* Terezinha Fajardo Incerti
Quando o Museu de Itabira, antigo Museu do Ferro, mudou-se para o endereço atual, tivemos (Itabira e Centro-Leste em Revista, edição 12, página 48) a felicidade de colher da inesquecível e, na verdade, responsável pelo espaço, Terezinha Fajardo Incerti, uma página valiosa e histórica, que a seguir é transcrita sob o título acima descrito.
“O Museu de Itabira reabre suas portas depois de se instalar em três locais diferentes, durante seus 22 anos de existência.
O casarão, situado na Praça do Centenário, número 116 — hoje é a sede definitiva do Museu.
Prédio imponente, construído nas primeiras décadas do século XIX para ser residência, em 1833 passa a abrigar a Câmara Municipal da “Vila de Itabira do Mato Dentro”. No fim do mesmo século e início deste, foi ampliado, ganhando o andar superior. É, sem dúvida, historicamente, o mais representativo espaço que o Museu poderia ter. Sua representatividade não lhe é conferida apenas pela bonita edificação, mas, sobretudo, pelas funções que lhe foram atribuídas: residência (segundo informações) do Major Paulo José de Souza, primeiro presidente da Câmara Municipal (o mesmo que prefeito), Câmara, Cadeia, Fórum, Prefeitura e, novamente, Câmara.
O Museu de Itabira muito se beneficiará com esta aquisição e, com certeza, toda a comunidade itabirana.
A nova sede nos oportunizará desenvolver, em melhores condições, atividades que já integram nosso cronograma de trabalho como atendimento a visitantes; orientação à pesquisa escolar sobre temáticas aqui pesquisadas, como mineração, cultura popular, história de Itabira, Drummond etc. — através da Hemeroteca que, desde 1988 assumimos o compromisso de organizar; passeio cultural no centro histórico desenvolvido pelo projeto ‘A Cidade é Nossa’; oficinas de Resgate da Cultura Popular, História de Itabira, Memória, Arquivo e Itabira na Obra de Drummond.
Tão logo tenhamos nossa equipe de trabalho montada, outras atividades serão somadas às desenvolvidas até agora. Projetos há, mas precisamos de uma equipe qualificada, pois envolverão profissionais especializados: implantação do Arquivo Público Municipal, preservação da memória fotográfica, publicação de periódicos que comuniquem ao público interessado o resultado de pesquisas desenvolvidas, e outros.
Estamos conscientes de que vamos trilhar o caminho certo na busca da preservação da identidade cultural de nossa gente. Nesse contexto, o apoio de muitos tem sido de especial importância. Tudo o que fizemos até agora foi ouvindo as expectativas do usuário do Museu.
Eu, pessoalmente, desenvolvo meu trabalho ouvindo sugestões, “causos”, entrevistando, filmando, e fotografando pessoas, recebendo doações de peças, fotos e documentos para o acervo. Através desses contatos pude enriquecer-me profissionalmente e, junto comigo, a instituição passou a ser respeitada e procurada como centro de referência da nossa história.
Muito agradeço a todos pelo apoio. Residindo em Itabira há pouco menos de oito anos, sinto-me gratificada em poder colaborar com o seu desenvolvimento, fazendo ela minha terra pelo amor que lhe dedico.
Obrigada, Itabira. Vamos juntos implantar nosso Museu?
* Terezinha Fajardo Incerti, professora de História com pós-graduação em Museologia, dretora da Faculdade de Ciências Humanas de Itabira (Fachi) e do Museu de Itabira a partir de 1988 e que, depois de cumprir sua missão, despediu-se do mundo
NS
Fotos: Arquivo NS
Homenagem dupla ao Museu de Itabira e a grande Terezinha Incerti que fez história deixando saudade
Muito grato pela participação…