Heraldo Noronha Rodrigues é o nome dele. Itabirano, malhado pelo irmão, é um vencedor. Conquistou a minha humilde simpatia pelas suas tiradas cada vez mais interessantes. Dessas uma das melhores que ouvi foi “senhor vereador, aguarde a sua vez”.
Antes de falar mal ou bem dele, devo esclarecer que essa vontade de mexer com Heraldo vem dos idos de 1960. E é um super herói, por não dar ouvidos aos sons vindos do próprio da cozinha do próprio lar. Toda discussão de irmão com irmão deve ser anulada porque em briga familiar nem o juiz de paz pode dar palpite.
Existiu um vereador em Itabira que se chamava exatamente Heraldo. Os sobrenomes eram diferentes, é claro. O Heraldo do tempo da brilhantina carregou o nome próprio, de cartório e pia batismal: Heraldo dos Santos Andrade. Era do PSD de Juscelino, mas apoiava o PTB de João Goulart.
Então, fiquei conhecendo, pessoalmente, Heraldo Andrade. Ele estava em visita à Câmara e eu pertencia ao Legislativo. A então diretora Lúcia de Cássia, figura ímpar na história do Legislativo Itabirano, deu-me uma informação básica de Heraldo: “Foi ele quem apresentou ao então prefeito do período 1963 a 1966, Wilson do Carmo Soares, o profissional Radamés Teixeira, conhecido como “Construtor de Cidades”.
Engenheiro urbanista de vocação, era, também, de visão e de diploma. Desenhou vários bairros de Itabira, tentando consertar os estragos da mineração e fugindo dos destroços que essa atividade que agride a natureza impiedosamente.
Mantive raros contatos com ele. Mas criei dentro de mim um tipo de obsessão pelo nome, talvez por ser algo diferente. O Heraldo atual, seguindo as rotas de quem sabe do próprio destino, vai rompendo barreiras e tocando a carruagem No leme tem uma faixa escrita, ou imaginada, assim: “Se não ventar, reme”.
Heraldo Noronha dirige a única Câmara de Vereadores do Brasil que é malhada pelo Poder Executivo. É novidade, não há igual. A palavra Parlamentar aquire outra etimologia notável, ou faz, como Drummond escreveu em sua obra interessante, “O Avesso das Coisas”. Ou seria o mesmo que a vida ao pé da letra.
Não tenho prêmio algum nesta coluna para destacar gente boa ou má. Gostaria de contar com esse poder de adular, por exemplo, um personagem de destaque positivo e de sapecar outro negativo. Eustáquio Félix ainda promove os seus bailes de destaque — troféus Drummond, Cecília Meireles e Jovem de Destaque — e sentimos falta daquela movimentada escolha do “Mala do Ano”, algo de bom humor que o saudoso Armando Bello agitava a cidade.
Voltando ao Heraldo, ele tem se destacado, com a sua notória habilidade, um show à parte. Certa vez, vi-o tentar aproximar-se dos mandantes do Paço Municipal, Mas os donos do poder, como no filme “Eu sou a lei”, só queriam levar vantagem. Desistiu.
Heraldo venceu um monte de disputas, armadas contra ele e, de sobra, contra a oposição. Em Itabira muito se diz que o vereador nada manda. A atual embarcação também acredita. Deveria apontar, do farol, que vem direto dos andares do prédio desarrumado da Avenida Carlos de Paula Andrade, apoio a quem luta contra o vento. Falta habilidade.
Orçamento Impositivo, Plano de Cargos e Salários do Funcionalismo e mais uma ruma de ações procuram atingir Luciene Félix, Neidson de Freitas, Luciano Sobrinho, Sidney do Salão, Weverton Andrade, Tãozinho Leite, Rodrigo Diguerê (não cito outros mais porque não conheço a lista débito e crédito). Seja qual for a decisão, Noronha chega na frente e não permite que algum de seus pares vá para o “paredão”.
Este é o presidente que destaco por ser também o clone físico do “deputado do programa do SBT, “A praça é nossa”, e exatamente o contrário dele em sua arrancada em favor do povo. As vitórias que vêm obtendo fazem os prováveis futuros pretendentes a prefeito o rodearam.
Se eu fosse hoje um candidato a qualquer coisa, de porteiro de motel a presidente da República, meu primeiro cabo eleitoral teria, sim, este nome: Heraldo Noronha Rodrigues. Ele não seria cabo, mas general eleitoral.
José Sana
Em 9 de abril de 2024
Ele não seria cabo, mas vassoura eleitoral a varrer os votos para os candidatos de oposição de muitos pretendentes.
Ótima ideia.