Estamos no terceiro ano do governo Marco Antônio Lage. Até o último desta jornada a Prefeitura de Itabira terá arrecadado cerca de R$ 4 bilhões, quantia exorbitante, a maior de toda a história da cidade. São muitas as promessas feitas, mas pouquíssimos os feitos.
Um detalhe interessante: não cabem justificativas de sucateamento da máquina, nem surpresas em questões complicadas a resolver, porque a campanha eleitoral mostrou Itabira em todos os quadrantes problemáticos. Sabem qual foi o fato que não se vê mencionado? Que a rica cidade pode virar o que disse certo presidente da Vale: “Uma aldeia qualquer” .
O QUE DIZEM ALGUNS ENTENDIDOS
Fiz um pequeno apanhado de informações sobre o jornal que começou a circular na sexta-feira (7). Liguei para um jornalista e ele disse: “O melhor do jornal é o papel couchê”.
Toquei para o segundo e sua resposta foi nova pergunta que não respondi: Em quanto ficou?”.
O terceiro afirmou: “Esse jornal ainda não chegou aqui no bairro”.
Outra jornalista disse o seguinte: “Vou fazer um melhor levantamento, mas esse jornal tem muito mais obras de governos passados”.
O quinto também não se pronunciou porque não tinha recebido um exemplar.
O último disse somente isto: “Sequência da campanha eleitoral do prefeito iniciada em março”.
JORNAL INSTITUCIONAL X ITABIRA EM OBRAS
Nenhum dos dois. Normalmente, uma publicação institucional se dirige a um público interno e se expande, no máximo, aos familiares desse público. O “expediente” informa que foram impressos 30 mil exemplares. A Prefeitura tem um pouco menos de quatro mil funcionários.
OMISSÕES OU AUSÊNCIAS OU ESQUECIMENTOS?
Uma lista enorme de compromissos não faz parte da pauta do jornal. É de assustar-se, mas com certeza, a pauta é do Gabinete do Prefeito, ou de algum marqueteiro. Vamos por item:
— ÁGUA -— Na página 8, uma referência sem mérito, apenas dez linhas lembram-se da água. Na campanha eleitoral, o candidato vitorioso já sabia que Itabira está sem água e que assim uma cidade não se desenvolve. A publicação não se aventura em informar quando a população itabirana deixará de ingerir barro e parar de ventar na contas do Saae. O governo “sábio” de Marco Lage sequer previu crises hídricas que ocorrerão nos próximos três anos. O abastecimento pelo Rio Tanque ainda vai demorar.
— UNIFEI — Sem esperança, totalmente. Houve um bafafá irritante quando o prefeito declarou, de alto e bom tom, que não investiria na Unifei. Explicou detalhadamente “nunca vi na vida dum município injetar dinheiro no governo federal”. O prefeito está apertado. Matar um super empreendimento de mais de 15 anos não será barra para eleger prefeito algum. Será que teremos o “repeteco” do Instituto Federal de Agropecuária criado e extinto fim do século XIX ?
— SAÚDE — Tanto o jornal quanto as falas do prefeito retratam que Itabira vai bem. Talvez algum item seja verdadeiro agora com a chegada de novos médicos e algumas obras. Até então, em dois anos e meio, o município ia mal, muitas reclamações, falta de atendimentos. Remédios, não, nem tocaram esse nome, não há. E também não se lembram da Dengue, cujo mosquito provocador está fazendo festas, quanto morrem pacientes
— EDUCAÇÃO — A mesma situação da Saúde, apesar do júbilo transmitido no jornal marqueteiro. Revitalizações, recuperações, reformas, substituições e relativa citação a construção, criação, apoio a idosos, crianças, deficientes.
— ASSISTÊNCIA SOCIAL — Marco Antônio é imbatível em criação de sonhos para o mundo ser socialista, enquanto ele jamais deixa o capitalismo: “Itabira Solidária”, “Moeda Social” “Centro Dia”, “Cartão Facilita”, Tarifa para o Transporte a R$ 3,00. Desconfio que o prefeito está caminhando para rumos complicados. De novo vamos aguardar.
— CULTURA — Festas em exagero, farras em quase todas as semanas, festanças com repetições, nada disso foi citado no jornal. Cobrei do prefeito essas questões. Ele disse que todas foram feitas com recursos da Lei Rouanet. Mas não creio. Outras citadas deram show e nelas acredito: Flitabira (Festival Internacional Literário de Itabira), Festival de Cultura Tropeira e Festival de Inverno.
TRANSPORTE PÚBLICO — Preços reduzidos de passagens de ônibus, injeção de R$ 41 milhões numa empresa que ele próprio denominou “porcaria”. Ninguém acredita. A tarifa de ônibus vem caindo de preço, chegará à Tarifa Zero, já prometida para janeiro de 2024. Todo mundo irá viajar de ônibus na cidade e zona rural. Outro tema que vale ouro.
— ITAURB — Não citou a Itaurb, embora tenha sido essa empresa urbana muito debatida na Câmara Municipal e nos discursos do prefeito. Acho que até o Sebrae gostaria de saber como se reconstrói um empreendimento aumentando seus encargos e criando mais despesas. Um milagre. A curiosidade é geral: quanto mais gente, menos despesas e quanto mais compras mais autossustentável.
DESENVOLVIMENTO ECONÔMICO — Mencionadas algumas iniciativas, mas pequenas demais para a crença do povo. Insuficientes para garantir o futuro de uma cidade de 115 mil habitantes. Itabira recheada de placas “Rota de Fuga” quem vai querer instalar seu empreendimento aqui? Fiz essa pergunta a uma pessoa influente no governo e ele respondeu: “As placas serão retiradas quando terminar a secagem das barragens”. Aí cabe uma réplica: “As barragens secas representam o adeus definitivo da Vale”. Sem tréplica.
— PRESÍDIO — Não citado, não há interesse da Prefeitura de Itabira, os condenados e suas famílias podem continuar pensando que nunca terão redução de penas antes de 2024. Quem sabe depois?
— LGBTQIAPN+ — Nada a informar. Não consta do jornal. Nem foi falado na campanha eleitoral. Houve celebrações e outras citações quando ocorreu a posse de Marco Antônio Lage. Ele citou que tinha compromisso a cumprir com o pessoal.
— “ESTRADINHA” IPOEMA-CARMO — Super badalada obra não foi citada no jornal, fato implicante. Deve estar passando pelo crivo do meio ambiente. Quase tudo em Itabira corre atrás, tem o emblema de lentidão.
— TAPA-BURACOS —Termo muito citado em uma página do pretenso “house organ”. Há dois anos e meio (ou mais) os itabiranos estão com seus carros sendo desalinhados. Existe uma falha ainda não cuidada, os passeios. Dizem os visitantes que Itabira não cumpre a Constituição que nos garante o direito de ir e vir. Buracos na pista de carros e crateras nos passeios públicos.
— DROGAS — Em Itabira é “nariz livre”, “boca livre” e “músculo livre para entrada de drogas. Nem o conselho, que já existe, tem componentes indicados pelo prefeito. O assunto é tratado com displicência, infelizmente. Não se refere a ele como existisse o imposto de drogas.
— FUTURO — Mesmo citado na primeira página do jornal, este substantivo abstrato não cabe no vocabulário do prefeito. Diria o que o sábio já diz: “O futuro a Deus pertence”. Uma ocorrência será fatal: que a única fonte de receita itabirana será extinta: os impostos da mineração.
A Vale já anunciou que vai embora e até fixou datas de sua gradativa despedida: o roteiro determina esvaziamento dos cofres itabiranos a partir de 2031 até 2041. Morte lenta. Itabira só tem hoje, garantida pela Vale S.A. que não morreremos por eutanásia. Repito: morte lenta, paulatina, gradativa, para sofrer menos.
A empresa já criou a sua comissão “Fechamento de Mina”. A mineradora é responsável por, vamos afirmar por baixo, 80% de dinheiro que circula em Itabira. A folha de pagamento da empresa representa o máximo que, perante a lei, pode a Prefeitura empenhar.
A saída da Vale deve, então, reduzir a receita municipal para em torno de R$ 200 milhões anualmente. O que vai ocorrer? O que a administração (não a atual, é claro) no futuro fará para cobrir o seus gastos? E os aposentados que dependem da ItabiraPrev para complementação de seus vencimentos, como ficarão?
Com certeza eu não estarei aqui. Mas vou dedurar os políticos que se fazem de burros e ignorantes para viver.
José Sana
Em 10/07/2023
Fotos: Arquivo
NOTA AO PÉ DA PÁGINA
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