By Com um céu avermelhado anunciando mais uma noite de inverno que antecede ao Dia Mundial de Combate às Drogas, celebrado em 26 de junho, estabelecido pela ONU em 1987, Itabira anuncia festejos e comemorações por toda cidade.
Enquanto isso, corpos errantes pela rua em busca de álcool e drogas se distanciam das belezas da vida, da família e a alegria se perde em busca de mais uma dose, enquanto são cercados por uma imensa discriminação.
Poucos conseguem perceber que a dependência química é uma doença crônica incapacitante e potencialmente fatal. Entender a doença deve ir além de estimativas de mortalidade; ou seja, é importante avaliar o quanto as consequências do uso abusivo e as doenças relacionadas ao uso geram perdas também em qualidade de vida.
O uso de substâncias psicoativas causa impacto diretamente no sistema nervoso central -SNC, interferindo diretamente na capacidade física, mental e psicológica. Os efeitos prejudiciais do consumo são profundos e permanentes, e levam ao desencadeamento de diversos transtornos.
Itabira, envolta na poeira da mineração, assiste passiva a morte precoce de muitos adolescentes que têm suas vidas ceifadas pelo uso das drogas pelo fato de o Poder Público não realizar um trabalho eficiente sobre a doença. Já se tornou rotineira a morte de adolescentes nos fins de semana. Fatos degradantes são amplamente divulgados pela mídia local.
Esforços de pequenos grupos procuram amenizar o sofrimento das famílias, mesmo sabendo que não são suficientes para ocorrer o caos instalado na cidade e que é ocultado pelo preconceito, enquanto famílias inteiras agonizam em silêncio sem saber o que fazer.
Itabira pede socorro. É um longo caminho a ser percorrido. Até quando vamos assistir passivamente as devastadoras consequências sanitárias, sociais, ambientais e econômicas do consumo de substâncias químicas?
Sônia Rodrigues de Sousa
