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É, de verdade, uma notícia não só diferente, como relevante: em julho de 2019, três garotas de oito anos de idade, assumiram um desafio arrojado: construir três casas num lote, no Bairro Santa Ruth, em Itabira, para uma mãe de família chamada Rosana Rodrigues dos Santos, conhecida como Zana, que vive com o marido e mais quatro filhos; a irmã dela, Rosimeire Rodrigues dos Santos, que tem seis meninos e meninas, e a mãe Zenir Nascimento dos Santos.

Reunidas em uma amizade infantil sem muita explicação para adultos, elas tomaram conhecimento de que a diarista Zana precisava de um lugar para morar dignamente. Só isso.

MENINAS BEM DISCRETAS

Não contaram e não contam como tomaram a iniciativa, mas assim ficou bem claro: sempre unidas entre brincadeiras e estudos, mostraram-se sensibilizadas, entendendo o que era preciso fazer para Zana e sua turma. Sem muito pensar, iniciaram a busca de doações para venda de roupas, sapatos, tênis, sandálias, chinelos, enfeites, livros, brinquedos, chope, salgados e tudo o que pudesse ser transformado em dinheiro.

Seus pais perceberam que elas estavam levando a sério, então, começaram a formar um “complô” em torno delas. Sensibilizados com o entusiasmo e convicção que as meninas demonstravam, entraram no “jogo” e viram logo que daria certo. Era o que precisava acontecer para o Bazar da Zana “viralizar” nas redes sociais, atraindo interessados em praticar caridade, amor, bondade. Em outras palavras, a luz clareou para eles, os pais — André Luis Moura Sana e Clarissa Leal Sana — de Elis Leal Sana; Érico Vinícius Moura Sana e Elen Moura Sana — de Laís Moura Sana; Ânderson Martins da Costa Duarte e Jussandra Jordão Pereira Duarte — de Isabela Pereira Duarte.

As três meninas decididas: foto de julho de 2019, quando promoveram o primeiro Bazar da Zana

As três meninas decididas: foto de julho de 2019, quando promoveram o primeiro Bazar da Zana

CAUSAS E CASAS

Em março deste ano, as meninas chegando aos dez de idade, as casas, geminadas, como se esperava, e foram projetadas, ficaram prontas, as famílias ocuparam-nas. A emoção rendeu sucesso, a notícia se espalhou mais ainda e gerou duas repercussões: a primeira partiu do vereador Juber Madeira, que apresentou requerimento aos demais colegas, em plenário, aprovado por unanimidade, concedendo a cada uma das meninas um diploma oficial denominado “Moção de Aplauso”; a segunda se resumiu no sentimentalismo das “Mulheres de Ferro”, um grupo de dedicadas itabiranas a causas comunitárias e sociais, que resolveu participar também, melhor dizendo, se viu atingido integralmente pelas palavras que mais pronunciam em reuniões: empreendedorismo, decisão e solidariedade.

Gabinete do vereador Juber Madeira: diálogo com as três meninas

Gabinete do vereador Juber Madeira: diálogo com as três meninas

E acrescentaram ao que faltava as peças indispensáveis de móveis, como armário de cozinha, guarda-roupa e pequenos objetos

MOÇÃO DE APAUSOS

Na tarde desta segunda-feira (17), o vereador Juber Madeira convidou as famílias para a entrega da homenagem às meninas. O encontro se deu em seu gabinete, na sede do Legislativo. Em companhia de pais, avós, tios, primos e amigos, as três lutadoras simplesmente sorriam de satisfação por verem reconhecido um trabalho infantil de “gente grande”.

O parlamentar Juber Madeira destacou as suas justificativas dadas pela homenagem, falou sobre como ficou sabendo da ação das crianças, assim se expressou a N.S.: “Sempre fui muito envolvido em causas populares e, através dos meus projetos comunitários, soube da iniciativa. Pouco depois conversando com uma funcionária (Eliane), de uma das mães das crianças, obtive detalhes da sensibilidade das homenageadas quanto a situação da família beneficiada e não poderia perder essa oportunidade de homenageá-las pela importância do ato. Ainda mais se tratando de crianças, isso simboliza a esperança que tanto almejamos e desejamos”.

Na porta da sede do Poder Legislativo: vereador com as meninas de trabalho reconhecido

Na porta da sede do Poder Legislativo: vereador com as meninas de trabalho reconhecido

Parte das famílias reunidas na entrada do prédio da Câmara: comemorações com precauções

Parte das famílias reunidas na entrada do prédio da Câmara: comemorações com precauções

Madeira completou o seu raciocínio: “Isso é muito profundo, porque nos faz compreender melhor os problemas do nosso país. Além do fato de estar ajudando, conseguimos, através deste reconhecimento, provocar um olhar diferente, tocados e transformados, às pessoas que ainda vivem às margens da pobreza, da miséria, da extrema pobreza”.

NOTA DA REDAÇÃO: A reportagem apurou que as três casas geminadas tiveram um custo aproximado de R$ 100 mil. Conclusão: se três meninas de oito a dez anos fazem este milagre, por que o mundo tem que desabar em choro e reclamações? Gente, mãos à obra e se agarre quem quiser a este exemplo.

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Mary
Mary
2 years ago

Parabéns às crianças da nova geração desse Terceiro Milênio: o princípio da fraternidade é a conduta adotada por elas.
Lindo de se ver!

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