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 Diz oficialmente a voz da prefeitura que “o evento é realizado desde 1974 e se consagrou como uma das maiores festas da região. Esta edição acontece entre os dias 4 e 21 de julho”.

Só se esqueceu de acrescentar o nome de quem não apenas liderou o primeiro evento, nem quantas vezes a repetição ocorreu. Também não mencionou os valores exorbitantes gastos este ano pelo seguinte motivo: estamos em ano eleitoral e dinheiro não é capim.

O jornal local – Diário de Itabira – alertou aos que montaram o programa do evento, estampando o nome da criadora do festival (será que idealizar um festival de inquerno cinquentenário não é algo importante?). Para os donos do poder há um esquecimento tendencioso e doentio: “democracia é só para nós!”

 

PALAVRA DO PREFEITO

 

Transcrevemos o release enviado pela Assessoria de Comunicação da prefeitura na íntegra:

 

“Chegar aos 50 anos é uma dádiva e uma demonstração de força. Ano após ano, o Festival de Inverno de Itabira se consolidou como um dos eventos mais importantes do estado e o que preparamos para esta data tão bonita é realmente uma celebração de toda essa trajetória. Estamos entregando uma programação vasta, plural e muito forte aos itabiranos e a todos os turistas que estarão na nossa cidade. Porque, além de cultura, também estamos falando de economia criativa e circulação de dinheiro”, comenta o prefeito de Itabira, Marco Antônio Lage.

 

Notinha da Redação: Será que a causa dos  festivais de inverno itabirano foi geração espontânea tal como denominaria o naturalista inglês Charles Darwin (1809-1882) ao se referir ao mundo?”

 

TEMA DO FESTIVAL (IN)Confidências Itabiranas

 

Um tema muito interessante a prefeitura escolheu para direcionar o  50º aniversário do notável acontecimento. Um dos poemas mais tradicionais do grande poeta –  “Confidência do Itabirano” – foi, realmente, inspirador do evento.

 

“Alguns anos vivi em Itabira.

Principalmente nasci em Itabira” – importante sua afirmação.

 

“De Itabira trouxe prendas diversas que ora te ofereço:

esta pedra de ferro, futuro aço do Brasil;

este São Benedito do velho santeiro Alfredo Duval;

este couro de anta, estendido no sofá da sala de visitas;

este orgulho, esta cabeça baixa…” 

 

Notinha da Redação: a simplicidade do poeta em guardar as lembranças fieis de sua terra natal deixa claro, na simplicidade, o seu amor pelo que há de mais sentimento em sua origem.

 

“Itabira é apenas uma fotografia na parede.

Mas como dói!” (Sentimento do mundo/1940)

Myriam Brandão: Foto DeFato

Notinha da Redação: Um desafio que deveria perdurar até o fim do festival, prorrogando-se até as eleições e para sempre em Itabira porque o tema se eterniza na fonte de atividades geradoras de emprego e renda. Sem diversificação econômica nada anda, não há vida sem dinheiro. Como questiona o matuto da roça, ‘dos R$ 4 bilhões gastos em quatro anos, não sobrou um níquel para implantar uma fábrica de rapadura?’.

 

Comemorar, celebrar, viver, sorrir — eis aí o que devemos, fazer. A fortuna queimada  em quatro anos com festas e praças deixa o itabirano mais dependente. Até um cego vê.

 

 

HOMENAGEM –  A LÚCIO VAZ SAMPAIO

 

Para não dizer que não falei de flores, vamos copiar o texto dedicado ao homenageado do Festival de Inverno deste ano. O texto está publicado no site  https://flitabira.com.br/a-lucio-vaz-sampaio/

 

  • Post publicado:14 de novembro de 2023

Categoria do post:Notícias

 

“Lúcio Vaz Sampaio, criador e o primeiro editor do jornal “O Cometa Itabirano”, faleceu no 11/11/2023, na semana seguinte à realização do III Flitabira, do qual participou como atração da programação regional. Lúcio foi uma figura emblemática em Itabira, desempenhando papel fundamental como líder estudantil na década de 1970 durante os anos de resistência à ditadura militar.

 

Presidiu o Diretório Acadêmico da Faculdade de Filosofia e Ciências Humanas da UFMG, participando ativamente das manifestações pela redemocratização do país. Aos 69 anos, Lúcio foi vítima de um infarto, deixando um legado marcado por contribuições como psicólogo, jornalista e escritor.

 

Uma das conquistas notáveis de Lúcio foi trazer o renomado poeta Carlos Drummond de Andrade de volta a Itabira, através das páginas do jornal. O diálogo entre os dois, expresso em cartas publicadas, evidencia a relevância do Cometa Itabirano na vida cultural da cidade.

 

Em homenagem a Lúcio Vaz Sampaio, o Festival Literário Internacional de Itabira expressa suas condolências à família e amigos.

 

OS ESQUECIDOS

 

Em 2 de agosto de 2009, em companhia de minha recém-nomeada editora da revista DeFato, Kelly Eleto, tocamos a campainha de um apartamento da Rua Guarda-Mor Custódio, em Itabira, onde residia a referência cultural itabirana. O motivo seria uma entrevista que se tornou histórica.

O nome da referência cultural itabirana não é preciso dizer senão que:

 

— idealizou a Fundação Cultural Carlos Drummond de Andrade em 1973;

— sendo Itabira uma das 35 cidades históricas (e das pouquíssima   que assumiu a incumbência dada pela UFMG,) promoveu, organizou e dirigiu o primeiro Festival de Inverno, em 1974, há 50 exatos anos, portanto;

— tendo sido chamada sequentemente para executar a tarefa que mais amou, fez funcionar ano a ano, sem interrupção, o evento por 14 anos.

 

Vamos parar por aqui, porque o tema é somente Festival de Inverno, todos apartidários, sem chamar a atenção para outros motivos.

 

Ah… esqueci-me de denominar a ilustre figura, apenas para os forasteiros, Outros conheceram Myriam de Souza Brandão, ex-professora de Língua Portuguesa, assim denominada pelo ex-prefeito Olímpio Pires Guerra: “Uma professora e tanto, uma assessora e tanto e um ser humano e tanto”.

 

À frente da confiança dispensada a Myriam Brandão, o prefeito, responsável pela criação dos primeiros festivais de inverno de Itabira, chamava-se Virgílio José Gazire. Gazire não se vestiu de camponês, não lisou o burro, nem a besta, para posar de chapéu para aparecer às custas do poder público.

E quanto a Myriam, tem mais: ela própria lembrou naqueles 40 anos do festival inicial, durante a nossa entrevista nomes que jamais podem ser esquecidos da lista cultural itabirana: Newton Baiandeira (cantor e compositor), Rosemary Penido de Alvarenga (pintura e literatura), Júlio, Pelucci e a mulher desse.

Foto: Maria Moreira

FINALMENTE

 

Em nossa despedida, depois de distribuir elogios à equipe da revista DeFato e do site DeFatoonline, fez-me a seguinte pergunta: “Onde você encontrou essa menina bonita para lhe acompanhar?” — apontou para a nova editora, Kelly Eleto

 

José Sana

Em 04/07/2024

 

P.S.   1. O festival é forasteiro como quase todo o pessoal vindo de fora e inventando na prefeitura.

 

  1. Sucesso para o Festival de Inverno Ostensivo e Forasteiro Esquecedor de Itabira.
NS
José Sana, jornalista, historiador, graduado em Letras, nasceu em São Sebastião do Rio Preto, reside em Itabira desde 1966.

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