais ironia, um jogo de palavras.

Ao receber a informação enviada por uma de suas filhas, Dra. Mayra Portilho, a respeito da ocorrência triste de hoje, voltei a memória do gravador atrás e percebi que Marconi não se portava como convém  aos sábios, ou seja, dizem que esses preveem a morte.

Depois me recuei de vez: o erudito, geralmente, não revela seu conhecimento interior e, por causa disso, é sábio. Ele tem uma nova linguagem para muitos momentos.

Marconi de Assis Ferreira Serafim, 72 anos, vê se nos ensina a linguagem dos sábios. Abraços todos os filhos, netos, esposa (Rosa) e grande amiga (Dra. Mayra). Para o Menino da Mina a esperança de que nossa amizade continue junto com seus pensamentos e poemas.

 

José Sana

Em 19/02/2024

NS
José Sana, jornalista, historiador, graduado em Letras, nasceu em São Sebastião do Rio Preto, reside em Itabira desde 1966.

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    Mayra Portilho
    Mayra Portilho
    9 months ago

    Meu querido amigo Sana, obrigada por expressar de forma tão linda a amizade que vocês tinham. Nosso poeta deixará saudades!

    Darliete
    Darliete
    9 months ago

    Linda homenagem e lembrança. Marconi deixará saudades. Sua luta e confiança no futuro vão nos dar a força necessária para continuar o seu legado e desejo de uma cidade justa, próspera e mais feliz. Segue em paz nosso amigo a fazer poesia no infinito!

    🌹❤️🙏

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