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Na Roma Antiga os imperadores criaram um modelo de diversão e doação de alimentos para embromar o povo; em Itabira a história se repete: a plebe itabirana aplaude os amantes do “coliseu do imperador” 

 

O CASO VALERIODOCE

Ano passado o Valeriodoce Esporte Clube (VEC) foi usado por meio da inocência pura de João Mário de Brito, para representar Itabira no Módulo II do Campeonato Mineiro de Futebol. Valeu pão e circo para os interesseiros, chupa-cabras e puxa-sacos.

 

Abro um parágrafo para dizer que fui lá no Israel Pinheiro, adquiri a camisa vermelha e branca, depois grená, do clube octogenário, e torci como um itabirano no campo e no Youtube.

 

Raspou, graças a Deus, o VEC não subiu para o bem da verdade e da prosperidade da terra de Drummond.  Então, declaro agora  contrário radicalmente  à possível subida para a disputa de um campeonato falido, de cartas marcadas — Só América, Atlético ou Cruzeiro (em ordem alfabética) — vencem o desinteressante  torneio rural. Fecho o parágrafo.

OPINIÃO  ABALIZADA

Precisava de opinião imparcial sobre essa aventura valeriana. Procurei e encontrei — não vou revelar o nome do cidadão entendido do assunto, nem sequer onde ele mora. O motivo todos sabem: perseguição à flor da pele e do osso.

O que interessa para esclarecimento geral foi feito, depois de uma pesquisa por telefone que concluiu, depois, de 100 consultas que deram 50% a 50¨%. Consultei, longe de nossas influências, o senhor C.M.S.A. que foi atleta de futebol e hoje ocupa lugar de respeito para analisar e opinar. Refiro-me a alguém também comentarista de futebol  profissional. Fiz-lhe a seguinte pergunta:

— Senhor C.M.S.A., como o senhor vê o Valeriodoce na disputa do Campeonato Mineiro de Futebol, por enquanto no Módulo 2 e pode entrar na elite em Minas Gerais?

Suas respostas:

— “Vejo sem entusiasmo. Trata-se de uma maldição e que mais uma fez ajuda a triturar o dinheiro público. É uma ilusão até certo ponto inacreditável, fora do alcance de pessoas sem o mínimo conhecimento de gestão econômica de uma cidade à beira do caos.”

— “Inexplicável futebol de um campeonato de dois meses que nada acrescenta a uma cidade como Itabira.”

— “Não existe continuidade no que mostra o torneio, ou seja, tudo começa e para logo. Nas disputas por todas as partes a participação dos clubes é sequente.”

— “O projeto inventado para o Valeriodoce e outras vítimas  não tem categoria de base, que seria o essencial. Onde começa a vida do atleta? É no mesmo lugar onde termina.”

— “Não há formação de atletas, o futuro craque não tem o que aspirar, é uma ave sem destino. Sequer impõe um passo incipiente. Começa no meio e termina no meio a sua carreira esportiva.”

— “Como se sabe, os atletas são mal pagos, recebem merrecas de ajudazinhas que nem motivam o jogador, não produzem comprometimento, amor à camisa, fatores necessários em disputas esportivas”.

— “As inovações do futebol não chegam ao interior, nem chegarão. Ocorrem mudanças somente onde existe um futebol organizado e bem equipado, distante de Itabira, mesmo assim com dificuldades visíveis. Clube pequeno já se imagina pequeno e problemático.”

— “A participação do Valério é um engodo: o time  não tem atleta de Itabira, nem da região, se tiver será casualmente, vindo do futebol amador e o time fica mesmo como amador.”

— “Imediatismo claro e detestável: se houver algum sucesso — caso o Valério suba para a elite de Minas Gerais — primeiro, não tem ambiente nem motivo para comemorar porque o resultado é imediatista.”

— “Imaginemos o Valério na Elite, o que acontecerá todos já sabem: o campeão será América, Atlético ou Cruzeiro, a falta de graça começa com o torneio, com resultados antecipados.”

— “Haverá ainda mais um super imediatismo: teremos, no máximo  três dias de júbilo com a vinda apenas dos três grandes times a Itabira, mesmo assim pode ser que mandem equipes secundárias.”

O “baixinho”  chegou a Itabira e diz que vai ficar. Faz campanha para deputado

 

Salvo melhor juízo estou com a opinião de C.M.S.A.

 

José Sana

15/05/2042

Fotos: NS

P.S.: 1.Quanto a mim, esqueçam de que estou decadente. Não sou mais repórter, só escrevo porque amo Itabira e estou a tentar salvá-la de abutres famintos que a devoram por todas as suas fraquezas, resultado de riquezas sugadas.

  1. Coincidentemente, a conhecida Rádio ZAP tocou no assunto hoje, fazendo uma metáfora semelhante. Entendo como sinal de alerta: Itabira está de deixando de ser plebe.
NS
José Sana, jornalista, historiador, graduado em Letras, nasceu em São Sebastião do Rio Preto, reside em Itabira desde 1966.

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