Nunca gostaria de escrever uma só vírgula que fosse contra o cidadão Cidnei Camilo Rabelo. Jamais. Ele é meu amigo desde os tempos de início da “Itabira e Centro-Leste em Revista”. Admiro muito sua tia e seu padrinho, todos vindos lá do Nordeste Mineiro. Ele, nascido na cidadezinha de José Raydan, pertinho de Santa Maria do Suaçuí.
É um moço de 51 anos de idade, com aparência de novo, cara de menino quando atende alguém, simpático, sorridente, que se projetou em Itabira na venda de pasteis e caldo de cana. Antes trabalhava na gráfica, tendo como patrão seu tio torto, mais que seu pai, João Bosco e a tia Lourdes.
Ele, na verdade, não se destaca como representante do povo, a não ser pelo alegria. Ou serão os pasteis saborosos que o projetam? Ele não presenteou pastel a ninguém, sempre vendeu em troca de votos, mas sua pequena indústria cresceu nos moldes de quem se aporta de uma região não muito pobre. José Raydan tem uma fábrica de roupas femininas, íntimas, maior que qualquer empreendimento itabirano. Aqui uma fábrica de fraldas faliu sob a gerência da primeira-dama que quer ser prefeita. Pode?
José Raydan tem pouco mais de quatro mil habitantes, situação que lhe permite uma vida muito tranquila, considerando que oferece cerca de 400 empregos para mulheres, algo de suma importância, pois a maioria delas, casadas, ajudam nas despesas dos lares.
DIDI DO CALDO DE CANA
Cidnei Camilo Rabelo é o nome próprio de cartório e pia batismal de Didi do Caldo de Cana. Vindo da distância de mais de 210 quilômetros, ele abocanhou o cargo de vereador em Itabira, pelo Partido Liberal (PL), arrancando 832 votos de prováveis muitos apreciadores de seus deliciosos pastéis. Eleito, mostrou a cara logo no primeiro ato. Uma lástima.
Eu não quero ensinar a ninguém a ser vereador, apesar de ter editado dois livros sobre o tema. Mas o perfil de todo parlamentar tem que ter o timbre de Independentes e Harmônicos, segundo todas as constituições municipais (lei orgânica), estaduais e federais. Ou, fora isso, seguir normas partidárias.
E aí, Cidnei Camilo tem negado o que mandam as leis, normas e outros costumes. Em primeiro lugar, a Constituição Federativa da República do Brasil. No meu tempo de vereador (1973 a 1982) e na época de outros vereadores, pelo que me consta, nunca houve um Poder Legislativo tão pusilânime quanto o atual e daí nunca existiu um vereador tão descaradamente “perna bamba” quando Didi do Caldo de Cana.
Ele já começou, no primeiro dia de mandato, traindo um acordo com seus companheiros. Exemplo de dureza no cumprimento de atos foi o ex-vereador Dr. Colombo Portocarrero de Alvarenga, que foi vereador em Itabira (1958-1962) e nunca mais quis saber de política, quando ocorreu uma traição como essa em que envolveu Didi na eleição da Mesa Diretora da Câmara Municipal de Itabira. Nem prefeito quis ser, embora amante da política, de tão decepcionado que foi fuzilado.
Para tristeza geral de quem ama o caráter e a dignidade e contra a pusilanimidade, de novo Didi “pulou a cerca” ao votar a favor, mudando de lado, a favor do amaldiçoado cartão-alimentação. O pior, cartão-alimentação em projeto de legislação em causa própria. Um absurdo sem pé nem cabeça, enquanto o povo nem sempre ganha vale-alimentação de merrecas, um homem público, que goza de altos salários, tem uma super ajuda, além de gigantescas diárias (e eles viajam como astronautas da Nasa).
“DIDI MOCÓ —MUSSUM — DEDÉ — ZACARIAS”
Didi Mocó-Mussum-Dedé-Zacarias, você faz o melhor caldo de cana e pastel de Itabira; você é um vendedor simpático exageradamente, repito; você tem argumentos para discutir porque se elegeu vereador; você tem o segundo grau completo, e estamos dentro de um covil de analfabetos. Então, tente fazer o seguinte: seja um brilhante parlamentar e nada custa, respeitado. Olhe, Vereador Cidney, seus colegas e os puxa-sacos do poder estão rindo de você. Eles já dizem isto: se precisar de um voto, é fácil comprar o “folha de bananeira do pasteleiro”.
Ao votar, sendo você de um único partido, consulte seus pares de confiança, vá aos comandantes de seu partido, messa o que é bom para Itabira e o que não é. Não seja um vereador radicalmente contra o prefeito nem a favor por motivos particulares. Assuma a sua personalidade nata e hereditária trazida lá dos matos firmes de José Raydan. Mas não seja apagado, da prateleira de baixo. Estaremos sempre juntos. Não faça mais “barracos” no Poder do Povo. E, sinceramente, me perdoe por ser sincero. O motivo é um só: gosto de você.
Quero continuar chamando-o pelo apelido que lhe coloquei em 1993 quando fundei a revista hoje DeFato. Quero abrir minhas portas nas redes sociais a seu favor, senhor Cidnei Camilo. Quero ver seu sorriso manso, comer seus pastéis deliciosos e ingeerir seu caldo de cana saboroso.
Contudo, “Didi Mocó — Mussum — Dedé — Zacarias”, não quero ver você, ou Vossa Excelência, como passou a ser chamado pulando de cerca como um canguru ou sendo o que antigamente chamávamos de “fiel da balança”. Você não pode ser um Vereador Trapalhão.
José Sana
Em 24/07/2025
Fotos: Heitor Bragança